Capítulo 4 - Perguntas

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A água começou a esfriar. Ela tentou ligar e regular, mas resultou em um total fracasso. Água espalhando por todo lado e ela tentando controlar com a mão enquanto ria. Haviam três torneiras, qual fecharia aquilo? Ela testou uma a uma, se divertindo com a confusão, até que finalmente a água parou de escorrer. Secou-se com a toalha e foi para o quarto. Não tinha notado antes, mas havia uma roupa em cima da cama, já que Adrian definitivamente não entrou durante esse tempo. "Provavelmente ele já foi para a festa.", pensou alto, enquanto respirou fundo. Provavelmente.


***


Adrian saiu do quarto, irritado. Ele não devia contar sobre si mesmo à ninguém. Não é da conta dela ou de qualquer outra o porquê de ele ter uma chave, um terno ou o que seja. E sabia que apenas o nome era suficiente para se apresentar, já que a mídia fizera todo o trabalho pra ele. O moreno deveria descer, já que seu trabalho com a desconhecida ainda sem nome acabara. Um homem enfurecido, com seus deveres terminados, apenas deveria descer e tomar uma cerveja em paz. Deveria.


"Por que sigo nesse corredor? Eu vou esperar mesmo pela Garota Sem Nome? Ela deve saber se vestir sozinha e descer. Deve ouvir a música e encontrar o local certo da festa. Ok, mas talvez ela não saiba. E se continuar falando comigo e fazendo suposições ou continuar arrancando verdades de mim de uma forma que eu não consiga parar de falar? Ela pretende tomar banho para sempre? Merda, Edward está subindo."


Ele abriu a porta rapidamente, entrando antes que seu irmão o visse e começasse a perguntar ou supor coisas, fazendo suas piadinhas de sempre.


"Vamos, garota, você planeja tomar banho para s--", se interrompeu, olhando o corpo dela. "--sinto muito. Eu... realmente sinto, droga!"

"Eu... Eu já acabei! Você deveria bater! O que você está fazendo aqui?", seus olhos estavam grandes, assustados.

"E você deveria se trocar no banheiro! Eu vim porque--"


Enquanto discutiam, Adrian demorou pra dizer o que realmente iria dizer: Edward estava perto. Com as vozes altas, rapidamente Edward reconheceu de onde vinha o barulho – e a voz de seu irmão, e abriu a porta.


"Festas na piscina, já disse!", disse alto, mas rindo, olhando os dois. "Uma mulher nua, mas já, Adrian?"

"Edward. Vá! Agora!", Adrian a abraçou, gritando.

"Me surpreendeu, hein? Espertão... Já veio pro quarto. Espera, Cassie, é você?", a risada terminou.

"Edward, não me faça ir aí. Agora, eu disse ou vai se arrepender!", gritou mais.

"Ok! Tchau, casal. Não façam barulho."


Edward fechou a porta, enquanto Adrian lançava a bota de Cassie, com fúria, na porta. O outro braço seguia ao redor dela, pressionando-a contra ele. Ela não podia se mexer. Não queria. Tinha seus olhos vidrados em cada movimento dele e o corpo vibrando a cada grito. Ela não teve medo, teve curiosidade. O mesmo homem que discutia com ela, a abraçava e gritava com outra pessoa por sua causa. Doce e rude. Protetor e arrogante. Confuso, mas interessante.

Adrian tinha a respiração acelerada e seus olhos pareciam mais escuros do que Cassie tinha visto mais cedo. O rosto sério, as sobrancelhas arqueadas e o maxilar forte, fazendo seus lábios se pressionarem ainda mais. Tudo em Adrian parecia mais agressivo, até o abraço. Os dois se olharam um tempo. Ele com fúria, ela sem deixar que o medo tomasse conta de si.


"Por que você me abraçou?", disse em voz baixa.

"Porque não quero que Edward veja você assim, de toalha!", respondeu, incrédulo.

"Mas... Por que? Eu poderia ser uma das cinco mil ex que ele tem!"

"Você é?", arregalou os olhos, soltando seu corpo.

"Não. Não, eu não sou! Adrian, eu não sou!", segurou a toalha, dando um passo para frente.

"Eu saberia se você tivesse se apresentado. Eu não sei nem o seu nome e agora... Uau, poderia ser a ex do meu irmão e eu a vi quase nua! Me sinto patético, um imbecil! Eu sinto muito, espero você lá fora."

"Meu nome é Cassandra. Cassie! Por que me abraçou? Me diz, não sai do quarto grosso comigo outra vez. Você acabou de me proteger!"

"Eu não queria que meu irmão visse seu corpo exposto e vulnerável. Não queria que ele tivesse ideias fantasiosas com você, Cassandra.", respirou fundo.

"Por quê?", deu mais um passo para frente.

"Isso é tudo. Vista-se."


Adrian saiu do quarto e, dessa vez, encostou-se à porta, como um guardião. Nem Edward, nem outra pessoa, nem sequer os próprios pensamentos dele entrariam no quarto.


"Cassandra. Então assim chama a Garota Sem Nome. Cassandra faz mil perguntas. Eu odeio responder perguntas! Por que a abracei? Por que a protegi? Por que sigo aqui? (...) Não é obvio? Se ela soubesse como os homens são e que qualquer um poderia se aproveitar dela, nunca teria deixado a porta destrancada. Deveria aprender à se cuidar. Talvez ela saiba e esse foi apenas um mal momento. Afinal, ela sabe de mim, mas eu não sei nada sobre ela. Nada além de um nome."


Ele decidiu descer e esperá-la no sofá. Ninguém poderia entrar na casa sem ele notar, de qualquer forma e ficar na porta do quarto de alguém que ele apenas sabia o nome, não parecia algo comum ou ideal. Enquanto isso, Cassie se trocava no seu tempo, sempre olhando a porta, como se esperasse Adrian voltar. A roupa que ele providenciou estava no closet, provavelmente roupa de alguma ex de Edward. Havia uma calça roxo claro de ginástica, uma camiseta com o rosto da Minnie e um cardigã cinza. Não era a melhor combinação, mas com um olhar breve no que restou no closet, apenas isso caberia nela. Adrian descobriu isso rapidamente. Cassie sorriu, saindo do closet.


"Então foi por isso que ele demorou! Ele veio escolher uma roupa para mim... E como sabia meu número em menos de 5 minutos comigo? Talvez... Quando ele me abraçou para entrarmos ou quando me viu na sala prestou alguma atenção. Sério, como ele fez isso? Será que eu devia perguntar ou ele vai se irritar de novo? Tem tanto que eu quero me perguntar... Eu preciso de mais tempo com ele!"


Ela mordeu o lábio, contendo o sorriso de excitação por saber que ia vê-lo ao abrir a porta. Cassie havia se decidido: ia perguntar tudo o que queria saber sobre seu protetor e não importava a raiva com que ele a olhe ou responda. E ela teria a festa toda para isso, até que seu celular toca.


"Alô?", fechou os olhos com força.

"Amor, em 5 minutos estou chegando aí. Esperei a chuva passar. Já chegou?", riu.

"Hum... Já. E ok. Até daqui a pouco."

"Até. Eu te amo..."


A garota desligou, sem responder. Ela tinha apenas mais cinco minutos com Adrian. Talvez os últimos cinco minutos para nunca mais. Era a chance que tinha. Saiu rapidamente, em direção à porta, abrindo-a e olhou o corredor. Seu peito apertou quando não o viu, apesar de seu perfume seguir presente. Ele havia desistido de esperar? Ele desistiu pelas perguntas? Ela puxou o ar e gritou.


"Adrian!"

"No sofá!", gritou de volta.


Seu peito se acalmou e ela sorriu, andando rápido, rumo à escada.

Ele não desistiu dela.

E ela não desistiria dele.


A AmanteWhere stories live. Discover now