Capítulo 23

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Encarei-o e lá estava ele, de terno e gravata, me olhando de cima abaixo. Desviei o olhar mas olhei novamente e ele estava caminhando na minha direção e então comecei a andar para o lado oposto.

O que ele quer me seguindo? Me dizer desaforos para me magoar mais? E esses poemas? Teriam vindo deles?

Estava quase chegando na área onde ficava as salas do colégio que estavam vazias e desertas, quando sinto meu braço ser puxado, me fazendo chocar contra seu corpo, não tendo alternativa em me afastar por estar de salto e sua mão estar firmemente abraçada em minha cintura.

- Megan, me escuta, por favor. - Sua voz estava um pouco rouca, me causando uma sensação que me deixou sem movimentos nas pernas.

- Justin, me solta. - Pedi com calma.

- Você vai me ouvir?

- Não temos nada pra conversar e tudo que eu tinha que ouvir vindo de você, eu já ouvi. Agora por favor, me solta.

- Não.

- Justin eu vou gritar.

- Eu sei que não vai. - Atrevido.

- Não tenta me subestimar. - Disse olhando em seus olhos, ainda agarrada em seu corpo.

- Megan, eu deixo você ir, mas primeiro ouça o que eu tenho pra dizer.

Uma parte de mim diz para não ouvir mais uma palavra do que ele disser e sair logo daqui, mas a outra parte é mais forte, me fazendo ficar e ouvir o que ele tem pra dizer.

- Tudo bem, fale. - Ele ainda não me soltou. - Mas me solta, por favor. - Ele tava meio que disperso, seus olhos estavam fundos e tristes com olheiras.

- Tudo bem. - Ele me soltou e parecia meio nervoso para falar. - Megan eu...

- Te dou 5 minutos, Bieber.

- Eu fiz coisas na vida que me arrependo de tê-las feito. Me sinto como um babaca imaturo por ter feito variedades só para que as pessoas me achassem o fodão legal para me darem moral, mas isso tudo mudava quando ficava sozinho e tinha meus ataques de depressão.
Eu ficava vulnerável, me sentia inferior, gritava até minhas cordas vocais doerem e cheguei a pensar em me cortar, mas aí eu percebi a tempo que isso não mudaria a minha dor, e suicídio para mim é algo que já se foi possível, mas a morte dos meus pais me fez refletir que a vida é uma dádiva na qual você é concebido para viver intensamente, pois ela pode ser tirada de você a qualquer momento, assim como aconteceu com eles.
E aí eu comecei a querer mudar o rumo que eu estava dando para minha vida, eu queria mudar e não sabia como, pois minha vida já tinha sido transformada para uma personalidade de um Justin em que as pessoas viam como um garoto que está pouco ligando para a vida, que só quer saber de festas, mulheres e mais nada. - Ele falava gesticulando e eu o ouvia e olhava sem reação, sem saber o que pensar.

-Mas aí você chegou e entrou em toda essa bagunça que chamo de vida. Não sei se você sabe, mas eu já havia te visto antes de você entrar no colégio. Você estava na mesma boate em que eu estava, nas férias, e aí você dançava de um jeito que fazia qualquer um parar para te olhar, inclusive eu. Só que eu não consegui ver seu rosto, mas gravei algo seu que eu sei que ninguém mais teria igual, a sua marca no pescoço, logo abaixo da orelha. - Ele disse e involuntariamente toquei em minha marca de nascença... a qual ele havia reparado. Ele percebeu e sorriu de lado. - E aí eu queria chegar em você, mas passei antes no bar e quando voltei não mais te encontrei. Mas a vida nos prega tantas peças que acabei tendo uma segunda chance de te conhecer e aqui estou eu, na frente da garota que fugiu da minha vista na boate.

Estava sem sensações para tudo isso, todas essas revelações. Mas eu sentia que isso era um desabafo para ele, falar de sua vida pessoal e interior, dos seus sentimentos. Apesar de tudo, de tudo que ele me fez, eu estava ouvindo-o, pois sei que isso é difícil para ele, entendo que ele queria saber expôr tudo o que sentia mas um maldito bloqueio depressivo o impede de fazê-lo. É claro que não vou agir como uma imatura e mandar ele se calar por não querer saber de sua vida. Continuei a escutá-lo.

Afraid To Love You - Justin Bieber FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora