Pov. Beatriz
O bom de estar de carro era chegar em casa mais cedo, estava contente, larguei o carro no estacionamento do prédio e fui até meu andar, no caminho encontrei Dona Pérola.
- Boa tarde senhorita! - ela me cumprimentou toda atenciosa
Retribui o cumprimento, Dona Pérola era bem velha, uns 70 anos, os cabelos eram grisalhos e tinha uma tristeza no olhar, os vizinhos que a conhecem de disseram que ela perdeu os dois filhos, outros que o marido tentou salvar os filhos mas foi junto para o céu, Pérola sempre era atenciosa comigo e com Sofia, se preocupava quando algo estava errado com qualquer pessoa do prédio, vivia da aposentadoria e da venda de seus pães caseiros. Hoje estava com sua cesta de pães com apenas três, dois doce e um salgado.
- Dona Pérola, tem pão de que hoje?
- Bom Beatriz, tem de... - ela olhou para a cesta - Maçã, goiabada e de queijo...
- Vou levar o de goiabada e de queijo.
Quando disse que levaria ela abriu um sorriso contagiante, o olhar de tristeza se foi por alguns segundos, peguei a nota de vinte de minha bolsa já que não tinha troco e a entreguei.
- Fique com o troco...
- Não precisa minha querida...
- Pode ficar. - abri um sorriso e ela agradeceu.
Peguei os pães antes dela sair do elevador para o seu andar, me despedi dela e então continuei, faltavam dois andares e em segundos estou na porta do apartamento, escuto um barulho mas não consigo entender do que era, um filme pensei, coloco a chave na porta e então vejo Sofia sentada na mesa de camisola com a mão entre as pernas de Flávia que estava na sua frente apertando os seios da minha amiga.
- Cheguei na hora errada...
As duas me olham assustadas e se desfazem da sena que estavam, ajeitando as camisolas e os cabelos. Olho no rosto delas que estão como um pimentão de tanta vergonha, larguei minha bolsa na mesinha do lado da porta e levei os pães à mesa e então às cumprimentei.
- Olá meninas!
- Oo...oi Bi...Bi... Bia - diz Sofia.
Flávia acena com a mão direita e esconde seu rosto no peito de Sofia.
Pov. Flávia
Eu já era tímida por natureza, e agora então... Nem consegui continuar olhando para a cara de Bia, a vergonha era tanta, que deu vontade de sair correndo no mesmo instante. Quando finalmente tomei coragem de levantar o rosto e olhá-la respirei bem fundo.
- E aí... Querem um pedaço? - ela pergunta mostrando os pães - Goiabada e queijo... São da Dona Pérola...
- Nossa que delícia! Amo os pães dela! - diz Sofia - Vem amor, esperimente!
Bia foi até a pia e tirou uma faca da gaveta e três pratos então cortei um pedaço pra cada. Minha Ruivinha preparou um café em menos de cinco minutos, Sofia pega as nossas tortas.
- Bia quer um pedaço? - diz Sofia.
- É a da lanchonete do lado do hospital?
- Ahum... - digo já levando uma garfada à boca.
- Hum... Como a minha à pouco... Obrigada... - diz ela negando.
Depois de comermos e lamber os pratos ficamos sentadas na mesa, Sofia contou que ficaria um tempo comigo em meu apartamento deixando Bia ficar com o carro. O tempo passou rápido e já era dez para dez da noite.
- Ah!!! - Sofia grita ao ver a hora - Vai começar Castle!!
- Oi? - pergunto - A série?
- Ahum... Boa noite Bia! - disse já me puxando.
Nos deitamos esperando começar a série, não sou muito fã de série policial, mas quando não tem nada pra fazer eu assisto. Sofia estava abraçada a mim e ficava o tempo todo fazendo carinho em meus braços, seu corpo estava frio, consegui sentir até seu coração tremer, em cada intervalo nos olhávamos e trocávamos beijos e mais carinhos, a cada dia que passa ao lado dela percebo que ela é mais carinhosa ainda, sempre fazendo palhaçadas para me fazer rir.
- Flávia Scarie!! - ela começa a gritar brava.
- Que que foi??? - digo assustada.
- Não está esquecendo de nada não? - sua cara estava séria, nunca vi ela tão séria assim, fiquei confusa. Pensei e pensei tentando lembrar o que esqueci.
- Não... - digo ainda confusa.
Sofia sai da cama e então fico com medo. Por que ela está ao brava? O que eu fiz?
Ela demora para aparecer, mas quando chega sua expressão facial não mudou nada, em sua mão uma garrafa d'água, ela anda até mim e me entrega a garrafa.
- Já lembrou?
- Não amor, enlouqueceu?
Ela anda até minha bolsa e tira os remédios.
- Já tomei hoje esqueceu?
- Não a quantidade completa...
- Como sabe?
- Liguei pra sua mãe mais cedo, enquanto você dormia, contei da sua crise e aproveitei para perguntar quantos comprimidos teria de tomar... São seis no total Flávia! Você só tomou 3!
- Não fica brava, esqueci... - fiz uma cara tristonha.
- Poxa Flávia... Não quero que tenha essa crises novamente, eu me assustei... - ela se aproxima de mim e olha em meus olhos - Não se esquece mais, por favor... Não quero te ver em nenhum hospital...
- Me desculpe amor...
Estava triste com isso, não gosto de tomar remédio, mas ve-la quase chorando por estar preocupada comigo me fez pensar melhor. Peguei meu celular ao meu lado na mesinha e coloquei no despertador: 10 AM E 10 PM.
- Pronto, não esqueço mais ok? - digo mostrando a tela para Sofia.
Voltamos a nos deitar, Sofia apaga a TV e me abraça, estava bastante cansada em poucos minutos nós duas já estávamos dormido.
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Depois daquele dia... (Romance Lésbico)
RomanceDepois daquele dia... Sofia conhece aquela cantora que tanto fantasiava e amava, Flavia. Elas se encantam uma com a outra, sentem borboletas no estômago e não conseguem resistir à tentação de amor recíproco e profundo. Dramas aconteceram e não há e...