Capítulo 15.

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Depois de algum tempo dirigindo, na verdade algumas horas, o carro de Pedro parou em frente à um grande prédio que possuia vista panorâmica. Era uma empresa.

- Minha mãe mora numa empresa? - Deixei o pensamento escapar.

Caleb riu baixo.

- Pode ser onde ela trabalha agora. Vamos esperar ela sair e seguí-la.

Pedro limpou a garganta, fazendo com que nós olhassemos para ele rapidamente.

- O que foi?

- Ela notaria um carro a seguindo. Então trouxe isso aqui imaginando que precisariámos seguir mesmo um carro ou moto. - Ele mostrou um pequenino imã que piscava uma fraca luz vermelha. - É tipo um rastreador. Vou colocar no carro dela e podemos rastrear a localização.

- Cara, isso aqui parece mais um filme de espião. - Dei uma cotovelada em Caleb. - Au! Me desculpa.

- Ok. - Pedro sussurrou, soltando o cinto. - Fiquem aqui e procurem um hotel, pelo visto vai ser uma noite longa.

O sol já tinha se posto quando Pedro parou em frente a um hotel. O rastreador estava ativado e não tinha nenhum registro de movimento do carro que eu reconheci como o da minha mãe.

Nós entramos no saguão e pedimos um quarto. Caleb, como sempre, escolheu o mais caro e passou tudo no seu cartão. Além de ser espalhafatoso, ainda tinha dinheiro para esbanjar isso. Chegava a ser cômico as vezes.

- Ainda não entendi o motivo de ficarmos na presidencial. Serão apenas algumas horas. - Lembrei, saindo do elevador.

- Ou uma noite. Nunca se sabe, honey. - Caleb piscou para mim, girando a chave prateada em seu dedo indicador.

Seguimos o menino saltitante até o quarto. Confesso que era maravilhoso e me senti extremamente culpada por não poder ajudá-lo na dispesa, mas ele parecia mais ocupado em tirar selfies e postar no Snapchat do que com o falto de que gastou dinheiro numa suíte master que nem dormiremos. Bom... Pelo menos isso não está nos planos.

Deitei no carpete e comecei a mexer em meu celular. Tinha muitas mensagens de Benjamin, muitas ligações. Coloquei no modo avião e liguei o Wi-fi, me atualizando em alguma série ou filme enquanto Pedro não se pronunciava.
Além disso, fiz um favor a mim mesma colocando os fones de ouvido quando ele e Caleb sentaram na cama e começaram a cochicar, dando risadinhas baixas.

Deus, não me deixe ouvir nada. Seja lá o que esteja acontecendo bem atrás de mim...

...

Abri os olhos sentindo uma mão pesada me sacudir. Nem acreditei quando vi que era Caleb. Ele parecia desesperado.

- Rápido! O carro começou a mexer em direção ao interior da cidade!

- Interior? - Levantei rapidamente. - Minha mãe sempre gostou da cidade...

- As coisas mudam. Anda logo! Pedro está esperando no carro.

Corremos para fora do quarto, deixando meu celular e todo o resto para trás. Aquela era uma boa desculpa para voltar e passar a noite ali.

Entramos no carro rapidamente e Pedro começou a cortar caminhos para alcançar logo o carro de minha mãe, mas não tanto. Precisávamos manter uma certa distância para ela não perceber que havia alguém a seguindo.
Eu sentia pontadas em meu estômago, talvez um pouco de refluxo, mas nada que eu não pudesse aguentar ou explicar. Por que será que minha mãe saiu da empresa quase às duas da manhã? Por que ela estava morando no interior se sempre amou tanto a cidade? Por que esconder tudo isso de mim?

Após alguns minutos fora do ar, voltei a realidade quando senti o carro parando aos poucos.

- Porque estamos parando? - Olhei para os lados e vi apenas um posto.

- Precisamos abastecer e comer algo. - Pedro falou. - Está com fome, bae?

- Bem, um pouco... - Sussurrei.

- Oh, não foi com você. - Ele riu baixo, olhando para Caleb.

Senti meu rosto corar em resposta.
Assim que os dois saíram, esfreguei meu rosto e os segui para fora. Enquanto Pedro abastecia o carro, Caleb e eu entramos em uma loja e compramos três cafés e um saco de biscoitinhos amanteigados.

- Caleb? - Segurei sua mão, antes de sairmos da loja.

- O que foi, Nah?

- E se ela não gostar mais de mim? Por isso ela me mandou morar com meu pai... Ela queria se ver livre de nós dois... - Meus lábios tremeram.

Caleb agarrou meu rosto e eu juro que ele me beijar, mas lembrei que ele jogava no mesmo time que eu e Pedro era prova disso. Ele sorriu e depois me abraçou forte demais sem que eu pudesse respirar durante alguns segundos.

- Você não pode ser negada, Luna. Olhe para você: uma menina linda, ótima filha, ótima aluna. Ela teria que ser jumenta demais para isso...

Ri baixo, fungando.

- Vamos? - Assenti. - Tenho certeza que tudo vai dar certo.

Pena que eu não...
Pedro estava encostado no carro e pegou o café da mão de Caleb assim que pode, lhe dando um rápido selinho. Entramos no carro mais uma vez e nossa pequena perseguição continuou. Senti medo. Senti nervoso. Senti ansiosidade. Mas nada se comparou ao frio na barriga aterrorizante que senti quando vi a noite se tornar manhã e o carro de Pedro parou diante de uma majestosa casa de veraneio.

- É aqui? - Caleb indagou, boquiaberto.

Apontei para o carro da minha mãe.

- Ao que tudo indica... - Disse.

- Vem, vamos sair. - Pedro falou.

Agarrei seu ombro e o puxei de volta. Caleb e ele me olharam incrédulos.

- Fiquem aqui. Caso seja engano ou tudo dê errado, precisaremos sair o mais rápido possível.

Eles assentiram e só eu saí.
Caminhei abraçando meu próprio corpo, tentando me aquecer do frio e assim que me aproximei da casa, a porta estava aberta. Ouvi risadas mais de duas. Caminhei para o lado e vi a seguinte cena pela janela: minha mãe com uma grande barriga coberta por um vestido, um homem muito bonito com roupa cara e uma pequena menina de cabelos ruivos e escorridos assim como o do homem. Meus olhos se fecharam e lágrimas escorreram pelo meu rosto. Meus lábios tremiam e não era de frio. Era dor. Angústia.
Ela nos trocou. Ela já tinha uma família, então ela... Toquei meus lábios como se as palavras fossem escapar por eles, mas tudo que emiti foi um suspiro trêmulo e horrorizado.

A menina me viu. Apontou para a janela. Fugi o mais rápido que pude, sem ao menos olhar para trás. Entrei no carro de Pedro e Caleb entre soluços e calafrios.

- Corre! Eu quero ir embora daqui!

- Luna, o que aconteceu? - Caleb saltou para o banco de trás, quase caindo, pois Pedro corria muito.

- Eu estava certa. Ela nos trocou! Ela traiu meu pai!

Caleb arregalou seus olhos e me abraçou. Me abraçou como se pudesse preencher o vazio que eu sentia em mim agora, e talvez possa ter conseguido em parte. Mas só havia uma pessoa que conseguiria me preencher totalmente. Ben...

Teachin' Her.Where stories live. Discover now