O menino das sombras 1 -Busca pelo passado

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É oficial. Eu sou um idiota. E por quê?

Porque estou tentando resgatar algo do passado que eu mesmo arruinei. Uma amizade que foi destruída por minha negligência. Uma vida que foi completamente transformada por minha culpa.

A saudade é algo que já não consigo suportar com tanta coragem. Porque aquilo que me traz esta angústia, é a única forma de me lembrar que não estive tão sozinho quanto estou hoje.

Ela é a única coisa que restou de minha antiga vida. Ela é a única pessoa que me ligava ao passado, às minhas origens. E continua sendo a única a me fazer voltar a viver normalmente, aliviado da tristeza, da saudade, da culpa.

Culpa. O que define o que sinto desde que aquilo aconteceu. A culpa corrói todo o sentimento bom que você tem.

Toda vez que algo bom acontecia em minha vida eu me repreendia.

Como você pode estar feliz agora, quando fez a vida dela mudar completamente sem permissão? Como pode rir, quando fez com que essa pessoa não pudesse mais se adaptar, sorrir, viver normalmente?

Como posso sorrir quando minha única amiga, foi retirada de sua vida -que possuía uma turbulência branda, mas tranquila -, por algo que fiz?

Brincadeiras de crianças, foi o que eles justificaram para a minha ação quando ainda éramos pequenos.

Mas hoje eu defino como uma maneira de aliviar a vida de outro. No meu caso, essa tentativa foi horrível. Porque apesar de tê-la feito se sentir melhor neste mundo tão diferente daquele que realmente era nosso, eu a coloquei em riscos graves.

Mas ainda tenho uma esperança. Eles precisam agora de mim. Uma chance de consertar isso, sem prejudicá-la de novo. E é por isso que sou um idiota.

Estou disposto a tentar de todas as maneiras reconstruir a nossa amizade, mesmo sabendo que o perigo na verdade não é o que está a nossa volta, mas eu.

"Sentimentos são perigosos, filho. Se não os controlar com a razão, eles a influenciarão, de modo que não irá raciocinar, apenas fará o que eles estão fazendo você sentir, para aliviá-los. " – Isto era o que meu pai me falou após o acontecimento.

Tentei o possível para fazer a razão imperar. Mas não consigo mais. Esse sentimento não vai embora quando uso a razão.

Eu vou revê-la. Vou me certificar de que é feliz, de que não sente tanto assim o peso que eu coloquei em seus ombros. E se isso for realmente verdade, tentarei reconstruir nossa amizade e também o benefício de meu passado.

Um estranho frio na barriga senti. Vê-la de novo. Depois de tantos anos... apesar do que fizeram e dos anos que se passaram, seria ela capaz de por um detalhe qualquer, me reconhecer?

Ou seria eu, tão otimista e esperançoso, capaz de fugir totalmente da realidade, como um sonho?

Guerreiros de Argon -Floresta dos AnjosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora