sete.

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Capítulo sete


        O resto da semana não parecia querer acabar. Astrid decidira não aparecer na escola nos últimos dias, porém prometeu ao irmão que na semana seguinte iria, pelo menos, frequentar as aulas da parte da manhã. Não que ela quisesse, a sua vontade era não ir, no entanto, ficar em casa tornara-se um problema com a chegada de Sophie. A de cabelos escuros tentara evitar a outra a todo o custo, contudo, a missão aparentava dificultar-se a cada hora que passava. Astrid passava os dias em casa e Sophie aproveitava essa situação para agir. Mas, agia de uma forma simples, talvez porque era apenas o início. Umas perguntas básicas ainda com o tom de voz matreiro.

        Para felicidade de Astrid, David havia-lhe aparecido no quarto informando-a que se despachasse a arranjar para ir ao clube de artes. Ela não resmungou. Aquele lugar havia-se tornado em algo diferente para a rapariga. Nunca na vida se havia afeiçoado a algo tão fortemente, excluindo obviamente, o seu quarto. Gostava de lá estar, e isso era bom.

        Preparou, como na semana anterior, os materiais necessários, e esses eram coisas básicas como: lenços de papel, telemóvel, auscultadores, chaves de casa, carteira e não esquecendo a máquina fotográfica.

        Não esperou que o irmão voltasse a chamá-la e desceu as escadas duas a duas como habitualmente. Na cozinha estava David sentado numa cadeira e ao seu lado Sophie. Assim que o rapaz deu pela presença da irmã levantou-se despediu-se da mãe, que estava virada para o balcão, e rapidamente posicionou-se ao lado da mais nova colocando o braço no cimo dos ombros da mesma.

        - Divirtam-se – exclamou Theresa depositando um beijo na bochecha de Astrid. Ela não correspondeu ao gesto, no entanto, sorriu minimamente e anuiu.

        - Onde é que vocês vão? – antes de os dois irmãos poderem sair, a voz de Sophie fez-se ouvir. A de olhos verdes arqueou as sobrancelhas e olhou para o irmão em confusão. Na verdade, o que é que ela tinha a ver com isso? Nunca lhe perguntaram onde realmente ela ia quando saía às noites vezes sem conta, porque haveriam agora de lhe responder?

        - Não tens nada a ver com isso. – o rapaz decidiu pronunciar-se e no instante seguinte já estavam ambos a entrar para o carro. Tinham os dois a perfeita noção de que tanto a Sophie como a mãe haviam ficado confusas, mas a verdade é que a rapariga não tinha direito de se intrometer na vida deles os dois quando não o faziam com a dela.

        Astrid sorriu para o irmão. Estava feliz com o que ele dissera à rapariga. Não esperava resposta de nenhum dos lados, ou talvez esperasse da mãe, dizendo exatamente onde os filhos iriam, mas ficou feliz, ou melhor, satisfeita. 

        Ansiedade crescia no interior da de cabelos longos. Não sabia se havia de perguntar a Kai o porquê de ele assinar um trabalho no centro ou se simplesmente descobriria sozinha, o que era complicado.

        - Deixa-me adivinhar, estás a pensar num possível significado para aquele quadro do Kai. – a rapariga abanou a cabeça a fim de libertar os pensamentos e olhou para o irmão que se concentrava na estrada.

        - Não. – enrugou a testa e fechou os olhos deitando a cabeça no encosto do banco.

        Uma pequena gargalhada pela parte do rapaz fez-se ouvir acompanhada com um ruído como que a indicar que não acreditava minimamente do que ela acabar de dizer. – Mentes tão mal. – acabou por falar. – Mas sempre vais falar com ele?

        Astrid acabou por abrir os olhos e suspirou. Ela não tinha a certeza do que realmente iria fazer. Queria definitivamente saber o significado da assinatura, mas falar diretamente com o rapaz sobre isso estava bem lá no fundo da mente, como última opção.

SUPORTAWhere stories live. Discover now