- Falando em boys magia... - Cristiane falou olhando pra uns meninos que passavam por nós.

- Gente isso aqui é tão perfeito. - falei orgulhosa.

Continuamos andando e falando sobre as pessoas chatas da escola até que alguém segurou a alça da minha mochila.

- Olha quem está aqui - eu gelei na hora que olhei para aquele rosto com quilos de pó e um batom vermeho. Era Janaína, com a roupa daquele jeito vulgar de sempre. As amigas dela me olhavam da cabeça aos pés com cara de nojo.

As meninas me olharam sem entender.

- Essa que é a prima do Guilherme. - surrurei pra elas.

- Prima não cadela, N-a-m-o-r-a-d-a. - ela fez questão de dizer bem devagar. Então ele me trocou tão rápido assim?

- Olha como você fala com minha amiga sua palhaça. - Taila disse brava e continuou. - filhote de patati patata.

Amanda me puxou e fomos andando. Eu estava em choque, com medo, tudo voltou a minha mente e uma lágrima brotou.

- Esse ano promete, heim Anninha?! - Janaína disse rindo com suas amigas.

- Vai passar mais Maizena na cara e nos deixa em paz. - Cristiane falou com ódio.

Saímos andando pelos corredores, e entramos na biblioteca.

- Amiga, fica calma. - Amanda disse me sentando.

- Porque tem que ser assim? tinha tudo pra ser perfeito. - comecei a chorar.

- Cris, vou buscar água pra ela. - Amanda disse se retirando.

- Amiga, para, quem disse que aquele filhote de pirua vai estragar seu ano? levanta essa cabeça, e segue. A gente ta aqui. - Taila disse me abraçando.

- Se ela cruzar seu caminho eu juro que amasso aquela cara rebocada. - Cristiane disse e eu comecei a rir.

- So vocês para me deixar melhor. - disse limpando o resto das lágrimas.

- Toma sua aguinha Lice e vamos, o sinal ja bateu. - Disse Amanda com um sorriso que trasmitia "fica bem por favor".

Fomos andando e entramos na nossa sala.
As aulas passaram rápido, ja estamos na última.
Prestei atenção em todas, estava morta de cansaço.
Um bilhete pousou em minha mesa, era Amanda.

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MIGA, AMANHÃ A NOITE VAI TER UMA FESTA DE CONFRATERNIZAÇÃO AQUI DO CURSO, VÃO ALUGAR UMA BOATE. TOPA IR? JA FALEI COM AS MENINAS, TODAS TOPARAM.
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Já havia me esquecido dessa festa.

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NÃO SEI MANDA, NÃO GOSTO DE FESTAS.
NEM ROUPA PRA ISSO TENHO.
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joguei pra ela.
Não demorou muito e outro papel bateu em minha perna.

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AMIGA, VAMOS CURTIR, A TARDE VAMOS NO SHOPPING E COMPRAMOS.
DIZ QUE SIM AMIGAAAA. PFPF
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Quer saber?! Ela tem razão.

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TÁ, EU VOU.
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Mandei o bilhete torcendo pra ela não responder, o professor já estava observando disfarçadamente.
Mais ela respondeu, e o bilhete caiu bem longe da minha mesa.

Olhei pro professor, que ja estava indo em direção ao papel.

Droga!

- Alunos, temos certas moças aqui que estão tendo um papo muito interessante, acredito que seja sobre o assunto que estamos tratando. - ele disse ironicamente, abrindo o bilhete. - Acho que as senhoritas não é importariam se a classe participasse da conversa. - Olhei assutada para Amanda que já estava verde com uma cara de preocupada.

Olhei pro professor pedindo piedade.
Ele sorriu ironicamente.
E jogou o bilhete na minha mesa.
"Graças a Deus".

- Da próxima vez, não terei dó. - ele sussurou e continuou dando a aula.
Ele me odeia, só pode.

Li o bilhete
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AMIGA, VC VAI SAIR DA SECA. AMANHÃ PROMETE. KK AGORA VAMOS PRESTAR ATENÇÃO NA AULA.
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Olhei brava pra Amanda, que estava Vermelha de vergonha.

*****Guilherme Narrando******

Trabalho, trabalho e mais trabalho.
Ninguém merece.
Essa foi minha fuga para esquecer as perdas que tive nessas últimos meses.

Flashback on

Estou correndo pelo corredor.
Não, não pode ser assim, não dessa forma.

Vejo um tumulto na sala do CTI e me ponho a chorar.

- Estamos fazendo o possível. - Um medico neurologista, amigo do meu pai, me avisa. - Mas dessa vez, não sei se ele vai conseguir. Sinto muito.

- Desligue! - Choro angustiado. - Desligue a máquina!

Um dos enfermeiros me olha e sussurra pro médico responsável.

- Senhor Guilherme, tem que assinar alguns papéis para...

- Dane-se os papéis! Eu que mando aqui!. Vá! Acabe com o sofrimento do meu pai.

Todos os profissionais escutaram a conversa e se afastaram da cama, onde meu pai tremia.

- Sinto muito... - O médico diz.

- Todos sentem. - Murmuro friamente.

E de repente a cena se tornou lenta, as mãos do médico foram para um botão vermelho, abriu a caixinha que o protegia e apertou.
Meu mundo girou, olhei para o rosto falecido do meu pai e pelas suas expressões me lembrei dos velhos tempos. Do meu pai alegre, me dando conselhos sobre o amor, sobre a profissão, sobre como ser um homem honesto como ele foi. Me lembro da minha infância, eu criança correndo pelo jardim de casa, eu simplesmente me lembro de tudo e agora eu terei Guardado na minha memória o seu último suspiro.

Flashback off

Tudo mudou. Eu mudei.
Perdi pessoas que amava, fiz elas sofrerem por puro egoísmo.

Agora sou um homem mais importante para sociedade do que ja era. O Império do meu pai está em minhas mãos e isso não me deixou nem um pouco feliz. Do que adianta ter tudo e ao mesmo tempo não ter nada?

Estou dirigindo sem destino.
Preciso esfriar a cabeça.
Disco o número do meu amigo e ex colega de faculdade.

- Rafael?

- Iae pegador, beleza?

- Estou bem, tá afim de sair agora?

- Ja viu uma pessoa como EU negar uma festa?

- Assim que eu gosto, te pego no seu AP daqui meia hora.

- Velho, tu vai pra festa do cursinho Universitário amanhã?

- Claro Mano, já viu uma pessoa como eu negar uma festa?- falei o imitando.

- Aprende rápido heim ,Mano?!

- Vou desligar professor da conquista, pedágio a vista.

- Cuidado com a polícia, ladrão de coração.

- Vai pra merda Rafael. - disse rindo

Desliguei e continuei meu tráfego.
Festa do CUP, não queria ir, mas vou contra minha vontade. Preciso descarregar esse peso que está no meu coração.



O Rico E A PlebeiaWhere stories live. Discover now