quatro.

558 83 14
                                    

Capítulo quatro.


        Verificou uma vez mais a máquina fotográfica na pequena bolsa que possuía consigo e olhou para o irmão assentindo afirmativamente com um pequeno sorriso no rosto. Ele insistira repetidamente para que Astrid o acompanha-se, mais uma vez, ao clube de artes. Ela não recusou, mas prometeu não se esquecer de levar o objeto consigo. Logo após sentar-se ao lado do irmão no carro meteu o sinto de segurança.

        Ainda não falara com ele acerca da conversa que tivera há dois dias com a mãe. Por um lado, queria fazê-lo, porque como irmãos eles sempre contaram tudo um ao outro. Tanto as parvoíces que David insistia em fazer com os colegas, ou até mesmo os momentos mais sérios que normalmente envolviam raparigas. Ela sentia-se como se o estivesse a trair e ele, na verdade, era o único que a compreendia.

        - David? – chamou ainda receosa. Um pequeno ruído ao seu lado fez com que ela percebesse que o irmão lhe estava a prestar atenção. – A mãe falou comigo ontem. – acabou por admitir.

        - A mãe falou contigo? – admiração estava presente na sua voz, em grande porção. Não tanta em relação à mãe, porque ele sabia que ela planeava falar com a irmã. Estava sim, muito admirado em relação a Astrid. Ele não conseguia entender como ela havia aceitado submeter-se a uma conversa com a sua progenitora, de modo algum.

        - Sim, ela pediu desculpas. - a imagem de Theresa desculpando-se vezes sem conta enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto, invadiu a mente da mais nova, que rapidamente abanou a cabeça a fim de expulsar todas as visões que pretendiam atormentá-la. – Pediu desculpas por não ter sido a mãe que precisávamos. – e o silêncio reinou.

        David não sabia o que dizer à irmã. Não era novidade o que ela lhe contara, mas ele não iria afirmar que já tinha conhecimento daquilo. Não lhe queria dar um desgosto. Afinal ela tivera a coragem de lhe contar o sucedido o que significa que depositava imensa confiança nele.

        Por outro lado, Astrid remexia impacientemente na alça da bolsa que trazia consigo. Não sabia o porquê do irmão não comentar algo sobre o que ela lhe contara, mas uma parte de si preferia essa escolha. O silêncio.

        - Queres ficar a ver-me expor brilhantemente o meu talento para a tela inacabada, - começa David posicionando o braço sobre os ombros da mais pequena, que enruga o nariz pelo uso das palavras do outro. – ou preferes explorar os vários quadros que estão espalhados pela casa? – um pequeno sorriso preencheu a sua face e ela logo pegou na máquina fotográfica. O mais velho, ao seu lado, abanou negativamente a cabeça deixando que um sorriso abandona-se também os seus finos lábios.

        Astrid olhou em seu redor. Como da última vez que ali estivera, várias obras estavam expostas nas paredes e, se não fossem as pessoas ali presentes, ela era capaz de chamar aquele lugar de paraíso.

        - Vou terminar isto, - anunciou David prontificando todo o material necessário para terminar a obra, já iniciada há algumas semanas. – precisas de ajuda ou consegues localizar-te sozinha?

        Antes que a de cabelos escuros pudesse responder Layla, que acabara de chegar juntamente com o namorado, John, e Liam, beijou a sua bochecha, notavelmente divertida. A rapariga sorriu ligeiramente com o gesto e posicionou-se ao lado do irmão, que gargalhou logo de seguida perante a sua atitude.

        - Estou contente por te ver novamente. – admitiu a ruiva algum tempo depois procurando por um pincel específico.

        Astrid sorriu minimamente e olhou para a tela do irmão. Um instrumento era aos poucos findado. Eram visíveis as curvas bem formadas da caixa de ressonância colorida com alguns tons de castanho e dois efes separados pelo cavalete já representado, o braço ainda inacabado possuía uma cor mais escura assim como o estandarte. Ela sabia que o irmão tinha um grande talento para as artes e a prova disso estava mesmo em frente dos seus olhos. A forma delicada como ele traçava cada linha, como o pincel deixava o rasto do acrílico, transparecendo o tom perfeito para a tela. Era simplesmente fantástico e ela desejava ter essa técnica, esse poder com as cores.

SUPORTATempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang