44° Capítulo

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Ponto de vista da escritora.

    A tarde fria de sábado é feita no sofá. A menina bonita dos cabelos loiros e olhos azuis só sabe chorar. De um dia para outro, sua vida se torna um inferno, as pessoas ao seu redor mentem e a vida se torna cada vez pior a cada segundo. O telefone vibra ao seu lado, mas sua cabeça dói e seus olhos não brilham, como há alguns meses, na esperança de alguma ligação ou mensagem boa, ele se tornou uma fonte de mágoa e de más notícias. O azul dos seus olhos está mais escuro e fundo, seu cabelo está preso de qualquer maneira e a xícara jogada no chão da mesma forma que caiu de suas mãos, quando a ficha caiu. Ela não sabia mais em quem confiar, quando as pessoas ao seu redor eram feitas de mentiras e tudo que a destruiria.


Lara Cooper

    O céu estava fechado e minha cabeça doía cada vez que meu celular vibrava ao meu lado. Puxo a coberta para meus ombros e resmungo quando uma mulher grita na TV. Por alguns instantes, parei para pensar no que se tornara minha vida, depois que saí da casa de Charlottie sem deixar que ela dissesse alguma coisa ou tentasse se explicar.

[...]

    Os cabelos ruivos de Charlottie estavam mais escuros e o mel de seus olhos estava sem qualquer tipo de brilho, mas arregalados. ''Lara, volta aqui.'' Ela grita enquanto passo por ela correndo indo em direção à porta da sala.

    Abro a porta e corro pelo jardim mal cuidado da casa dos Smith's em direção ao carro. ''Lara.'' Ela grita da porta enquanto eu piso duro pela calçada. ''Fica longe de mim.'' Eu grito e sinto meu sangue ferver nas veias. ''Para sempre.'' As lágrimas se acumulam no canto dos olhos e minha cabeça está rodando, desativo o alarme e entro na carro descansando a cabeça no vidro da janela. O que está acontecendo? Meu dia está fora de controle - Penso e arranco com o carro quando percebo que ela está se aproximando do mesmo. Morta, ela está morta. Sua avó que planejou tudo... Morta, morta, morta, morta. As palavras se repetem na minha mente e eu forço a vista no asfalto e isso me ajuda a chegar em casa sem causar mais acidentes na minha vida.


    Saio do banho e meu celular vibra sobre a cama e o nome da Ni brilha na tela. Aceito a chamada e a voz do outro lado da linha é assustada e aguda e sei que viu minha mensagem. ''Onde você arrumou isso? Como você está?'' Ela diz rápido demais, quase incompreensível. ''Na casa da minha avó, entre as coisas dela.'' Respiro fundo e tiro a toalha da cabeça. ''Ou seja lá o que devo significar ela.'' Acrescento e o silêncio entre a linha se mantém. ''Você precisa de um tempo desse lugar. Parece amaldiçoado.'' Deito na cama e relaxo o resto de sanidade que existe em mim. ''Eu também acho. Estou cansada do que minha vida se tornou.'' Digo e ela concorda com um som.'' Venha me visitar essa semana, eu te busco no aeroporto. Ainda acho que deve se mudar para Londres comigo.'' Fecho os olhos e imagino o que se tornaria minha vida abandonando os fantasmas que criei por aqui nos últimos meses. ''Não prometi me mudar, mas aceito o convite de visitar você.'' Digo e sei que está sorrindo.

[...]

    Um barulho estranho me assusta vindo da cozinha e o celular vibra outra vez e eu o pego nas mãos. ''Niall.'' Aparece na tela e meu estômago se embrulha e meu coração se acelera. Não atende, não atende - insisto a mim mesma, mas os dedos já aceitaram a chamada. ''Lara? Alô?'' A voz grossa e rouca do outro lado da linha é mais familiar do que posso imaginar. ''Lara? Por favor, fala comigo.'' Niall insiste e eu me ajeito no sofá. ''Alô?'' Digo baixo, mais para mim do que para ele. ''Que bom que me atendeu.'' Ele diz e eu me mantenho em silêncio. ''Lara, eu preciso te contar uma coisa. É algo que você pode não acreditar, e quase difícil disso acontecer. Preciso que confie em mim e me escute.'' Continuo em silêncio e as lágrimas estão acumuladas nos cantos dos meus pequenos olhos. ''Bom. É... eu... minha nova professora...'' Sua voz é baixa e trêmula e isso me afeta. ''Ela... bom. Minha nova professora se chama Julie Samantah Cooper, ou melhor, sua mãe. Não queria te contar pelo telefone, mas não consegui guardar isso só para mim por nem um dia, quem dirá por mais tempo.'' Suas palavras são rápidas e eu nego com a cabeça ao que escuto. ''Não, não, não, não, não mente mais para mim. Não mereço mais mentiras. Por favor, não mente mais para mim e não me ligue mais.''

   Desligo meu aparelho celular e o atiro longe no sofá. Ainda encarando o mesmo, levanto me apoiando nos poucos móveis que ocupam minha sala e sigo para o banheiro, onde lavo meu rosto com a água gelada.


.................

Parece que alguém não vai acreditar tão fácil!

Quem é você de verdade?||1° NHOnde as histórias ganham vida. Descobre agora