Na bad

110 19 48
                                    




Não dormi a noite inteira, imagens de tudo que havia acontecido na noite passada me assombravam. Não é pra menos. Como eu pude ser tão cega? Como eu não vi todos os sinais em minha frente, gritando e pulando como um letreiro luminoso digno de Vegas? A falta total de ciúmes, o pouco caso, a falta de reação dele era visível, ele havia mudado tanto no último ano. Agora eu sei o porquê. Porque ele não se importava mais! Simples assim. E ainda tinha a cara de pau de mentir: "aconteceu". Aconteceu sim, aconteceu de eu ser uma idiota, burra e cega por um cara que não estava mais nem aí pra mim.

O início do nosso namoro foi ótimo. Ele era romântico, atencioso e carinhoso. Estávamos sempre nos divertindo com qualquer coisa. Ele me surpreendia com frequência. As vezes aparecia com uma rosa, outras vezes com um bombom, tinha dias que ele simplesmente aparecia, me fazendo uma surpresa. Namorávamos há 2 anos e meio, e nosso namoro foi ótimo por 1 ano, até aquela viagem com José.

José era um colega de trabalho, viajamos para fechar um negócio muito importante na época. Eu precisava ir por conta de toda parte contratual e José, porquê conhecia a empresa que compraríamos melhor do que ninguém. Não tínhamos uma amizade muito próxima, apenas a convivência na empresa, mesmo assim Rony surtou. Ele não era o tipo de namorado super ciumento que privava das coisas. Apresentava um ciúmes normal, eventualmente, nada que levantasse suspeitas em mim. Aquele surto veio do nada, sem explicações. Me assustou muito e eu não soube lidar com aquilo no momento. Apenas conversamos sobre o "surto"após o ocorrido. Depois disso, ele começou a mudar. Jurei que nada havia acontecido e ele sabia a importância daquela viagem. Nada adiantou. Eu não posso falar que não notei a mudança dele, mas não havia me tocado do quão grave havia sido. E a tonta aqui achando que era por causa da conversa que tivemos. Sou burra mesmo!

...

Acordei quebrada e fui trabalhar fazendo cosplay de panda, né? Nem maquiagem deu jeito no meu rosto inchado. Cheguei na empresa e fui direto pra minha mesa, evitando olhar pra quem quer que fosse, me sentia uma criminosa procurada pela polícia, de tanto que me esforcei pra não ser vista. Não queria responder nenhuma das perguntas que estavam por vir, pois eu sabia que desabaria, novamente, a qualquer momento e não queria chorar no meu serviço. Até Linda entrar na sala.

-ANNA? Pelo amor de Deus, Anna, o que houve? - a voz dela saiu preocupada e estridente.

Mari vinha com ela, distraída, se assustou com Linda e olhou pra mim imediatamente, mudando de assustada para horrorizada em segundos. Pelo visto eu tinha feito um péssimo trabalho na maquiagem.

-Nada, meninas. Só não dormi bem! - menti na cara dura, enquanto ligava o computador e arrumava alguns papéis na minha mesa.

-Desembucha, Anna. - Linda era autoritária e eu estava bem frágil para enfrentá-la.

Respirei fundo umas duas vezes tentando segurar as lágrimas, sem sucesso, e contei tudo. Falei tudo que precisava falar. Desabafei! Quanto mais eu falava, mais eu me acalmava. Linda e Mari ouviam tudo atentamente, vez ou outra mudando a expressão de piedade para raiva, sempre que eu tocava no nome dele. Conhecendo Linda, sabia que ela já tinha, pelo menos, uns 5 planos de vingança.

Conversamos por uns 40 minutos. Chorei tudo que tinha que chorar ali, naquela sala, só nós 3 e o serviço acumulado. Mari me abraçou e assim ficou por algum tempo. Foi reconfortante, mas nada tirava o ego ferido e a dor dentro de mim. Era estranho o que eu estava sentindo, eu me sentia leve, mas em contrapartida, a dor de ter sido enganada e de ter me enganado, pesava uma tonelada.

-Vem Anna. Vou arrumar sua maquiagem e você não vai derramar mais nenhuma lágrima por esse canalha. Você merece coisa melhor, e sabe disso. - ela saiu me puxando em direção ao banheiro, que ficava logo ao lado da minha sala. - Mari!? - ela chamou, autoritária. -Nós 3 vamos sair pra beber hoje. E eu não estou perguntando. - terminou de falar e entrou no banheiro comigo, sem sequer esperar a Mari esboçar uma reação.

Linda fez um ótimo trabalho no meu cosplay de panda inchado. Nem parecia que eu estava chorando há menos de 20m. Como ela era boa nisso. Uau! No que aquela mulher não era boa? Será que existia algo que ela não fazia bem? Eu admirava Linda por sua força, sua energia, por ser tão dona de si mesma. Ela não tinha medo de sentir o que quer que fosse, não se privava do que queria e, incontáveis vezes, já declarou que devia satisfação apenas a si mesma. Eu, secretamente, queria ser mais como ela.

Trabalhei o resto do dia naquele ânimo de quem bebeu todas no sábado e precisava trabalhar no domingo. Mari, quando me via desanimada, sempre puxava um assunto mais alegre para me distrair, até falava de coisas que ela não costumava falar, como homens bonitos, cenas quentes da novela. Ela realmente estava se esforçando para me ver sorrir. Já Linda aparecia vez ou outra durante o dia para tentar me animar. Por algum milagre, não chorei mais, mas também quase não sorri. Passei o dia em um estado de choque, meio dormente. Tentava entender tudo que estava em minha mente e no meu coração.

Será que nasci pra ficar sozinha? Será que eu merecia aquilo tudo? Será que a traição foi minha culpa? E se eu não tivesse ido viajar com José aquele dia? Será que Rony ainda seria o mesmo?


Será que nasci pra ficar sozinha? Será que eu merecia aquilo tudo? Será que a traição foi minha culpa? E se eu não tivesse ido viajar com José aquele dia? Será que Rony ainda seria o mesmo?

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Oi, meus pudinzinhos. Como estão?

Me falem, o que estão achando do livro até agora, por favor!

E votem também. Vou adorar hahahaha

Beijos :*

Ela quer mais.Where stories live. Discover now