Capítulo 2

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Já era domingo à tarde, estava no meu quarto tentando estudar para o teste final de matemática, nunca gostei de exatas, as contas eram muito confusas para meu cérebro conseguir entender. Estava olhando pela janela pensando em tudo que havia acontecido na festa. Só de pensar naquilo meu peito apertava. Eu fui muito idiota em ter gostado de alguém daquele jeito. Vai ver que era por isso que eu gostava dele antes, eu não sabia como ele era de verdade. De repente escutei a porta do meu quarto se abrir, era minha mãe.

- Mack?
- O que você quer? - falei
- Como assim o que eu quero? - minha mãe surpresa
- Simplesmente pelo fato de que, quando você me chama de Mack você quer alguma coisa de mim - fechei meus livros e os guardei na minha mala.
- Ah, espertinha! - disse ela rindo - Bom... Mas não vim pedir nada de você, apenas te dar uma notícia - ela ficou com uma expressão séria.
- O que houve? - eu disse preocupada.
- É que... Como você sabe, eu e o Fred nos casamos recentemente e, queremos construir a nossa vida nova... Quer dizer, nós queremos viajar agora no verão para nossa lua de mel e queremos nos mudar desta casa, porque andamos conversando sobre ter mais filhos, e não tem espaço suficiente aqui, e para arrumar nossa vida nova, achamos melhor que você fosse morar uns tempos com seu pai, mas só enquanto arrumamos tudo e... - comecei a falar antes que minha mãe terminasse.
- COMO ASSIM ME MUDAR? - eu disse gritando e levantando da cadeira - Você por acaso pensou no que eu quero? Quer dizer, claro que não pensou você e ele só pensam vocês mesmos, já parou para se é isso que eu quero?
- Filha, vai ser melhor para todo mundo.
- Para todo mundo não, para você! Mas você já deixou bem claro que sou eu quem atrapalha sua vida. Mas não se preocupe, se eu for nunca mais volto! - sai do meu quarto deixando-a sozinha.

Sai de casa batendo a porta. Precisava tomar ar. Estava um domingo quente, era quase noite, o céu estava sem nenhuma nuvem, com um tom alaranjado e o sol de encontrava no horizonte, quase se pondo, como era bonito.
Desde que minha mãe se casou, ela deixou de me ter como prioridade. Sempre me deixava sozinha em casa nos fins de semana, passava dias na casa do namorado, sem nem se quer me ligar perguntando como eu estava. Eu não tinha mais a mãe que eu estava acostumada. Ela sempre quis recomeçar a vida do zero depois que ela se separou do meu pai, mas acho que o impecílio para que isso acontecesse sempre fui eu.
Comecei a pensar sobre como seria minha vida fora daqui, como iria sentir falta daquele bairro, da minha rua, dos meus vizinhos, a senhora Mafalda, da casa ao lado, ela era uma senhora adorável, nas sextas-feiras a noite ela ligava o rádio em uma estação de músicas antigas, canta, dança com seu gato Mrs.Lee. O meu vizinho da frente, Michael, eu brincava com ele quando mais nova, mas nos afastamos, ainda não descobri o porquê ao certo, mas é uma pena, ele ficou muito mais bonito agora. Não que isso faça alguma diferença, mas só foi uma observação.

Vou ter que recomeçar a minha vida na cidade do meu pai, em Cambridge, Maryland, é um lugar lindo, construções rústicas, um porto maravilhoso, o por do sol lá é perfeito, nunca vi coisa mais linda, o sol vai se escondendo atrás do mar aos poucos, o céu fica laranja com uma mistura de rosa, até o sol sumir.  Vai ser difícil, mas eu não tenho escolha. Nunca morei com meu pai, não sei ao certo como vai ser. Meu pai e eu nunca fomos o tipo de pai e filha próximos que sempre conta tudo um pro outro. Sempre mantemos uma relação saudável. Não sei muito sobre ele, nem ele sabe muito sobre mim. Aos seus olhos eu ainda sou a menina de dez anos que morava com ele. Não queria que isso acontecesse, mas no fundo eu sabia que era questão de tempo até eu ir morar com meu pai.

Já passava das sete horas da noite, achei melhor voltar para casa antes que minha mãe entrasse em desespero. Quando finalmente cheguei, não encontrei ninguém, estava sozinha em casa. Havia um bilhete colado na geladeira

"Filha,
  Eu sinto muito por tudo ter sido desta forma, mas mamãe te ama muito! O Fred virá amanhã na hora do almoço para conversarmos todos juntos. Vamos nos mudar para casa nova assim que voltarmos de viagem.
  Fui jantar com a sua tia Clarice, não sei que horas volto não me espere acordada. Deixei dinheiro em cima da mesa com o vaso, na sala, peça uma pizza. Qualquer coisa me liga.

CapitãoWhere stories live. Discover now