O quase estrupo.

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Sai do quarto da minha avó, e fui para a varando. Cheguei lá, ainda com as botas sujas de terra molhada, e sentei numa grande cadeira amarrada nas pilastras da casa.

Alguns convidados já estavam chegando, assim, aumentou a ansiedade da minha avó, para não decepcionar os convidados. Ela saiu do quarto aflita, para comprimentar-los. Levantei da cadeira, e fui para quarto, tinha que escolher uma roupa caipira e ao mesmo tempo confortável. Escolhi uma blusa xadrez e uma calça jeans azul claro. Fiz uma trança de lado, deixando meus cabelos loiros mais estilosos. Desci as escadas de madeira, e fui para a rio, pois lá era onde a festa aconteceu. Havia muitas pessoas no local, estavam muito lotado, tanto de petiscos, como de pessoas.  Arthur estava em uma mesa, junto com Diego e o meu Tio Jozué. Coloquei a trança para o lado, e fui em direção a mesa que estava minha mãe. Sentei na cadeira, e logo minha avó apareceu com um prato cheio de petiscos. Minha mãe se recusaram a pegar um, mas logo minha avó disse:

- Come ué, aqui Não é a capital, uai. Você tá muito franzina, tá precisando engordar uns 7 quilos.

- O quê? A senhora está doida? Peso 54 quilos, não posso engordar mais que isso. Está bem? - minha mãe estava enlouquecida.

Estava distraída com a conversa da minha mãe e da minha avó, até alguém cutucar o meu braço.

- Vic, você aceita dançar comigo? - os olhos de Arthur fitaram-me.

- Claro! - dei a mão, e Arthur a beijou. Sorri.

Arthur levou-me para o centro da pista de dança. Estava tocando a música Que sorte a nossa. Encostei minha cabeça no seu ombro, e dançamos em ritmo lento. Fechei os olhos e curti o momento. Abri os olhos e me deparei com os olhares assustadores da minha avó. Imediatamente soltei Arthur, e corri para a "floresta". Enquanto caminhava, senti uma presença sombria, olhei para trás, mas não consegui ver ninguém, só as árvores enormes. Continuei caminhando, mas logo percebi que alguém estava me seguindo. Olhei para trás, e fui agarrada pelo braço, por um homem gordo, feio, barbudo, baixo, e tinha um hálito fedido. Gritei, chutei o homem, mordi seu ombro enquanto ele tentava me agarrar. O homem jogou-me no chão, e ficou por cima, minhas pernas estavam imoveis. Enquanto ele tentava desabotoar a calça, só chorei e bati no seu peitoral.

- Socorro! - gritei desesperada.

- Cala a boca, querida. - ele passou a mão nos meus cabelos. - Você só vai sentir um enorme prazer, agora. Então cala essa boca, e sente a pressão.

- Por favor! - estava vermelha de tanto chorar.

- Já disse para você calar essa sua boca linda. - ele pegou com as mãos a minha bochecha, e beijou a minha boca.

- Seu velho nojento! - chutei os seus testículos, e sai correndo.

- Sua vaca! - ele gritou.

Continuei correndo, mas sempre olhando para trás. Enquanto corria, esbarrei em algo. Era Arthur. Ele segurou o meu ombro, e disse:

- Está tudo bem? O que aconteceu?

- Ele..ele...ele...ele. - não conseguia falar. - Quase fui estrupada. - lágrimas escorreram.

- Mas agora passou. Estou aqui com você. - Arthur fitou-me.

Naquele momento me senti totalmente segura em seus braços. Mas logo aquele momento de segurança acabou, pois o homem veio correndo, em nossa direção. Ele parou à minha frente, e puxou-me pelo antebraço. Arthur imediatamente esmurrou o seu rosto. Os dois começaram a rolar no chão, e a esmurrar um ao outro, mas logo o meu Tio Affonso apareceu com toda a família. Minha mãe levou-me para casa. Entrei no meu quarto, e tranquei a porta. Deslizei minhas costas na porta, enfiei minha cabeça entre os joelhos, e só pensei em chorar. Minha mãe, Diego, Affonso, e até a minha avó, bateram à porta, na esperança de sair do quarto. Arthur bateu à porta, e disse:

- Vic, deixa eu entrar. Vamos, sai daí, Vic. Por favor! - Arthur encostou a cabeça na porta. - Vic! Vic! - Arthur socou a porta. - Vamos conversar.

