treze.

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Capítulo treze.


        Ao lado de Astrid encontrava-se sentado o irmão. David correra até ela quando viu que algo se passava. Exigira explicações, mas a rapariga encontrava-se tão ocupada em estar atrapalhada e preocupada que, até ao momento, não dissera nada.

        - Porra Astrid, conta-me o que se passou ou não te levo ao hospital. – a ameaça de David fez com que ela ergue-se a cara para encarar o outro.

        - Eu não sei. Eu não sei. Eu não sei. – murmurou repetidamente abanando a cabeça – Eu não sei. Ele estava a explicar-me como se pintava e de um momento para o outro começou a tossir descontroladamente.

        O seu tom de voz transparecia uma grande preocupação e medo. Ela estava com medo do que pudesse vir a acontecer algo e que na realidade fosse ela a culpada. O esforço que Kai fez para ajudá-la talvez o tivesse levado ao limite e o rapaz não suportava mais. E talvez fosse por esse mesmo motivo que nas últimas horas ela ficou fechada no quarto sem falar com alguém.

        A de olhos verdes abanou a cabeça – A culpa é toda minha. – acabou por falar e entrelaçou, a tremer, os dedos sobre as pernas.

        - Não não não. – começa David – Astrid tu não tiveste culpa, ele tem problemas cardíacos, lembras-te? – a rapariga anuiu ainda que não concordasse com o outro – Mana, não. Tu não tens nada a ver com isto, entendes-te? – ela baixa o olhar – Entendes-te? – pergunta-lhe novamente elevando o rosto da irmã. Ela anuiu.

        Sem pronunciar mais nenhum vocábulo, David inicia o percurso para o Hospital onde Kai está ou estará em breve.

        Fui eu que o meti naquele hospital.

        Astrid fechou a porta do carro escuro e correu para a entrada da grande construção, já não muito nova, não esperando sequer pelo irmão. Sabia que o caus iria estar presente. Pessoas caminhavam e corriam aflitas de um lado para o outro; outras, em mau estado, esperavam a sua vez para serem atendidas e Astrid procurava saber alguma informação acerca do rapaz.

        Para sua infelicidade ainda não haviam tirado conclusões suficientes e, mesmo que o tivessem feito, não lhe diriam nada visto que não fazia parte da família.

        Os pais de Kai não demoraram muito para alcançarem as grandes portas de vidro e logo entrarem no edifício. Transportavam no rosto expressões aflitas e preocupadas e Astrid não conseguiu não se sentir culpada por tudo.

        - O meu filho? – a mulher, mãe de Kai, de cabelos curtos e claros, questionou a uma das enfermeiras que por ali passavam. – O meu filho, Kai Evans, veio para este hospital, como ele está? – falou nervosamente.

        O homem alto ao seu lado apertou-a contra o seu peito e pediu-lhe para que ela se mantivesse calma. A barba encontrava-se por fazer e por baixo dos olhos azuis pairavam umas grandes marcas escuras.

        Astrid tremia sob os braços do irmão que lhe pedia, igualmente, que se mantivesse calma. Ela teria que falar com os pais dele. Não. O que ela iria dizer. "Olá, vocês devem ser os pais de Kai, eu sou a Astrid fui eu quem meteu o vosso filho neste hostipal." Abanou a cabeça repetitivamente, escondendo o rosto molhado no peito do irmão. Sou uma merda. Sou uma merda. Sou uma merda.

        - Astrid tu tens de comer. – David continuou. Estava há cerca de dez minutos a pedir para que a irmã comesse umas bolachas que havia comprado. Ainda não sabiam quaisquer novidades acerca do caso de Kai. Nem eles nem, pelos vistos, os pais de Kai.

        Ela abanou a cabeça.

        - Se não comes és tu quem tens de ficar neste hospital.

        - Não! Eu não quero, eu não tenho fome. – elevou o tom de voz, fazendo com que o irmão se sobressaltasse ao seu lado - Não me obrigues David, por favor. – suplicou.

        David conseguia reparar que a irmã ainda se sentia culpada pelo sucedido. Ele fez de tudo para lhe mostrar que ela estava inocente, que não fora ela, mas como sempre a sua baixa autoestima puxou-a para baixo. De novo para o buraco. Uma vez mais. Iria ela voltar a ser uma rapariga confiante? Com um futuro brilhante pela frente? A verdade é que já esteve mais perto. Aliás, David pensava mesmo que era desta. Que após conhecer Kai, Astrid se pudesse amar a si própria.

        Estava enganado.

        Acordou dos seus desvaneios quando viu a irmã a levantar-se e a dirigir-se para perto de um médico que se encontrava ao pé dos pais de Kai, que se assustaram ao sentirem a presença de uma rapariga jovem ao seu lado. Ele seguiu-a.

        - Infelizmente, de algum modo, o corpo de Kai rejeitou o antibiótico que lhe demos. – A mãe de Kai choraminga.

        - Diga-me que o meu filho vai ficar bem. – desespera a mulher entre soluços - Por favor.

        - Ele vai ter de ser novamente operado. – David ergue o sobrolho. Outra vez? Olha para a irmã que lhe retribuiu um olhar molhado. Ela sabe mais do que eu.

        - Astrid? – ele chama-a sussurrando. Ela ignora-o – Astrid? Por favor. – David suplica agitando-lhe os finos ombros. Ela olha para ele abraçando-o no momento seguinte. – Shiuuu calma meu amor, calma. – afagou-lhe as costas – Tens que me contar tudo. Vai ter de ser novamente operado?

        As suas questões permaneceram durante mais alguns minutos a esvoaçar-lhe na cabeça. Astrid permanecia em choque. Isto não era bom. Ela não pode voltar novamente ao que era antes, não pode tentar acabar com a vida, mais uma vez. Apertou com mais força o torço da mais nova ao relembra-se da vez em que a encontrara estendida no chão do quarto.

        Ela levantou a cabeça quando sentiu os braços do irmão em torno dela com imensa pressão. A cabeça do mesmo estava baixa e os seus lindos olhos claros estavam fechados. Ele ia chorar? Afastou-se.

        - Astrid.

        - O Kai sofre de problemas cardíacos. – começou. David pegou nas pequenas mãos femininas e anuiu – Ele... ele já foi operado mais do que uma vez ao coração – fungou – a última foi à pouco mais de um ano.

        O irmão olhou-a em confusão.

        - O que isto significa é que ele ainda nem recuperou 100% da última vez que foi operado e já se tem que submeter novamente àquele inferno. O perigo é muito mais elevado, e tudo por minha culpa.


[N/A: oops não me matem]

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⏰ Last updated: May 19, 2016 ⏰

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