Quem é você de verdade?||1° NH

47º Capítulo

Lara Cooper

    ''Estou pronta.'' Nicolle anuncia enquanto chega à sala usando um vestidinho preto com detalhes brancos e um salto não muito alto. Ela sorri e gira em um pé, para que eu veja melhor sua roupa casual para um encontro importante. ''Como estou?'' Ela pergunta e eu me levanto do sofá acabando de colocar o salto no pé.

''Você está linda.'' Digo e ela sorri se aproximando do espelho ao lado da porta, enquanto abre um batom vermelho e passa nos lábios. Ajeito os fios loiros do meu cabelo com as mãos e concordo com Nicolle quando ela anuncia que vamos sair.

    

     Saio na frente e deixo que ela tranque a casa, enquanto controlo meus nervos. Em questão de minutos, estarei cara a cara com um homem que talvez nem saiba da minha existência. Que talvez nem seja o cara que não sabe dela. Minhas mãos suam e eu sinto que vou surtar a qualquer momento, gostaria de abrir o jogo com a Ni, mas as coisas não são tão simples assim. Respiro fundo quando a porta do elevador se abre e caminhamos pela recepção vazia indo até o estacionamento na parte de trás do prédio. O pequeno carro preto é destravado e eu entro no banco carona. O carro dela tinha cheiro de baunilha e gloss, era uma mistura também agradável.

     Passo o caminho todo cantando e rindo das piores piadas que a Ni, um dia já me contou. As ruas iluminadas de Londres me chamam a atenção pelo fato de serem diferentes das de Oxford. Gosto daqui, gosto do clima leve, mesmo com um peso em minhas costas. Nicolle para o carro em frente a um lugar gigante que mais parece uma casa. Salto do carro ao mesmo tempo que ela que entrega a chave a um senhor cheiroso que sorri e diz o caminho para nós até a entrada. Meu coração se acelera a cada passo e nunca estive tão tensa. Ele nem sabe quem é você, relaxa - penso enquanto caminho ao lado da minha melhor amiga para dentro de um restaurante simplesmente muito chique.

     Nós somos levadas até uma mesa por uma recepcionista que nos entrega um cardápio e pede licença quando se retira dali. Tento evitar ao máximo o nervosismo, quando Ni começa a bater os pés, da maneira que sempre faz quando está ansiosa, nervosa, ou com medo.

''Vai ficar tudo bem. Você vai se dar bem.'' Encorajo-a enquanto esfrego minhas mãos e tento relaxar meus ombros que nunca estiveram tão certos.

''E se ele for rude ou algo do tipo?'' Ela pergunta enquanto morde o lábio inferior desviando os olhos para a entrada do lugar.

''Vai ficar tudo bem. Se ele for grosso, não me importo em lhe dar uns foras.'' Rio para que ela relaxe e parece funcionar.

    Nossos olhares são atraídos para um homem de camisa social azulada, calça jeans e cabelo bem penteado que se aproxima da mesa acompanhado de uma mulher morena, e literalmente o que eu me imagino no futuro. Estou boquiaberta quando o cheiro de seu perfume invade meu nariz e sou tomada pela atenção quando Nicolle faz sinal para que eu me levante. Respiro fundo e tento segurar firme a mão do homem bem vestido na minha frente, mas minhas mãos tremem e eu a recolho rápido voltando a me sentar junto a eles.

''Bom, já pediram algo?'' A mulher morena pergunta, enquanto pega o cardápio da mesa e se ajeita na cadeira em uma postura maravilhosa. Nicolle nega e mantém conversa com Shay e seu marido Martim sobre os vinhos maravilhosos que ela já havia bebido naquele lugar. Mantenho-me em silêncio quase a conversa toda, apenas respondendo perguntas com acenos de cabeça e sons sem palavras. Meu estômago se embrulha só de pensar que posso estar sentada na mesma mesa que o homem que minha mãe mais amou, ou sendo, meu pai. Eu precisava sair dali, precisava respirar e uma brecha é feita quando uma varanda extensa aparece em meu campo de vista.

''Preciso ir ao banheiro. Com licença.'' Anuncio e me levanto tendo os olhares para minha ação. Ando o mais rápido que consigo e desvio o caminho para a varanda com uma bela vista para o rio Tâmisa. Mais um segundo naquela mesa e eu surtaria literalmente, precisava sentir o vento fresco tocar meu rosto, precisava esquecer que o homem que está lá dentro era meu pai. Fixo meus olhos por um momento e deixo que meus pensamentos se desfaçam quando o barulho de passos pesados invadem meus ouvidos. Viro-me rápido e observo Martin se aproximar com um sorriso simpático no rosto, como gostaria de saber mais sobre esse homem, sobre a verdade.