VISITA

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E N Z O    T E I X E I R A

Depois que a enfermeira me deixou sozinho no corredor da UTI, eu comecei a perambular lentamente pelos corredores do hospital. Apesar da iluminação, a noite o lugar não deixava de ser bizarro.

Já estiveram em um hospital à noite?

Os quartos escuros, mesmo os ocupados, eram sombrios. O eco ajudava a completar o cenário de terror total. Sei que esses pensamentos eram apenas a minha mente se deixando levar pelos últimos acontecimentos.

Mesmo sabendo disso, ainda continuava sentindo um leve arrepio na espinha.

Gosto de pensar que é o ar condicionado.

Continuei caminhando atento, mas os ecos dos meus passos estavam tão altos que temi que aquela enfermeira voltasse e me mandasse fazer silêncio. Caminhei na pontinha dos pés, o que me fez ficar mais lento, mas menos barulhento.

Merda! O que diabos essa garota estava inventando?

Sabia que Cassie ainda mais estava perturbada pelos últimos acontecimentos, ainda mais depois da conversa de hoje mais cedo.

Ela queria respostas, tudo bem, mas não é desse jeito que ela vai conseguir. Seja lá o jeito que ela estiver pensando. Isso era um trabalho para Rodolfo e a polícia. Nós já tínhamos ido longe demais.

Consegui me guiar pelas placas chegando até a ala psiquiátrica. Uma porta dupla separava aquela área do restante do hospital. Congelei por uns instantes, temendo encontrar outros tipos de malucos, feito o Stalker.

Balancei a cabeça dispensado esse pensamento idiota.

Atravessei a porta e me deparei com mais corredores extensos e com a maioria das luzes dos quartos apagadas. Os dois primeiros corredores eram da área infantil. Colorido, desenhos nas paredes, deixando o ar mais acolhedor para as crianças.

Atravessei os dois corredores infantis na ponta do pé. Não queria incomodar ninguém fazendo barulho. Atravessei o corredor, virando numa curva que dava para mais dois corredores e um deles tinha outra porta dupla indicando a ala adulta.

Segui atentamente pela área psiquiatra adulta. Tinha absoluta certeza que Cassie estava aqui. Já estava virando para o corredor à esquerda, quando eu ouvi passos. Alguém estava correndo, me virei na direção do som e ouvi Cassie gritando por socorro.

Meu coração disparou, avistei ela correndo enquanto olhava para trás.

Parecia apavorada.

Sem olhar para frente ela quase bateu em mim, mas a segurei a tempo

— Ele fugiu! — foi o que ela disse ao me olhar com seus olhos arregalados — Ele não está lá! Ele fugiu! Ele estava atrás de mim!

Sua voz ecoou pelo corredor, soando altíssimos.

Segurei seu rosto e a fiz me olhar nos olhos. Na intenção de acalmá-la, Cassie respira. Calma. — disse pausadamente — Do que você está falando?

— Temos que sair daqui! Agora! — ela segurou meu pulso e começou a me puxar.

A enfermeira surgiu como um legítimo personagem de filmes de terror. Sabe aquele personagem que aparece nos lugares sem fazer barulho? Ela estava olhando feio pra gente, parecendo irritada.

— Será que eu vou ter que expulsar vocês daqui!? — disse ríspida — Isso é um hospital! Deve se fazer silêncio! Vão perturbar os pacientes.

Cassie correu até a enfermeira e a segurou pelo pulso. — Ele fugiu! O assassino fugiu!

STALKER - O Fantasma cibernéticoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora