CAPÍTULO XX.I

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Eric

  Ela estava a cada dia mais estranha, estava distante e fria. Passava um bom tempo fora do quarto e quando eu perguntava sobre o que ela estava fazendo me respondia vagamente. Fazia um mês que a gente estava aqui na ilha do Clã. O feiticeiro,que eu desconfiava ter uma quedinha pela Emily, vinha de vez enquando para injetar a quantidade mínima de antídoto para que ela não morresse mas que também não a curasse completamente.

Quando ela chegava do que quer que fazia, se sentava por horas na frente da janela e fixava seu olhar em um ponto distante.  Jenny passava a maior parte do tempo aqui também,  apesar que eu não apreciava a companhia dela tanto assim. Eu também dormia no mesmo quarto mas na forma de lobo e escutava as vezes de madrugada a Emily chorar baixinho e uma vez ou outra pedir perdão. Mas por que ? Se eu soubesse que ia causa tanto sofrimento assim a ela, eu a teria impedido de sair daquela maldita casa.

  Um sino ao longe toca insistente,  o que dizia que já eram sete da noite e com isso a Emily chegava. Fazíamos a maioria das refeições aqui mesmo, alguns guardas mal encarados traziam e a Jenny saia para caçar pela floresta, ninguém a impedia já que a maioria sabia que não tinha como escapar.

   Logo nos primeiros dias, eu saia para explorar mais a ilha, mas o que vi me deixou com o coração na mão. Várias espécies de sobrenaturais trabalhando com correntes presas a seus pulsos em escavações, outros lutavam entre si. 

  A porta se abre e a Emily entra cambaleando. Saio da cama onde estava deitado assistindo televisão e a amparo antes que ela beije o chão, estava gelada e coberta de suor.

- Emily? - a ponho nos braços e a levo para a cama - o que foi?

- Nada - responde fracamente.

- Nada uma ova.

  Coloco ela o mais gentilmente possível na cama  mas ela geme de dor e segura a cabeça, começa a choramingar baixinho e isso estava me deixando desesperado.A porta se abre e Jenny entra correndo, quando nos ver ela franze a testa e vem na nossa direção.

- O que houve com ela?

- Eu não sei - cubro a Emily com a colcha - ela chegou assim.

  Ela se contorce novamente virando o pescoço, assim consigo ver um pequeno calombo na parte de trás do pescoço com veias avermelhadas saindo do centro. Toco no pequeno local e dessa vez a Emily grita estridentemente se arqueando.

- Nãão!! - Jenny segura meu pulso - não faça isso.

- O que porra é essa aí atrás?

  A porta do quarto é aberta e vemos Meliorn entrando com um sorriso de orelha a orelha, ele se aproxima da cama e eu rosno para que mantenha distancia mas nada disso parecia afeta-lo. Ele se inclina e fala perto do rosto contorcido de dor da Emily.

- Não lute contra garotinha, será pior. Torne as coisas mais fáceis para você.

   De repente a Emily fica imóvel, meu coração acelera com a possibilidade de o coração dela ter parado. Uma luz intensa começa a se projetar de dentro dela, um redemoinho de luzes ofuscantes que nos cega, escuto a Jenny se afastar assustada e até mesmo Meliorn se surpreende. Todos os móveis do quarto começam a tremer violentamente, a janela com vista panorâmica de toda a ilha começa a trincar ruidosamente e depois explode em milhões de pedaços, um vento terrível entra elevando as cortinas pesadas.

- O que está acontecendo Eric? - Jenny grita.

  Já não conseguia mais ver a Emily na cama, seu corpo foi todo tomado por essa estranha luz. Meliorn começa a falar algumas palavras numa língua que eu desconhecia para talvez tentar para-la mas ele consegue o efeito contrário , desistindo ele pragueja. Com a minha audição avançada, eu consigo distinguir um cântigo, algo melodioso e ritmado como uma reza vindo dela e a luz começa a desvanecer aos poucos até finalmente sumir por completo, ouço a o riso lírico da Emy e ela se levanta da cama indo em direção a Meliorn, ela o encara por alguns segundo e cospe algo negro e gosmento no chão aos pés do feiticeiro.

- Dá próxima vez, tente mais. Acha que um localizador demoníaco vai me derrubar? - ela cerra as mãos em punho. Meliorn a encara e sai tempestivamente porta a fora.

- O que foi tudo isso? - pergunto com raiva.

- Isso o que? 

- Serio que você vai bancar a desentendida? A luz? os moveis se mexendo? ou quem sabe a porra da janela estilhaçada logo atrás de você. - grito a ultima parte

- Ele tentou por um demônio localizador em mim e o que houve aqui foi a minha essência celestial lutando contra ele. Satisfeito ?

  Balanço a cabeça concordando e ela vai em direção ao banheiro.

- Mais uma coisa - ela para na metade do caminho - eu vou dar um jeito de sairmos daqui

- Eu não posso sair daqui Eric

- Por que não?

- Eu prometo que irei explicar logo, só não agora - ela me olha nos olhos e é então que eu percebo a cor. Azuis celestiais. Mas como ? Ela entra antes que eu posso responder.

- Você está aqui a mais tempo e tem mais contatos aqui dentro - aponto para a Jenny que se encolhe quando me aproximo - o que sabe?

- Só sei que os meus amigos veem ela indo muito ao laboratório, só isso - ela fala.

  Saio do quarto e sigo pelos corredores apresado, sinto uma pressão na parte traseira perto do pescoço e a voz do Alan aparece novamente na minha cabeça.

- Eric?

  Abro a primeira porta que eu vejo e me escondo lá dentro.

- Estou aqui. O que houve?

- Iremos invadir dentro de poucos dias a Ilha, vocês precisam estar preparados - ele fala rápido.

- Não acho que a Emily irá querer sair daqui - comento cautelosamente

- Por que não ? Está acontecendo algo ? - um ruido seco acompanha a voz dele.

- Algumas coisas estranhas com a Emily.  Ela anda muito estranha ultimamente e ...

- Eric me escute - ele interrompe - se ela não quiser vir, dê um jeito. Arraste-a se for preciso, fui claro ?

- Sim senhor - a ligação se rompe.

  Me sento no chão empoeirado, meus dedos ficando marcados na poeira acumulada. Como eu faria a Emily sair daqui? Mais que inferno! Há algum tempo eu estava na minha casa na floresta e agora estou aqui, nessa confusão toda?

- Merda, como eu me meti nisso? 

- Começou com você me ajudando a fugir - a Emily está parada na porta.

- Nem ouvi você se aproximar - ela fecha a porta e se senta no chão ao meu lado, as pernas torneadas esticadas a sua frente, nossos ombros quase se tocando.

- Prefere ficar só? 

- Não... eu só tava pensando - desconverso - seus olhos estão azuis.

- Eu sei, eu vi no espelho. Não sei o que mudou para eles voltarem a essa cor - ela da de ombros - me desculpe por te envolver nisso - ela sussurra.

- Não é culpa sua, se eu não quisesse me envolver pode ter certeza que eu teria chamado seu irmão na hora.

  Sua risada ecoa pelo recinto.

- Obrigada - ela estica a mão e eu ponho a minha por cima, e ficamos assim por não sei quanto tempo, sentados na semi-escuridão do quarto de mãos dadas.  

   E foi naquele momento que eu soube que eu faria qualquer coisa por essa garota,que eu não tinha ido a propriedade dos Danvers em vão,  que eu iria achar um jeito de nos tirar daqui. Nem que isso custasse a minha vida...



A Marca dos Caídos - Livro I (COMPLETO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora