Capítulo 29

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— Vocês fazem um casal bonitinho, não vou mentir. – Akemi disse rodando na cadeira que rangia. Talvez era hora de contar a situação que me encontrava porquê seria impossível convencer ela que éramos só amigos se não explicasse o motivo desse comportamento. Em pouco tempo ganhou minha total confiança, me acompanhou durante toda a semana, até pra outro estado viajou... Sentei na cama tentando achar uma posição confortável mas a minha cabeça doía, era inevitável... Encarei seus olhos e Akemi leu meu semblante sabendo que queria falar alguma uma coisa séria.
Contei toda a história do começo ao fim, nem percebi que lágrimas caíam de meu rosto enquanto dizia as palavras cortantes que tanto me torturavam, parecia que tirei um bolo preso de minha garganta e Akemi ouvia atentamente, séria. Tentei procurar em seus olhos pena, mas não senti... Veio ao meu lado na cama e segurou minhas mãos.
— Por isso que Dylan me trata assim. Era carinhoso antes disso tudo, agora acho que apenas seja cuidado pra que eu não faça alguma besteira...
— Lydia minha amiga... – disse limpando minhas bochechas cautelosamente com o polegar. – na cara que não é isso. Ele não acha que você vá fazer besteira nenhuma, realmente se preocupa contigo independente das tristezas... Da pra ver nos olhos dele.
— Está dizendo isso pra me sentir melhor. – disse isso deitando no travesseiro de Dylan que tinha seu perfume, de certo modo aquela fragrância sempre me acalmava um pouco.
— Lógico que não, vai ver com o tempo, é tudo recente... Sinto muito pelo seu namorado... –Akemi levantou colocando as mãos sobre a cintura. – E então, vai querer andar pelo campus comigo antes de nos trocar? – puxou meus pulsos me tirando daquela bolha de tristeza que já estava criando em volta de mim...
Assenti, talvez não seria má ideia respirar um pouco e olhar o pessoal... Também não queria estragar a viagem e a sua animação. Sorriu pra mim e trancou a porta saltitando pelos corredores.

Eram 16h finalmente faltava pouco pro jogo, Akemi passava o mínimo de maquiagem no rosto e eu também me maquiei um pouco só pra tirar a bolsa debaixo dos olhos, já não enganava ninguém que dizendo que não estava cansada. Tínhamos revezado na ida ao banho então eu me sentia renovada depois de uma ducha, antes disso demos uma volta no campus que por sinal era maravilhoso, fizemos até amizade com alguns alunos simpáticos que esperavam pelo jogo, o pessoal ali era mais caloroso que na NYU.
— Está pronta? – minha amiga amarrava seus sapatos enquanto me perguntava.
— Sim, vamos. – coloquei rapidamente minha mochila em cima da cama de Dylan e apressei-me á porta. Vesti a camiseta com o número dele 18, e a Akemi com a 00 de Patrick. Saímos do dormitório deixando tudo trancado e seguimos em direção ao campo, no caminho conseguimos ver a quantidade de alunos que aos poucos saíam do dormitório pra apreciar os atletas. A hora era do aquecimento e as arquibancadas iam enchendo, o campo parecia 2x maior que o do colégio e os meninos bem mais disciplinados e fortes o que me deu um pouco de receio pareciam ser brutos, conseguimos sentar num lugar onde dava pra ver tudo muito bem, o que foi pura sorte, não conhecíamos muito bem ali e o ponto era incrivelmente estratégico pra visualizar o campo todo. Dyl nos viu e logo correu em nossa direção dava pra ver seu sorriso pelo capacete, vestia aquelas ombreiras esquisitas e a famosa blusa 18 acompanhado daquela calça engraçada que eles vestiam. Akemi tirava fotos de tudo. Agradeci aos deuses por poder estar aqui nesse momento especial com ele, parecia feliz...
— O 18 fica bonito em você. – Dylan falou tirando seu capacete.
— É bom você ganhar hoje.
— Faço um touchdown pra ti. – piscou pra mim e foi indo em direção ao meio de campo devagar. – Quando o jogo terminar, fiquem aí que eu e Patrick depois do vestiário damos a volta, tem muita gente, não podemos perder vocês de vista. – assenti com a cabeça e meu amigo saiu correndo pra reunião do time.
Assim que saiu achei que escutaria uma piadinha de Akemi, mas ela não disse nada, apenas sorria amando tudo que via em volta. Talvez nossa conversa tenha surtido efeito, admiro cada vez mais a amizade dela por isso.

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