-Essa é uma velha de historia de uma flor e um beija flor que conheceram o amor, numa noite fria de outono. E as folhas caídas no chão, na estação que não tem cor, e a flor conhece o beija-flor e ele lhe apresenta o amor, e diz que o frio é uma fase ruim e que ela era a flor mais linda do jardim e a única que suportou, merece conhecer o amor e todo o seu calor [...] - Cantarolei alto mexendo a cabeça ao som daquela bela canção. –Ai que saudade de um beija-flor que me beijou e depois voou, pra longe demais, pra longe de nós, saudades de um beijar flor lembranças de um antigo amor, o dia amanheceu tão lindo... eu durmo e acordo sorrindo.

A música termina e eu vou a olhar de relance para o deus grego que já me olhava. Sorrio para ele e o mesmo permanecia sério.

-Oque foi? Eu canto tão mal assim? –Pergunto

Abaixo o volume do som e olho para ele atenta.

-Você gosta dessa musica?

-Sim, gosto muito. –Respondo e ele balança a cabeça.

-Sua favorita?

-Digamos que sim. –Sorrio e passo as mãos nos seus cabelos bagunçados.

-É muito bonita a música, minha flor. - Ele diz sem me olhar.

Meu coração acelera com a demonstração de carinho dele. Suspiro fundo e abro um sorriso de lado. Eu fico toda boba quando ele diz algo carinhoso ou quando fica romântico. Viro o rosto de lado e fico olhando o movimento das ruas pela janela, ainda com a minha mão pousada em sua nuca puxando de leve seus cabelos.

Algumas músicas tocavam no rádio, mas estavam baixos e eu não estava mais interessada em ouvir música.

Depois de meia hora no trânsito, chegamos ao pé do morro. Insisti para que o deus grego me deixasse perto de uma esquina antes do morro para eu chegar sozinha, mas ele insistiu e disse que chegaria ao meu lado e que seria melhor, pois falaria de uma vez para o Alex sobre a gente. Suas palavras me deixaram um tanto nervosa, não posso arranjar um conflito agora com Alex, ainda não era o momento. Sei que tudo oque o deus grego disse foi fofo e me deixou toda derretida, mas não posso falhar. Não depois de tudo oque eu passei dentro desse morro.

No entanto, não contrariei a ideia do deus grego, de qualquer jeito ele iria falar e nada faria o mudar, nem mesmo eu conseguiria mudar isso.

Mordo os lábios de nervosismo, minhas mãos soavam mesmo com ar-condicionado ligado no carro. As pessoas que estavam nas ruas paravam para ver o carro do deus grego chegando, alguns moradores acenavam para ele. Ele desceu o vidro da janela e cumprimentava alguns moradores com um sorriso no rosto.

Depois de minutos estávamos em frente à casa da dona Cecília, já era quase uma hora da tarde. A calçada em frente à casa e tinha uma aglomeração de rapazes do movimento, todos armados. Olhei para o deus grego assustada, já imaginei que aquilo tudo seria o meu fim, e todos vieram para me matar com os seus fuzis.

-Isso é coisa de Alex... –Sussurrou o deus grego.

Ele estacionou o carro e me olhou sem dá a mínima para os rapazes ali em frente. Ele segura a minha mão e acena com a cabeça.

-Vai dar tudo certo. –Disse com a voz suave e tranquila.

Suspiro fundo e aceno de volta com a cabeça. Sinto um calafrio ao vê Alex estacionando sua moto em frente ao carro. Desci do carro com os olhos arregalados. A rua do nada lotou de gente, vários curiosos. Será que vieram para vê a minha morte? Bem capaz.

Alex caminha na minha direção com um semblante furioso e ao mesmo tempo preocupado. Ele me puxa com força pelo braço e me envolve em um abraço apertado e forçado. Mal consigo respirar com o seu abraço, ele era mais alto do que eu e também mais forte, eu nem conseguia colocar a cara no ombro dele direito para respirar.

OPERAÇÃO NO MORROOnde as histórias ganham vida. Descobre agora