Cap. 02 - Acho que me drogaram

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Isso só pode ser brincadeira. -penso acelerando ainda mais. Tinha certeza de que se estivesse naquela olimpiada anual estupida do colegio teria facilmente vencido.
Viro mais uma intersecção, esse colégio era um maldito labirinto e eu já estava perdida. Mas que droga, eu mal podia enchergar um palmo a frente do meu nariz.
Viro-me pra trás a tempo de ver os dentes brancos da criatura retinindo a menos de seis metros de distância e sinto o sangue esvair-se do meu rosto.
Eu estava muito morta.
Viro o rosto pra frente novamente e meus olhos se arregalam no momento em que tropeço. Meu corpo impulsionando-se pra frente e indo de encontro ao chão.
Em um movimento rápido eu ponho minha mão a minha frente impedindo que meu rosto sofresse o impacto da queda e sinto uma fisgada de dor subir por todo meu antebraço esquerdo, quadris e tornozelos.
Encaro a criatura que me perseguia. Agora ela aproximava-se lentamente, seus olhos da cor de um rubi capitando cada movimento meu, sua boca aberta mostrando seus dentes brancos e pontudos como se mal pudesse esperar pra fazer de mim seu jantar.
Meus olhos perdem-se ao redor procurando por algo que pudesse me ajudar e param sobre algo brilhante. Sem perder tempo pra dar uma ultima olhada eu me levanto rapidamente e quase caio novamente, de costas, mas recupero o equilibrio e corro desajeitadamente, lançando-me sobre a parede a minha direita e tirando a espada da bainha da armadura mais proxima, o som de metal sobre metal ecoa pelas paredes junto com um rosnado.
Viro-me para a criatura e junto minhas forças erguendo a espada a minha frente defensivamente. Como era pesada.
Ele rosna e se aproxima ainda mais deixando-me finalmente ver sua aparência, que era como a de um cão do tamanho de um tanque de guerra. Seu pelo é negro e lustroso, misturando-se a escuridão, seus dentes longos e afiados têm quase duas vezes o tamanho da minha mão fazendo com que ele pareça poder me engolir de uma só vez e seus olhos vermelhos como sangue encaram-me com uma furia sangrenta, como se me dilacerar fosse o que ele mais queria no mundo.
Meus olhos arregalam-se e meu corpo parece paralisar de medo. Eu sempre morri de medo de cachorros... Mas então ele pula, sua boca vem em minha direção e eu abaixo-me no último segundo, girando por baixo de seu corpo e erguendo a espada, rasgando sua garganta e saindo de seu caminho enquanto ele atinge a parede, atravessando-a.
Eu volto a correr e disparo pelo corredor aliviada por estar viva e perguntando-me o que diabos estava acontecendo. Será que ninguém havia escutado aquilo?
Toda a situação era tão surreal que mais me parecia um pesadelo, mas eu não lembrava de ter dormido.
Ouço seu latido repetidas vezes, alto, forte, perto e entro no próximo corredor esbarrando na parede e quase perdendo a direção. Eu era como um trem desgovernado indo de encontro ao fim da linha, bastava um empurrãozinho e sairia dos trilhos destruindo tudo que se colocasse em meu caminho.
Algo pesado chocasse contra mim empurrando-me para o lado, fazendo com que o ar se prenda a minha garganta e meu corpo vá de encontro a parede, no alto, e depois seguindo a gravidade de encontro ao chão.
Observo ele se aproximar novamente, sua imagem parece cada vez menos nítida e sinto como se meu cérebro estive abrindo passagem pra fora do meu crânio, escorrendo pelas orelhas...

ΩΩΩ

Acordo sentindo gosto de pudim e milkshake de morango e abro lentamente os olhos, eu sinto como se alguém tivesse jogado areia e então posto super-cola pra fecha-los. Meu corpo inteiro doi sob o chão frio e duro de pedra e tudo a minha volta parece borrado e tem um tom avermelhado, assim não consigo identificar a pessoa curvada sobre mim.
-Luna? Você está bem? -ele chama, a preocupação pingando em sua voz. Puxo o ar fortemente e engasgo quando pareço levar uma facada no pulmão. -Me desculpe! Tome. -ele começa e sinto algo ser pressionado em minha boca, e aquele gosto novamente, então mais uma vez tudo perde a cor e eu os sentidos.

Quando acordo novamente meu rosto é aquecido pelos raios solares e tecidos macios acariciam minha pele.

Abro os olhos e encaro a janela aberta com as cortinas rosas movendo-se suavemente. Estranho... Eu não me lembrava de ter ido ao dormitório.
-Finalmente! Já estavamos achando que você tivesse morrido. -uma das irmãs Smith diz, sua voz aguda acordando-me rapidamente. Esta era Camille, a menos fútil das duas, embora fosse realmente difícil decidir.
-Como se eu fosse lhes dar esse gostinho. -respondo sentando-me e sinto como se minha cabeça fosse explodir. Eu precisava de um dipirona.

A Herdeira PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora