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Capítulo 10 - Tenth insomnia

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Capítulo 10 - Tenth insomnia.

01 de Janeiro de 1997, Inglaterra, Casa de Kristy Rose.

O meu olhar estava pousado no tecto mais uma vez, nunca eu tinha entendido como era aborrecido e solitário ser alguém quebrado.

Olhei a porta por uns segundos e voltei a olhar o teto. Harry havia chegado, eu sabia disso, eu ouvia a sua voz baixa murmurar algo para o meu pai que falava em desespero com ele.

Senti os seus passos vagarosos na madeira velha das escadas e fechei os olhos fingindo dormir.

Uma batida na porta fez-me estremecer, mas aguentei quieta para não desmanchar o meu disfarce.

Ouvi o ranger da porta quando está foi obviamente aberta e poucos segundos depois senti a cama afundar um pouco.

— Eu irei te salvar, eu não sou um príncipe com um cavalo branco, mas eu posso ser o teu salvador. — A sua voz murmurou enquanto a sua mão mexia suavemente no meu rosto fazendo-me arrepiar.

— Eu sei, eu sei, tu não me queres ver, tu não queres ver ninguém, tu queres ficar nesse teu mundo faz de conta onde não és feliz mas também doí menos. Eu sei, mas tu achas que tem espaço nesse mundo para mim? Eu gostaria de estar lá contigo, por uma eternidade.— A sua voz soava fraca e embriagada.

— Eu estou aqui, no fundo tu sabes, eu sempre estarei. — Ele sussurrou perto do meu ouvido e beijou a minha têmpora.

10 de Setembro 2001, Inglaterra.

"Eu estou aqui, no fundo tu sabes, eu sempre estarei"
Essa foi sem dúvida a sua primeira mentira.

Promessas são como pássaros.
Elas só ficam até se irem.
Até a óbvia e necessária ida para um sítio mais ameno.

Promessas nunca duram, não quando são feitas em segredo.

A culpa é um sentimento horrível.
Mas a dor de ser esquecido ou abandonado consegue sempre superar.

A culpa corrói pessoas vazias, até não sobrar nada, mas a dor mata lentamente até nada mais existir.

Este mundo nunca vai ser o que eu esperei.

Mas quando é que o mundo foi o que eu esperei?

Quando eu esperei ou lutei por algo melhor? Nunca.

Mesmo que tu tenhas dito que tudo vai ficar bem, eu ainda quero terminar com esta vida.

Eu não vou conseguir manter-me firme, não psicologicamente, não quando eu nunca tentei ao menos manter-me viva.

Hoje eu não sou mais eu, eu não existo, eu sou apenas um corpo a vaguear pelo mundo como tantos outros.

"Quando foi que tu perdes-te a tua felicidade?"
É uma pergunta demasiado frequente á qual eu nunca respondi.

Como posso eu perder algo que nunca tive? Não é como se eu nunca tivesse sido feliz, mas alguém pode dizer que teve a felicidade como algo regularmente presente? Não.

A felicidade é algo tão pequeno, tão puro e ingênuo, algo que dura meros segundos ou minutos no nosso dia, ela nunca fica conosco, ela apenas vem e vai sem data de retorno.

Talvez eu não seja mais a Kristy, não a pessoa em si, mas eu contínuo a ter os mesmo sentimentos que ela tinha.

O vazio, tomou conta de mim, e eu nunca me senti tão cheia de nada.

Um grande nada, é o que eu sou sem ele.

INSOMNIA Where stories live. Discover now