EPÍLOGO

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Marjorie acordou aquele domingo com os raios do sol batendo em seus olhos. A superfície embaixo de si era lisa e confortável, não tão mole e não tão dura, na medida certa. Demorou pouco tempo para se lembrar onde exatamente estava. Quando se recordou, sorriu e se espreguiçou.

- Finalmente! - a voz rouca de Thomas murmurou em seu ouvido.

Os lábios quentes contra a sua orelha a arrepiaram e ela foi forçada a abrir os olhos. Virou-se para o lado e ficou encarando o seu namorado. Isso mesmo, namorado! Dois meses depois da declaração de amor no hospital, Thomas a pedira em namoro de um jeito totalmente romântico, e eles estavam juntos desde então.

A sua primeira relação séria era justamente com o cara mais galinha do colégio. Como conseguira tal proeza?

- Você tem que parar com isso, Tom - Marjorie ronronou, o que fez Thomas morder o lábio inferior. - Eu não tenho mais energia nem para pensar direito...

- Você não precisa pensar mais - ele brincou, mordendo o seu pescoço. - As aulas acabaram.

- Não é porque as aulas acabaram que nós temos que passar as férias inteiras na - ela pigarreou - cama.

Ainda não havia caído a ficha de Marjorie de que ela não era mais virgem. Levara a virgindade por tanto tempo que ela mais parecia uma boa amiga do que um karma a se livrar.

- Não acredito que estou ouvindo isso da mesma boca que implorou por mais ontem à noite - Thomas sorriu, malicioso.

Marjorie gargalhou, divertida. Passou a mão pelo rosto do namorado, sentindo a sua barba por fazer. Aquele era o seu último dia com ele antes da pequena turnê da Universo Paralelo pelo Brasil. Também naquele mesmo dia, as do ENEM sairiam, notas essas que decidiriam o futuro daquele grupo de amigos.

Aquele era um dia muito importante nas vidas de ambos Marjorie e Thomas, o dia pelo qual haviam estudado e ensaiado tanto, porém, incrivelmente, tudo o que eles mais queriam era nunca mais sair daquela cama.

- No que você está pensando? - Marjorie perguntou, quando percebeu que Thomas não tirava os olhos dela.

- Em como eu consegui fisgar esse peixão - ele passou os dedos suavemente pelas costas nuas da namorada. - Em como eu sou sortudo em tê-la na minha vida.

- Ah, meu Deus! Você não muda nunca! - ela riu. - Sempre um galã de novela!

- Não é xaveco, é a mais pura verdade! - Thomas resmungou, infantil.

Ele amava aquela garota de verdade. Nunca sentira algo tão forte em toda a sua vida. Queria escrever músicas, assistir filmes, comprar presentes, jantar fora... queria estar sempre ao seu lado! Mostrá-la as outras pessoas como um troféu, bajulá-la e cuidar para que nada desse errado em sua vida. E, quando a noite caía, queria unir o seu corpo junto ao dela naquele labirinto de sentimentos e desejos. Apenas um simples gemido arrancado era o suficiente para que tudo aquilo que os dois haviam passado tivesse valido a pena.

- Acho que deveríamos descer. Pelo barulho, estão todos lá embaixo - Marjorie sugeriu, levantando-se da cama e logo cobrindo as suas intimidades.

Thomas achava graça em todo aquele pudor, depois de uma noite inteira juntos. Era fofo.

Ele também se levantou, sem a mesma vergonha, andando peladão pelo quarto. Resgatou as roupas da noite anterior e as colocou de qualquer jeito. Quando se virou, Marjorie já estava pronta, avisando o seu pai pelo celular que só ia ver as notas e já estava indo para casa.

O Sr. Martins estava mais do que aliviado em saber que se livraria de Thomas por dois meses inteiros. Por mais que o garoto tivesse ganhado a sua confiança, ele ainda preferia que a sua filhinha dormisse em casa - mesmo que a tia de Thomas tivesse conversado com o homem sobre como os dois dormiam sempre em quartos separados (a mentira mais deslavada de todas).

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