As coisas não deviam ser assim

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- O quê?! -arregalei os olhos, minha boca tremeu. Ele não podia estar falando sério.

- Isso mesmo que você ouviu. -falou sorrindo. -Inclusive, eu acho que...

- Não! -exclamei dando um passo para trás. -Não pode estar falando sério!

Ele me olhou e sua expressão não foi a melhor, parecia contrariado por eu ter me afastado. Inclinei o pescoço para cima para poder olha-lo melhor.

- Você não está em condições de negar alguma coisa, Saphira. -disse ele irônico.

- Eu tenho todo o direito de negar. -cruzei os braços.

- Escuta: -ele suspirou e seus olhos ficaram escuros de novo. -EU mando em você agora, vai fazer o que EU quiser agora. Querendo ou não. Pense, amor, pode ser do jeito fácil ou do jeito difícil, mas vai ser!

Arregalei os olhos, abri a boca uma ou duas vezes para responder, mas minha única vontade era de socar a cara dele. Ele está estragando tudo. Nunca seria do jeito dele! Eu movi meus pés um pouco mais para trás, e finalmente tive coragem de fazer o que eu quis fazer desde o início daquela conversa estranha: correr.

Corri em direção à minha casa, em linha reta eu chegaria lá em 10 minutos, mas teria que passar pela floresta se fosse por esse caminho. Senti a brisa em meu rosto e o cheiro amadeirado entrar em meu nariz, o orvalho e os pássaros que via por onde passava me faziam ficar mais calma, mas não havia nada que fizesse aquela sensação de agonia passar.

Por quê fez isso, sua louca?! Cala a boca! Fosse por você ainda estaria lá com ele. 

Eu não estava a fim de discutir com ninguém agora, muito menos com minha loba interior que eu sabia que estava contra mim absurdamente. Apenas corri sentindo minhas pernas doerem um pouco e meus dedos do pé se encherem da umidade do solo molhado. Passei por alguns pescadores que levavam suas redes vindos do rio que havia perto, uns dez metros dali, eles pareciam me conhecer e acenaram, mas eu não conseguia distinguir seus rostos pois começou a garoar e algumas gotas de água caíram em meus olhos, correram pelo meu rosto como lágrimas deixando minha visão um pouco embaçada. Passei as mãos em meus olhos e pisquei duas vezes, já via minha casa bem à frente. Corri mais um pouco e entrei em casa, deixei a porta aberta e subi para o meu quarto sem me importar com os empregados ou com as manchas de lama que eu estava deixando por onde passava. Entrei no quarto e bati a porta trancando-a. Tirei minha rasteirinha e me joguei na cama sem me importar se eu estava molhada ou não. Enterrei meu rosto no travesseiro.

Tudo seria diferente se você simplesmente aceitasse! Pra você é fácil falar! Não vai ter que abrir mão de nada mesmo. Eu vou sentir falta dos nossos pais e de Aaron também, mas não será como morrer, Saphi! Ainda iremos vê-los, apenas demorará um pouco mais. Você não entende, em outras circunstâncias eu confesso que amaria ir com ele, mas... você viu o que ele fez. Eu não sei. Não posso deixar tudo e ir agora se eu não o conheço direito, ele é só um cara lindo que eu conheci ontem, não posso fazer isso. Ah, pare com isso, eu estou em sua mente, esqueceu?! Eu sei que você quer ir! Mas tem medo, é isso. Você não sabe de nada. Tudo bem, mas eu estou certa e nós duas sabemos disso, James não é só um cara absurdamente lindo que conhecemos ontem, ele é nosso companheiro e você sabe que não podemos viver sem ele!
Eu sabia que ela tinha razão, mas eu não poderia ir sem conhece-lo melhor, ontem tinha certeza de que poderia confiar nele, agora... não sei mais. Você poderia conhece-lo se fosse com ele! Ah, cala a boca!

Me assustei ao ouvir batidas no vidro da porta da varanda, o que diabos era isso?! Levantei a cabeça do travesseiro e olhei para as cortinas que escondiam a porta, levantei devagar para o caso de ser alguma espécie de invasor e fosse atacar. Eu estava descalça, o que facilitou meu silêncio ao caminhar sob o chão de madeira. Me aproximei das cortinas trêmulas, eu também tremia quando as puxei rapidamente para ver o que era.

Minha [Em Atualização]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora