Capítulo 3 - O terno

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Já está escuro quando o celular de Cassie começa a tocar. Na verdade, tocou algumas vezes, antes, mas ela dormiu de maneira profunda, se desviando de qualquer barulho ou problema. Dessa vez, o celular tocou repetidamente por três vezes, despertando-a.


"Oi...", a voz saiu baixa, enquanto seus olhos estavam semi fechados.

"Amor, eu --", Chris tinha a voz doce, agora.

"-- Você... Eu vou voltar a dormir."

"Não! Eu não quero brigar outra vez. Queria te chamar pra sair."

"Você é bipolar, só pode ser! Eu não sei se quero mesmo sair com você, hoje."

"Sei que não quer nenhum encontro romântico, Cassie. Não sou idiota! Eddie vai dar uma festa, suas amigas vão estar lá. Por que não vamos?"

"Hum...", passou a mão no cabelo. "Posso ir. Só quero que fique claro, é pelas minhas amigas! Eu vou me arrumar."

"Só que tem um problema..."

"Claro que tem...", rolou os olhos.

"É aniversário da tia Ellen. Eu vou à casa dela, dar um oi e depois, corro para a festa e te encontro."

"Você quer dizer... que não vem me buscar?", disse, sarcástica.

"Mas vou te encontrar lá!"

"Ok, Christopher. Como sempre, ok."


Cassie desligou, ignorando as duas ligações seguintes de Christopher. Ele fazia muito por ela, mas sempre tinha um "mas..." escondido entre suas ações. Ela sabia que o loiro convidá-la à uma festa onde ele poderia ter outra garota e seus amigos esconderiam esse segredo, definitivamente significava que ela era a escolha dele. Mesmo assim, não podia esconder que seguia desapontada pelo que aconteceu e por ele não ir com ela, como um casal. "Ele não deveria me convidar para ir ao aniversário, também?", era a pergunta que rondava sua mente.

Logo depois de se arrumar, contou suas economias. Um táxi nessa chuva foi sua melhor ideia. Vestiu uma jaqueta, ao ouvir o vento agitar sua janela, pegou seu celular e foi rumo à casa de Edward.


"Sem mais pensamentos sobre Christopher até ele chegar. Eu sei me divertir sozinha. Afinal, é sozinha que ele me deixa...", pensou.


A chuva começou a cair, enquanto ela admirava a paisagem através do vidro do carro. Cassie não vive na parte "rica" de Seattle e as decorações caras e exageradas de Natal, atraíam seus olhos. Quando o táxi estacionou, a chuva se intensificou.


"O senhor tem um guarda chuva pra emprestar? Eu só preciso até chegar ao portão!", perguntou ao taxista.

"Hoje não, Senhorita. Então é melhor correr.", respondeu com sotaque indiano, sorrindo,  humildemente.

"Droga! Obrigada!"


Cassie saiu correndo em direção ao portão. Correu quase um quarteirão, já que haviam inúmeros carros estacionados para a festa e o taxista não conseguiu parar tão perto. Quis gritar quando as luzes se apagaram, mas seguiu correndo até que se acendessem novamente. Ela sempre se esforça para ser mais forte do que sente que é. Na verdade, Cassie é forte, mas não sabe.

Ao se aproximar, cruzou com um homem, olhando um pequeno molho de chaves, provavelmente decidindo qual abriria o portão. Rapidamente, ele se decidiu e o abriu.

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