Jogo as cobertas para o lado e me levanto indo em direção a varanda, abro as portas e saio para a noite fria e nublada. Respiro fundo o ar noturno e tento me acalmar. O pesadelo havia me levado ao momento em que eu havia sido capturado na batalha, na Ilha do Clã pouco antes de eu ser convocado. Ainda tinha muitas cicatrizes nas costas para lembrar o que haviam me feito em uma semana de torturas.

Um rápido movimento nas árvores chama a minha atenção, graças a minha visão noturna de lobo eu podia destacar duas formas humanas na borda da floresta, andavam sorrateiramente como se não quisessem ser notados. Entro no quarto, coloco minha camisa e a calça jeans e saio descalço o mais silenciosamente possível, a porta do escritório do Alan estava fechada mas a luz estava acessa o que significava que ainda estava trabalhando. Deve ser bom para os negócios já que ele não precisava dormir. A casa estava as escuras e não tinha sinal de movimentação então chego a porta principal girando a maçaneta devagar, sem fazer barulho.

O chão de pedregulhos da entrada estava congelando. Farejo o ar para tentar sentir o cheiro dos intrusos e fico surpreso quando sinto o odor humano. Mas como conseguiram passar pelos sentinelas? Corro seguindo a lateral da casa tentando não afugentar os estranhos. Usavam um sobretudo preto para se camuflar, estavam inclinados perto um do outro e agitavam as mãos como se estivessem discutindo. Rodeio uma árvore para tentar surpreende-los por trás. Em algum lugar uma coruja pia anunciando a caçada, um sapo coaxa não muito longe e vaga-lumes voam de lá para cá.

Consigo chegar perto o suficiente para dar uma chave de braço no desconhecido mais próximo. Um grito feminino sai do intruso me assustando o suficiente para larga-lo deixando cair de bunda no chão com força. O outro começa a gritar também e é então que eu percebo que são duas garotas.

- QUAL A PORRA DO SEU PROBLEMA? - ela empurra o gorro que estava usando, com a claridade consigo ver seu rosto que quando me encara empalidece visivelmente - Aydan?

- Livia ? - pergunto mais que surpreso, em choque - o que esta fazendo aqui?

- Eu ? O que VOCÊ está fazendo aqui - dou a mão para ela se levantar. Quando toca a minha mão uma corrente de energia passa pelo meu braço, ela recua como se também sentisse.

- Quem é ele ? - a outra pessoa também retira o gorro para mostrar o rosto melhor. Era outra garota, branca com os cabelos negros e olhos castanhos espertos

- É alguem que eu conheço - Livia responde e me olha interrogativamente - você não me respondeu.

Reviro os olhos. Deus, como eu havia sentido falta dessa curiosidade esperta dela.

- Vim ver meus irmãos - respondo simplesmente

- Seus irmãos? - sua testa forma um vinco enquanto ela franze a testa confusa, pouco depois seus olhos saltam quando a clareza a bate - ALAN E EMILY??

Balanço a cabeça afirmativamente.

- Mais você está morto - as duas falam em uníssono

Dou de ombros. Pelo visto a Emily tinha contado as duas. Claro, elas são amigas, idiota!

- Bem - Lívia limpa a garganta - esta é a Anne e amiga, este é o Aydan.

Ela acena com a cabeça me olhando desconfiada.

- Então como vocês invadiram a propriedade - sorrio um pouco - sabem que é crime não é? Podem ser presas por invasão a propriedade privada.

- B-bem é q-que - o rosto dele ruboriza - a Emily não nos responde e estamos preocupadas. Faz semanas que não a vemos

Abro a boca para falar e uma voz grossa vem por trás da gente.

- É por que ela não está aqui - o Alan chega calmamente com uma expressão glacial, vestia um moletom cinza e uma blusa preta. Percebo que Anne enrigesse e olha para qualquer lugar menos o meu irmão, e este parece fazer o mesmo.

A Marca dos Caídos - Livro I (COMPLETO)Where stories live. Discover now