7- Tudo mais estranho ainda

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Quando o sino de saída tocou, me levantei aliviada da carteira. Ninguém havia me perturbado com perguntas sobre Víctor ou Allan, e a aula de Geografia que era um tormento, não tinha sido tão ruim quanto todas as outras.

Saí da sala procurando por Víctor, pensando em lhe oferecer uma carona, apenas por agradecimento em ficar comigo no intervalo e impedir que eu me ferrasse com aqueles garotos idiotas.

No entanto, não o encontrei em lugar algum. Cheguei até ir a sua sala, esperando encontrá-lo. Mas ele também não estava lá.

Dando de ombros, resolvi ir embora. Desci as escadas com mais cuidado, por causa das pernas doloridas, o que levou uns cinco minutos a mais do que eu levava diariamente. Assim que consegui sair no portão da escola, olhei para a rua procurando o carro de minha mãe. Encontrei-o a mais ou menos cem metros de onde eu estava.

Estreitando os olhos por causa do sol do meio-dia, distingui uma pessoa abaixada perto do vidro do passageiro do carro de Elizabeth. Víctor.

Pareciam estar numa discussão calorosa. Víctor tinha a expressão brava no rosto e gesticulava em direção a escola. Franzi as sobrancelhas ficando confusa ao ver minha mãe sacudir a cabeça negativamente várias vezes.

Comecei a caminhar até lá. Víctor parecia nervoso cada vez mais. Quando eu estava na metade do caminho, curiosa e preocupada no motivo por estarem brigando, ele me viu. Parou a discussão e saiu pisando duro para longe do carro, indo embora.

-Víctor! Espera! -gritei avançando mais rápido. No entanto ele já havia contornado a esquina e desaparecido.

Entrei no carro, encontrando Elizabeth com a expressão calma reflexiva, mas carrancuda.

-Oi. -murmurei testando primeiro o clima, para depois começar as perguntas.

Ela apenas acenou com a cabeça para mim e deu partida no carro. Enquanto dirigia para casa, não falou nada, os olhos parecendo estar concentrados na estrada.

Resolvi esperar para perguntar quando estivéssemos em casa. Mas durante todo o trajeto, fiquei matutando o que teria gerado aquela discussão. Elizabeth me observou de soslaio e então falou em uma voz calma:

-Seu pai está pensando em ir para a casa de sua avó no sábado à tarde.

Olhei para ela imediatamente, saindo de meus pensamentos.

-Mas agora? -desconfiei. -Nós sempre íamos no final do ano.

Vovó Stella morava numa cidadezinha a duas horas de Sirion. Era bem pequena. Além dela, os irmãos e irmãs de meu pai também viviam lá. Passávamos os feriados do Natal e Ano Novo quase todos os anos lá, quando eu era pequena.

Mas depois de uns anos, meus pais não tiveram mais tempo de viajar para lá. Faziam nove anos que eu não os via, apenas conversávamos por telefone.

Por mais estranho que pareça, nenhum de meus primos ou tios tinham alguma rede social na internet em que pudéssemos nos comunicar melhor.

Elizabeth deu de ombros, as mãos se apertando no volante lentamente.

-Seu pai acha que não vai dar para irmos no final do ano, por causa de algumas mudanças que a fazenda vai fazer. Por isso resolveu ir esse fim de semana, e quem sabe voltar na Segunda...

-Que tipo de mudanças? E se esqueceu de que Segunda tenho aula? -perguntei mais confusa ainda.

Elizabeth sorriu.

-Bem, um dia que você faltar não vai ter problema. Suas notas estão ótimas.

Minha mãe, me pedindo para faltar da aula?! Isto está muito estranho.

Guerreiros de Argon -Floresta dos AnjosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora