Capitulo X

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Stevon me ajudava com a trilha e sem muito esforço chegamos em um lago.

Era um lago lindo, cristalino e eu podia ver as pedrinhas coloridas e peixes ao fundo. Uma plaquinha mostrava seu nome, assim como a do começo da trilha, " Lago dos espelhos ".

Ia perguntar a Stevon o por que desse nome, quando ele começou a me explicar.

__Sabe, se chama lago dos espelhos pois ele sempre irá refletir a verdadeira forma de uma criatura. - Ele disse. - Seja ela qual for.

__ Verdadeira forma? - Repeti confusa.

Ele concordou com a cabeça, embora não tenha me respondido verbalmente, se aproximou mais do lago, se ajoelhando na beira. Encarei o reflexo de Stevon na água, até ele se dissipar aos poucos e dar lugar ao reflexo de um verdadeiro lobo.

Era gigantesco, com pelo acinzentado e olhos azuis num tom extremamente forte e anormal.
Olhei para Stevon ao meu lado e para seu reflexo na água, era assustador, mais incrível! Fiquei boquiaberta.

__ Essa é sua verdadeira forma? - Perguntei, com um misto de surpresa, entusiasmo e medo.

__ Sim, essa é minha forma quando me transformo. - Ele disse focando no seu reflexo no lago.

__Seus olhos ficam ainda mais lindos na forma de lobo. - Disse a mais pura verdade, pois seus olhos me encantaram em seu tom de azul que se destacavam ainda mais em meio a cor cinza de seus pelos.

Ele sorrio, porém era um sorriso triste.

__ Eu não tenho orgulho disso, - Disse após alguns segundos em silencio.

Me virei em sua direção, ficando em sua frente, tentando entender o que ele quis dizer. Quando percebi estávamos nos encarando por alguns segundo e notei que ele se aproximava lentamente de mim. Uma de suas mãos tocava de leve meu rosto e a outra segurava minha cintura. Já podia sentir sua respiração em minha bochecha, nossos narizes se tocando, quando algo começou a andar pelas minhas costas e tinha certeza de que não eram as mãos de Stevon.

Estava fazendo cosquinha e não aguentei, então comecei a rir. Stevon se afastou um pouco e levantou uma sobrancelha. Ainda estava rindo, quando senti a corrente que usava no pescoço ser puxada brutalmente. Senti meu pescoço arder um pouco e com certeza ele estaria vermelho.
Olhei para Stevon que agora se segurava para não rir.

- O que foi isso? - Perguntei assustada.

- Calma, são só os duendes da floresta. - Respondeu tranquilo.

- Como assim são " só duendes da floresta" ! - Disse tentando imitar sua voz.

Ele riu.

- Ei, calma. Eles são praticamente inofensivos, só são atraídos por objetos brilhantes ou de muito boa aparência.

- Resumindo, são mini projetos de ladrões, né. - Falei.

- Por ai.... - Me respondeu.

- Você gostava daquela corrente? - Perguntou um tempo depois, quando as criaturinhas já haviam ido embora, sem nem ao menos aparecerem. Ele me explicou que era extremamente raro ver um duende da floresta, pois eram bem ligeiros. Pegavam o objeto que queriam e sumiam do mapa com ele.

Neguei com a cabeça.

Essa era minha sorte do dia, estava louca pra me livrar daquela corrente, mas como era presente de Jonne, atual namorado da minha mãe, não poderia simplesmente dizer que perdi ou Kelly me daria um de seus sermões, alegando a minha falta de responsabilidade e cuidados. um roubo mudava o ruma das coisas, pois não tinha culpa.

- Ainda bem, por que ia ser uma missão quase impossível tentar conseguir de volta. - Disse sorrindo.

Já estava ficando tarde e meu estomago roncava a toda hora, o que fazia Stevon rir e eu me sentir envergonhada. Voltamos para a cidadezinha e ele me levou a té uma lanchonete. Estava praticamente vazia, apenas com uma senhora já de idade sentada nos fundos e um grupo de três homens adultos perto do balcão.

Nos sentamos na mesa de entrada e um homem magro de óculos grossos e avental branco anotou nosso pedido. Comemos conversando coisas variadas e Stevon sempre me fazia rir.
A unica coisa chata que me incomodou eram os três homens do balcão, que ficavam nos lançando olhares estranhos a todo momento, porém Stevon disse para ignorar.

Por fim, ele me levou de volta para casa e se despediu de mim com um beijo no canto da minha boca. Ele ainda iria me enlouquecer com isso...

Suspirei vendo ele se afastar e entrei em casa. Anne estava largada no sofá da sala e quando me viu se levantou e veio até mim me dando um abraço.

- Desculpa Lauren, eu não queria te deixar sozinha aqui, mas eles não me deixavam ficar... - Falou manhosa, fazendo um biquinho fofo.

Sorri com aquilo e me soltei dela.

- não tem problema. - Disse sincera.

- Tem sim! - Respondeu cruzando os braços e batendo o pé no chão.

- As coisas por aqui estão um pouco perigosas e você é uma das únicas que não consegue se defender, e ainda sai andando por ai sozinha sem nem conhecer nada!

- Eu não estava sozinha... - Respondi contendo um sorriso.

Anne me olhava confusa, então expliquei que estava com Stevon, o que a fez dar um gritinho e pular. Ela me forçou a contar como foi o passeio e ouviu tudo atentamente, rindo quando falei dos duendes, pois segundo ela, só bocós são roubados por criaturas tão fracas e quando acabei ela se decepcionou pois como já havia comido, não poderia comer se " famoso macarrão com queijo". O que para mim foi um alivio.

Subi as escadas e encontrei meu pai no corredor. Ele falava no telefone e parecia desconfortável, quando me viu me entregou o telefone dizendo que era minha mãe.

Batemos um papo, ela me contou como estavam as coisas por lá e revirei os olhos tendo que ouvi-la dizer o quanto Jonne e ela estavam indo bem. Quando enfim perguntou sobre mim, ocultei uma boa parte louca da cidade e falei que estava ótima e com saudades.

Desliguei e segui para o meu quarto, me jogando na cama em seguida. Senti uma coisa em baixo do travesseiro e acabou que era jaqueta de Maxon. Levei ela para perto do meu nariz e inspirei seu cheiro agradável. O cheiro de Maxon era forte e embriagante, nada comparado ao de Stevon, que era mais suave, bem sutil.

De repente, a porta do meu quarto se abre, revelando uma kiel nada feliz .

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