Abri a porta levemente, e vi o rosto de Arthur. Aqueles olhinhos cor de mel, aquele cabelo preto, aquele corpo escultural.

- Vamos sair daqui? - abri um leve sorriso.

- Adoro esse seu sorriso. - Arthur abriu um sorriso largo.

- O que foi? Por que está feliz assim?

- Porque eu gosta da sua companhia.

- Então...vamos logo?

Saímos a noite, sem ninguém perceber, e fomos para perto de outro riacho. Dessa vez sem nenhum tarado. Sentamos numa pedra, e enrolei um casaco na cintura. Arthur parecia muito feliz, pois ele não parava de sorri.

- Algum problema? - virei o meu rosto, e franzi os lábios.

- Sabia que você fica linda sob a luz do luar. - Arthur abriu um sorriso desleixado, e ergueu a sobrancelha.

- E sabia que você é um babaca? - ri.

- Sabia que esse babaca está apaixonado por você?

- Não brinca, Arthur. Você sempre foi um cafajeste com todos os outros. Sempre rodeado de mulheres.

- Verdade! Mas a única mulher que eu quero que esteja ao meu lado, é você.

- Para Arthur!

- Vic, eu gosto de você! Sinta-se orgulhosa por ser a primeira mina a fisgar o meu coração.

- Para Arthur! Assim você me deixa sem graça.

- Mas essa é a minha intenção.

Arthur aproximou-se, pôs as mãos no meu rosto e beijou-me. Minhas mãos ficaram imóveis. Fazíamos movimento lentos, e calorosos. Arthur aproximou-se ainda mais, e colocou a outra mão na minha cintura. Deitamos na grama molhada e nos beijamos loucamente. Arthur deitou-se, e subi em cima dele, para beija-lo melhor. Arthur passou a mão nas minhas costas, levantando a minha blusa de leve. A lua com todo o seu explendor, tornava o ambiente mais propício a acontecer aquele beijo tão intenso. Arthur rolou na grama, e ficou por cima de mim. Enquanto beijava-o, esqueci de todos os meus problemas, inclusive dos amores que só deixaram um grande buraco no meu peito.

- Arthur, Vitória, cadê vocês? Apareçam! - minha mãe gritou.

Arthur parou de beijar-me, e olhou para trás, na tentativa de conseguir ver a minha mãe.  Arthur levantou-se, e saímos correndo na grama misturada com lama.

Estávamos correndo, até que Arthur parou bruscamente de correr.

- O que foi? - Perguntei ofegante.

- Não temos motivos para correr. Ou será que temos? - Arthur pôs o dedo no meu queixo, e olhou para os meus lábios levemente pálidos.

- Seus lábios estamos pálidos. - Arthur sorriu. - Deixa eu esquentar-los? - Arthur fitou os meus lábios.

- Não! - coloquei o dedo nos lábios de Arthur. - Já que não vamos mais correr, que tal irmos para casa.

- Para o seu quarto? Super topo. - Arthur sorriu.

-Tarado! - bati no seu peito. - Vamos? - continuei caminhando.

- Mas antes... - Arthur puxou o meu braço, e tascou um beijo. Envolvi meus braços no seu pescoço, e continuei beijando-o.

- Vamos logo! - Arthur enfiou as mãos nos bolsos.

Saímos de mãos dadas. Chegando lá, Aurora (minha avó) estava sentada no batente da entrada da casa. Ela nos olhou, levantou e disse:

- Vitória, já está com outro? Primeiro o Maurício, depois veio o Diego e agora o meu neto vai ser a próxima vítima? - ela contou nos dedos. - Você não caia nessa rede, viu Arthur.

Olhei nos olhos dela, e sai correndo com as mãos no rosto. Entrei no quarto, e tranquei a porta. Arthur bateu, bateu, gritou, chorou, esmurrou, e bateu novamente. Detei na cama, e coloquei o travesseiro na minha boca, para abafar o choro.

Meu Marrentinho Where stories live. Discover now