Capítulo 10.

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Assim que cheguei no apartamento de Benjamin, passei uma mensagem de voz para Caleb explicando tudo, depois eu sentei à mesa com Benjamin e tudo ficou em silêncio. Eu prestava atenção no jeito que seus lábios tocavam a taça de vinho e aquilo me parecia mais como uma provocação.

- Você não vai beber nada? - Ele indagou.

- Um suco, talvez. Mas não agora.

Ele assentiu, segurando minha mão.

- Quer me contar o que aconteceu agora?

- Eu estava indo para casa conversar com meu pai e quando cheguei, ele estava com uma mulher no quarto. Uma mulher, Ben. Não faz nem um mês que ele ficou bêbado e eu tive de dar banho nele por causa da mamãe! E o pior não é o fato dele ter passado adiante, não há nada de errado disso, o problema é que ele não me contou nada! Nem sobre a namorada e nem o motivo do divórcio. Eu odeio ser tratada como criança!

Benjamin dá um sorriso triste e continua a brincar com meus dedos, como se estivesse procurando as palavras certas para o que falaria para mim.

- Você é filha única, eles são superprotetores, então era de se esperar isso. Mas não é o correto. Deixa sua mente esfriar e conversa com ele.

Fiz que sim com a cabeça.
Nós voltamos a comer e ficar em silêncio até o momento que eu me levantei para lavar o meu prato. Minha mochila estava em cima de uma das cadeiras e eu pensei na proposta de Benjamin. Talvez fosse muito cedo, mas não faria mal eu passar alguns dias aqui e tudo que eu precisava estava naquela mochila. Além do mais, seria bom ter um espaço só para mim e sei que com meu pai namorando, não teria isso tão cedo em casa. Eu realmente precisava esfriar a cabeça.

Senti os braços de Benjamin me envolverem por trás e seus lábios gelados encostarem minha nuca, me deixando arrepiada.

- Acho que algumas roupas minhas no seu armário não seria nada mal... - Soltei.

- Isso é sério?

Ele me virou com pressa e me encostou na pia, ficando tão junto que eu podia sentir o cheiro do seu perfume. Não era o de sempre, mas era tão cheiroso e embriagante quanto.

- Sim. É bom passar alguns dias com você e poder esfriar a cabeça.

- Sabe o que mais é bom? - Ele sorriu, travesso e me beijou.

- O que?

- Dormir com você.

No mesmo instante, ele me jogou em seu ombro e soltei um grito, acompanhado de risadas.

- Você é maluco! - Falei.

- Ei! - Senti sua mão estalar na minha bunda, dando outro grito. - Menina má.

- Ok, você é definitivamente maluco!

- Eu vou morder você... - Me repreendeu.

No quarto, ele me põe na cama e faz o caminho até a TV enquanto tira a camiseta. Quando se vira com o controle em mãos, vejo a tatuagem em seu peito. Mas aquilo não me causa estranhamento, apenas uma parte do meu coração sente pena. Fico de joelhos na beira da cama e o abraço, beijando sua clavícula.

- Obrigada por me deixar ficar.

- Mi casa es su casa.

Reviro os olhos, dando uma risadinha.

- Aliás, tenho boas novas. - Ele fala, enquanto nos aconchegamos na cama.

- O que?

- O diretor achou melhor que em dias de prova não tivesse aulas. Então vocês farão prova e irão embora depois. Não é ótimo?

- É maravilhoso. - Digo, cansada. - É horrível passar horas estudando de madrugada, fazendo prova e depois ainda ter professor de História chato tagarelando no seu ouvido.

Ele me olhou, incrédulo.

- O que você disse?

- Professor chato de história, la la la la! - Canto.

Benjamin me ataca com cócegas e me contorço pela cama, rindo e pedindo para ele parar. Até que o mesmo se dá por satisfeito e para, deixando nossos rostos próximos demais. Eu me inclino para frente e o beijo, mordiscando seu lábio inferior.

- Agora não sou tão chato assim, aposto.

Rio.

- Não é. - Beijo seu queixo.

- Quero levar você em um lugar amanhã, tudo bem?

Nós sentamos abraçados novamente.

- Por que nunca me conta onde vamos?

- Por que adoramos surpresas! Yay! - Ele bate palmas, fazendo uma voz divertida.

- Idiota.

- Seu. - Diz, por fim.

...

No dia seguinte fomos para a escola e como chegamos mais, ficamos em sua sala assistindo TV até Caleb chegar e me arrastar para sala.

- O que aconteceu ontem? Eu vi suas mensagens, mas não entendi nada.

- Meu pai está namorando, ou seja o que for. Cheguei ontem em casa e ele estava no quarto com a tal mulher que fez ele deixar de se importar comigo e até sair no meio da noite para ir para casa dela.

Caleb abriu a boca.

- Por isso ele está tão desligado.

Assenti.

- E o pior é que ele não me contou nada. Nem sobre o namoro e nem o motivo do divórcio.

- Até hoje?

Fiz que sim de novo.

- Estou ficando na casa de Benjamin por hora. - Suspirei. - Mas e você e o Pedro, como foi?

Caleb sorriu, largo e brilhante.

- Nós ficamos!

Comemorei, batendo palmas.

- Então vamos mesmo para um fim de semana na sua casa do lago?

- Sim! - Fizemos um hi-five.

Quase me esqueci até mesmo do fato que minha professora de filosofia era na verdade uma verdadeira víbora tentando arruinar minha vida de modo geral. Mas fiz questão de me lembrar quando ela entrou com passos largos sobre seus saltos de bico fino.

Víbora...
Como se tivesse ouvido meus pensamentos, me lançou um olhar capaz de me derrubar, mas eu a encarei de volta, assim como Caleb e o clima se tornou pesado, mas acho que ninguém ali entendeu coisa alguma.

- O Diretor decidiu que após as provas, a partir de hoje, vocês estarão liberados para irem embora.

Sorri largo, podia saber que meus olhos brilhavam apenas de imaginar que depois disso passaria o resto do dia em um encontro com Benjamin.

- Ótimo! Vou poder buscar Pedro na faculdade e irmos para algum lugar. - Caleb olhou para mim. - Querem vir conosco?

Neguei.

- Tenho um encontro surpresa com Benjamin.

- Uhhhhh, muy caliente! - Ele disse, me cotovelando.

Achei graça, mesmo que tenha ficado vermelha feito um tomate.

Teachin' Her.Where stories live. Discover now