Um Jantar com Miguel

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"Quero eu cantar e orar, ocupado eu quero estar, sim na vinha do Senhor[

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"Quero eu cantar e orar, ocupado eu quero estar, sim na vinha do Senhor[...]"
(Harpa cristã

      Ao chegarmos no restaurante que fica bem próximo, conversas sobre a universidade vem a tona, até que eu faço uma pergunta que acaba cortando um pouco o clima.

- E os seus pais, você nunca teve notícia deles?

Miguel no mesmo momento se calou.

- Me desculpe eu entrei num assusto que você não gostou nada, não é? - Tentava me redimir.

- Tudo bem, eu sinto que em você eu posso confiar, acho que chegou o momento de contar a minha história pra você de uma forma resumida. - Tomou ar nos pulmões. - Eu fui um filho indesejado na vida dos meus pais, eles nunca me quiseram. Quando meu pai soube da gravidez da minha mãe ele a abandonou, minha mãe não tinha nenhuma condição de cuidar de mim e me entregou a minha avó, então ela fugiu, minha avó nunca mais a viu, e meu pai... Quando eu fiz sete anos ele resolveu aparecer, me pediu perdão pelo tempo perdido, me fez promessas, me levou para sua casa e junto a mim levei minha avó, ele me deu tudo que eu precisava estudos dos melhores possíveis, roupas, brinquedos... Quando eu fiz dezoito anos ele me deu um carro, sempre foi um bom pai, só que estava bom demais para ser verdade, durante esse tempo que estive com ele, ele me escondia algo, recebia ligações de alguém sempre, nunca dizia para onde ia, as vezes passava a noite fora, dias fora de casa... Até que em uma dessas noites ele sumiu, passaram-se dois anos e ele não apareceu. Eu já não suportava a angustia, o desespero, achei que tivesse acontecido uma tragédia... Mas finalmente ele ligou dizendo que não dava para continuar comigo e com a minha avó, o trabalho dele, os afazeres dele eram mais importantes... Ele me tratou como um objeto Sarah, aquilo abriu a ferida que já estava sarada em relação a ele, eu percebi que o mesmo cafajeste, sem noção e irresponsável que abandonou a minha mãe continua sendo o mesmo, ele não mudou, o que criou uma grande revolta dentro de mim, arrumei minhas coisas e objetos, coloquei na mala do carro e voltei para a humilde casinha em que vivia eu e minha avó.

Eu só queria ficar longe do que me ligava a ele, deixei tudo para trás e fui recomeçar a minha vida, ele tentou mandar dinheiro para mim mas rejeitei severamente. Depois de três anos me telefonou, e até hoje telefona, eu continuo com o celular que ele me deu, então é a única coisa que ainda está me ligando a ele. E eu não sei o por que, mas é difícil pra mim me desfazer do celular...

- Porque apesar de tudo ele é seu pai Miguel. - Digo pegando em suas mãos que estão repousando sobre a mesa. - Eu sei que o que ele fez não é certo, mas nem por isso ele deixou de ser o seu pai.

Sarah - Garota Cristã- Livro 1 [Em Reforma]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora