Prólogo

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Explosões tremiam e iluminavam a cidade por todos os lados, e o pequeno menino observava assustado de seu quarto, a janela tremendo com os impactos. Ele sabia que algo perigoso havia caído sobre a cidade. Apoiado na janela em sua cama, ele escutava os gritos de várias pessoas, sofrendo e morrendo.

E então, uma voz ecoou por sua mente. Era grave e fria. Imediatamente ele se erijeceu. Não tinha consciência de seus dons ainda, por isso não sabia reconhecer o pensamento lido através da mente de uma pessoa.

Ele apenas escutou o que a voz masculina fria falava.

"Apenas mate-os. Vingue-se. Ela merece. Sim...ela merece."

"Traição".

O menino olhou pelo quarto, buscando alguém que tivesse falado isso. No entanto... estava sozinho.

Outra explosão estremeceu o quarto e o fez cair sentado na cama, enquanto observava a janela tremer e começar a formar uma trinca.

A voz repetia a mesma frase, assustando-o cada vez mais. E então a imagem de uma mulher morta apareceu na mente dele.

A sua mãe caída no chão, sangrando, os olhos escuros parados.

Desesperado, o menino gritou por sua mãe na língua nativa.

-Menevee! Menevee! -ele a chamava descontrolado, os gritos se tornando fortes.

Para seu alívio, a mãe apareceu no quarto num ímpeto, ofegando assustada e desconfiada, olhando pelo quarto.

-Ah! Já disse a você para não ficar na janela. -ela ralhou baixinho depois de suspirar.

Estava vestida com roupas brilhantes metálicas, e usava uma espécie de capacete em forma de um felino. Os cabelos castanhos escuros caíam levemente pelos ombros.

O pequeno estendeu imediatamente os braços na direção dela necessitando de seu conforto, a qual o pegou sem nenhuma hesitação. Ela o abraçou com força, e suas roupas eram duras demais para que ele sentisse o conforto e o calor que o abraço dela sempre trazia.

-O que foi, mie litiee? -ela sussurrou a ele querendo dizer, "meu guerreiro", acariciando os cabelos negros do menino.

-Um homem, falou comigo. -ele murmurou ainda assustado com o que vira.

-Um homem? -ela lhe perguntou aflita, voltando o rosto para o dele. Os olhos negros se fixaram nos olhos do filho.

-Sim. -ele murmurou tentando pronunciar corretamente a palavra.

-O que este homem falou com você?

-Ele está procurando você, menevee. Quer... machucá...-la! -o menino a abraçou de novo querendo chorar. Sentiu a mãe respirar tensa.

-Onde está nevee? -perguntou por seu pai. -Onde ele está?

-Está lutando... lá fora. -ela respondeu pensativa por um momento.

A mãe o colocou na cama sentado e começou a pegar coisas em seu quarto colocando tudo em uma mochila. A criança observava-a andar desesperada. Ela murmurava consigo mesma coisas que o pequeno ainda não compreenderia o sentido.

-Ele sabia que eu estaria aqui... tenho que tirá-los daqui. Não posso deixar que ele pegue nenhum dos dois.

Pegou um papel e uma caneta e começou a escrever rapidamente, mordendo o lábio com aflição. Então dobrou a carta em um rolinho e guardou no bolso mais fundo da mochila.

Mais um estrondo estremeceu a casa, e o menino gritou assustado. A mãe voltou para a cama, acalmando-o.

-Está tudo bem, mie litiee. Nada vai machucar você. Nada. -ela fechou a mochila e então colocou um casaco com toca no menino, vestindo-o rapidamente.

Guerreiros de Argon -Floresta dos AnjosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora