Nove

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A ESTUFA - Genevieve
CAPÍTULO NÃO REVISADO


Olhei para o príncipe a minha frente, o garoto que eu salvei e alimentei. O garoto para quem eu disse a verdade sobre meu nome. Porém a Genevieve Roisin está morta para o mundo a nove anos. Eu sou apenas Ariel Summers agora.

— Siga-me — ele ordena friamente.

Como irei fazer alguém a quem tratei tão mal se apaixonar por mim? Ou pior, como irei matar alguém que me salvou? 

O segui ainda fingindo que nunca o vi em minha vida. A melhor saída que tenho é fingir que não o conheço e seguir o plano, afinal, ele é apenas um príncipe mimado que nem deve saber se defender.

— Nunca conte isto a ninguém - ele se virou bruscamente assim que chegamos a um quadro aparentemente inofensivo se eu não tivesse o mapa do castelo.

O príncipe apertou um botão na moldura do quadro ao lado da estatua ornamental e o mesmo se movimentou para o lado, a parede pareceu tomar vida e pular para fora da parede suavemente revelando uma passagem secreta.

— Contar o que? — minha voz saiu exatamente como sempre: fria.

— Você verá — ele agarrou minha mão e puxou-me através dos tuneis.

Estávamos no completo escuro até que ele me soltou e começou a tatear pelas paredes de pedra.
Como posso não lembrar o nome do príncipe? 

— Venha   — ele me puxou assim que abriu uma porta a qual eu não sei de onde havia saído.  E lá estava, uma estufa cheia de plantas e árvores as quais eu nunca havia visto sem neve.
Pareceria uma floresta se não fosse pelos vidros onde a neve se prendia do lado de fora.

— Uau... — Suspirei — Como isto é possível? — Optei por parecer o mais inocente possível perto do príncipe.

— Estamos no térreo. Este foi o meu presente de dez anos — ele abriu os braços e respirou fundo o ar puro do lugar, orgulhoso de seu "feito".

— Hm... Posso te perguntar algo? — pus meus braços atrás de minhas costas em um gesto inocente.

— Claro — ele fez uma careta cômica e pensativa.

— Qual o seu nome? — sorri inocentemente, colocando uma mexa de cabelo atrás da orelha. ]

— William — uma pausa — Pode me chamar de Will se não dormir com meu irmão. — ele deu uma piscadela quase imperceptível.

— Irmão? — esta parte eu não havia sido informada.

— Bastardo — deu de ombros — apenas fique bem longe do Sean. — o príncipe corria os olhos por mim como se me analisasse na mesma medida que eu o analisava. 

— Sim, senhor - fiz uma vênia.

Ele veio até mim com uma postura fria, agarrou meu queixo fazendo-me encarar seus olhos que mais pareciam oceanos e disse: — Só vou repetir uma vez — ele levantou um dedo — Will.

— Sim se... Will.— corrigi, um pouco atrapalhada.

— Fique a vontade para explorar, qualquer coisa eu lhe chamo Ariel.

Ele saiu me deixando só naquele espaço imenso que antigamente chamaríamos de estufa.
Caminhei pela aquela imensidão de flores e árvores com um aroma pacifico até ouvir sons como se fossem de fadas.

Uma borboleta lilás com asas cintilantes pousou em meu braço, batendo levemente suas asinhas delicadas.
A olhei por um instante e então as amigas daquela se juntaram a ela em meus braços, me arrancando um sorriso que a muito tempo não dava.

— Dizem que elas reconhecem o bem — pobre príncipe iludido.

— Então isto quer dizer que você não é do bem? — arqueei a sobrancelha direita, o fazendo rir e espantar as borboletas.

— Elas não me incomodam por que eu não deixo — ele deu de ombros. Logo uma pousou em sua cabeça.Olhei novamente para ele, com uma expressão que seria facilmente traduzida em "sério?". — Vamos — ele revirou os olhos, contrariado.

[ ... ]

Após a estufa o príncipe deixou-me explorar o castelo enquanto ele saia por aí para se fazer sabe se lá o que. Me peguei andando pelo corredor, absorta em pensamentos e divagações quando ouvi gritos e sons de vidros se quebrando, abafados pela porta da sala do homem que mais fez mal a mim em toda a minha vida.

A porta se abriu bruscamente, mostrando a figura que eu não sabia ainda temer: O Rei Marlon. Ele me olhou dos pés a cabeça com nada mais do que indiferença, se virou e saiu.

Corri corredor adentro segurando as lagrimas que teimavam descer quentes e úmidas pela minha face.
Avancei em direção ao quarto, mas antes de chagar ao elevador algo me puxou para si.

— Por que está chorando? — o príncipe Will me pareceu confuso.

— Era... Era... Era ele — digo, em choque. Naquele momento toda aquela farsa já não me importava mais. Eu queria voltar para casa, para meus amigos e para a pouca família que ainda me restava.

Um príncipe e Uma rebelde Onde as histórias ganham vida. Descobre agora