Hadassa me deu algum dinheiro e fiquei com o Vitor na entrada.
Olhando fixamente qualquer coisa na rua, me perguntou:
- Você quer comer alguma coisa naquela pizzaria?
Até que enfim, comida! Meu estômago já tinha uma cratera no lugar.
Envergonhada acenei com a cabeça.
Adentramos a pizzaria que estava vazia. Apenas um homem comia uma esfirra no balcão. Vitor pediu uma mini pizza de mussarela e eu pedi uma esfirra de frango. Sentamos numa mesa, um de frente para o outro. Terminamos de comer, e achei estranha toda aquela situação, porque Vitor não falava nada, apenas me observava com olhos assustados. Ele parou um pouco, respirou olhando para a mesa e disse:
- Késia você quer sair daqui?
- Por quê? - Não estava entendendo.
- Eu gostaria de falar com você sem outras pessoas ao redor.
Olhei em volta, mas a pizzaria estava quase vazia. Talvez Vitor estava muito incomodado com o que tinha para me falar. Comecei a ficar com medo, e o nervosismo pairava sobre meu corpo.
Me levou para um jardim ali perto. O segui até uma ponte de um lago e ficamos observando a escuridão estrelada do céu e as águas calmas do lago. Ele se apoiou no corrimão da ponte e olhou para mim. Olhou de uma maneira triste, como se tivesse perdendo algo.
- Vitor... sei que você tem algo a me dizer... - Falei quase sussurrando.
Vitor agora olhava para o céu. Me deixando apreensiva.
- Tentei por várias vezes esquecer que isso não aconteceria.... Tentei não enxergar... Mas, nada acontece como queremos. E você sabe disso, - ele me fitou por um instante - eu acabei me apaixonando pela pessoa que nem sabia da minha existência.
Continuava em silêncio, sem saber o que dizer. Vitor retomou:
- Infelizmente, nada é como queremos.
- O que você quer dizer? - Perguntei.
- Késia, consegui o emprego - nessa hora eu até sorri, mas a alegria não durou nem três segundos - mas transferiram minha vaga para o Reino Unido.
Senti uma pontada no peito, como um tiro dilacerante. Comecei a me sentir mal. Por que isso?
Vitor percebeu minha reação e me segurou nos braços. Me abraçou. E chorei baixinho.
- Késia, somos jovens e temos nossos sonhos. Sei que você seguirá os seus - ele falava como se já tivesse 30 anos.
- Vitor... Por que você apareceu na minha vida bagunçando meus sentimentos, me fazendo acreditar nisso? - Eu disse limpando as lágrimas.
Vitor se aproximou ainda mais, e vi lágrimas se formando em seus olhos.
- Késia, eu te amo.
Vitor me beijou. Foi um misto de ternura e carinho, sentia suas lágrimas escorrerem pelo meu rosto e as minhas no rosto dele.
Quando nos desprendemos, ele tirou do bolso aquele chaveiro, o mesmo do Charlie Brown Jr que tinha visto no carro e o pôs na minha mão.
- Toma. É para se lembrar de mim.
Esbocei um leve sorriso e nos beijamos novamente, só que era um beijo de despedida. O último. Aquele meu sorriso era a largada para o início de uma melancolia amorosa.
A volta para casa foi silenciosa. São aqueles momentos em que escutar absolutamente nada, significa tudo o que é preciso ouvir.
A última vez que nos vimos já transcrevia toda a saudade que sentiria dele nos próximos dias.
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Minhas Viagens Aventureiras
Teen FictionKésia é uma adolescente prestes a terminar o ensino médio para entrar na faculdade. Acostumada ao luxo, conforto e facilidades em sua vida, ela se depara com situações fora do seu convívio social e aprende a lidar com isso, onde também conhece o seu...
Platônico
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