Capítulo XXIX

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O olhar triste, suas mãos se desprendendo de minha cintura, seu corpo se afastando do meu, tudo me fazia sentir um ódio maldito de Celina e de mim mesma.

Stevon segurou meu rosto com a mão e pude sentir seu toque firme e delicado acariciando meu rosto. " Desculpa", ele sussurrou dando um beijo leve no topo de minha cabeça. Ver ele se virar e se afastar de mim até sumir pelo arco de pedra me doeu o coração. Odiava esse tipo de dor. Ela é tão sorrateira, que quando menos se espera, está lá, sem aviso prévio...e quando vai? eu não sei. 

__ Ah, achei você!

Me virei para trás na direção da voz e uma garota de cabelos roxos e óculos fundo de garrafa se encontrava sorrindo. A pele dela ainda não possuía muitas tatuagens como as das demais mulheres que vi, eram apenas algumas bem simples e pequenas, com três adagas simples no ombro direito e uma foice no tornozelo.

__ Vem, Celina está te procurando.

Ela disse com a voz animada, me lembrando da minha angustia. Segui junto com ela, que tagarela o quanto eu tinha sorte por casar com um homem tão bom e lindo como Edward. Talvez, se não estivesse me sentindo mal pelo que ocorreu comigo e Stevon, pudesse dizer a ela o quanto estava errada. " As aparências enganam, querida. " disse quando voltamos para a entrada da festa e Celina se encontrava meio grogue a  minha espera. Não dei tempo para que a garota dissesse algo, apenas apressei o passo e deixei Celina entrelaçar seu braço no meu. Ela cheira a álcool. 

__ Seu príncipe negro já chegou Lalinha. - Disse sorridente e perto de meu rosto, me fazendo sentir ainda mais seu bafo podre. 

A noite já havia caído, cálida e calma com direito a uma lua apagada e estrelas cintilantes. Tudo parecia bem e feliz, menos eu. A tradicional marcha de entrada começou a soar e Celina deu o primeiro passo, me prendendo firmemente em seus braços.

__ Eu não deveria entrar com Stevon? ele é filho de Edward, não? -Perguntei para Celina, enquanto ainda caminhávamos para a entrada principal. 

__ E-edward? Ele não é bo-bo...ele e Stevon discutiram feeeiio ontem e tudo por sua culpaaa! Ele agora saaabe que Stevon não é mais fiieel a ele..culpa sua...sua..vaca, infeliz... - Celina se embolava com as palavras e ria enquanto me xingava. 

Ignorei quando ela começou a cantarolar a marcha e fiquei pensando o por que Stevon brigaria com o pai...seria mesmo por mim? isso só me fazia me sentir ainda pior, mesmo a culpa não sendo minha. Ela era unicamente de Celina!

Respirei fundo quando os olhares recaíram sobre mim. Percebi que alguns homens haviam chegado com Edward, possivelmente lobos de seu bando. Todos também vestiam ternos e alguns pareciam desconfortáveis com eles. Parei de olha-los e me concentrei apenas em olhar para o homem em pé no coreto. Edward estava devidamente vestido, e não havia como negar, ele realmente estava lindo, mas com esses tempos pude aprender que beleza não conta como caráter e caráter era uma palavra cujo Edward não compreendia o significado.

Quando finalmente parei ao seu lado no coreto, pensei que os sentimentos que me invadiriam eram angustia, dor, sofrimentos, porém tudo que consegui sentir era ódio e raiva.

__ Você esta perfeita, Verônica.

Edward sussurrou com os olhos negros brilhando enquanto uma feiticeira, vestida de terno vermelho se encarregava da cerimônia.  

Estremeci quando lembrei-me da historia que ele próprio me contou. Edward matou a pobre garota chamada Verônica apenas por que ela não correspondia ao seu amor. Isso me fez retornar a possibilidade que eu tinha de simplesmente dizer " não " a Edward naquela altar. Tinha esse direito em mãos e junto dele também tinha a possibilidade de Edward se descontrolar e arrancar minha cabeça. Amava esse lance de ter opções...

__ Sim!

Ouvi Edward dizer e não acreditei que já havíamos chegado nessa parte.

Edward me fitava de soslaio. A feiticeira em minha frente parecia entediada a espera da minha resposta. " Sim ", Edward sussurrou para mim, seu olhar me fez tremer.

Fechei os olhos e senti uma lágrima escapar. Inalei um pouco de ar para me sentir melhor e pude sentir um cheiro familiar de mato molhado. Um sorriso espontâneo brotou em meu rosto. Será que a ajuda havia chegado?






















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