Stay Away

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Calum mal tocou a campainha da casa de Ashton e o loiro já estava com a porta escancarada, uma expressão de terror e as mãos envoltas na cintura de Michael o levando para o quarto com carinho. Ele quase não acreditou quando mediu a temperatura de seu irmão e viu que ele estava a quase 40 graus.

Michael estava enxergando tudo embaçado, sua cabeça estava rodando e ele não tinha forças para nada. Ele sentia alguma coisa gelada em sua testa, alguém falava ao fundo, seus pensamentos estavam bagunçados, ele não tinha ideia do que estava acontecendo.

– Ele tá queimando, Calum!

– Eu sei, Ashy... Eu dei a semana de folga pra eles. Ashton...

– O que?

– Eu chorei assistindo a performance deles.

– Como?

– Foi a coisa mais bonita que eu já vi. O Michael parecia que era um anjo caído, ele estava... Eu não sei explicar... E o Luke parecia tão desesperado pela atenção dele. Era como se o amor deles fosse proibido e o Michael já tivesse desistido, mas o Luke tentava a todo custo fazê-lo mudar de ideia e...

– Calum, eles transaram.

– O QUE?

– Mikey me contou ontem, quando estávamos tomando café, que eles transaram, mas ai, do nada, ele fica naquele estado e... – Ashton não conseguiu terminar a frase, ele só queria e até Luke e soca-lo mil vezes. Por mais que Michael não tivesse falado nada para ele, ele sabia que a culpa era de Luke. Ele sentia que era.

Luke andava de um lado para o outro esperando que Michael chegasse no apartamento para que eles pudessem conversar, mas alguma coisa lhe dizia que isso não iria acontecer. De repente a campainha tocou e correu para abrir, mas logo fechou a porta na cara da ruiva que estava ali sorridente. Ele foi até o quarto de Michael ouvindo seu telefone tocando e a campainha, tudo ao mesmo tempo.

Os sons se afastavam aos poucos à medida que seus pensamentos se voltavam para a noite em que ele e Michael ficaram juntos. Mais uma vez, tudo que ele ouvia e via era Michael. Ele só percebeu que estava chorando quando sentiu pingos caírem em seus joelhos pressionados contra seu peito com força.

Seus olhos azuis se voltaram para a mão que havia batido no rosto do moreno. Como ele pode fazer isso? Luke queria se enterrar vivo ao lembrar das marcas de seus dedos no rosto branco do menor e da pequena faixa de sangue que escorria brilhando na pele por causa do corte que seu anel havia feito. Ele não conseguia mais olhar para aquele maldito anel, por isso o retirou de seu dedo e o jogou no vaso sanitário, dando descarga logo em seguida, vendo o pequeno pedaço de metal ir embora.

Calum abriu a porta do apartamento entrando no local sem se importar em fecha-la. Procurou por Luke e quando o achou segurou seu colarinho com força. Melissa, que ainda esperava por Luke, entrou no lugar e tentou tirar Calum de cima de Luke, mas o moreno nem se mexeu enquanto olhava furiosamente para o loiro que lhe olhava de volta sem expressão nenhuma.

– O que você fez com ele?

– LARGA ELE, SEU ANIMAL.

– Escuta aqui, ruiva. – Calum olhou para a menina pela primeira vez. – Cala essa sua boca e some daqui.

– Luke, você vai deixar ele falar assim comigo?

Luke apenas permanecia calado. Ele não conseguia tirar os gemidos de Michael da cabeça, não conseguia parar de pensar na delicadeza do menino, em sua risada, em seu atrevimento, em seus cabelos macios entre seus dedos, em seu corpo, em como seu rosto era perfeito sem maquiagem.

– Luke? – Melissa perguntou de novo.

– Some daqui, garota. Se eu bati a porta na sua cara é porque eu não quero te ver.

– Mas...

– Você realmente achou que eu ia ter alguma coisa com você? Nunca iria ficar mais de uma noite com uma garota oferecida como você.

A ruiva saiu bufando do lugar, então era apenas Luke e Calum. Os dois ficaram em silencio, o moreno ainda segurando o loiro pela gola da camisa.

– O que você fez com ele?

– Eu... Ele tá bem?

– Luke, não muda de assunto!

– Por favor, Calum.

– Se eu te contar você me conta o que houve? – Luke assentiu com a cabeça. Calum largou a camisa do loiro e os dois se sentaram no sofá. – Ele tá queimando em febre, passou a noite passada quase toda na chuva. – Luke já chorava de novo, sem se importar muito com nada. – Sua vez.

– Eu... bati nele...

– COMO? EU VOU TE MATAR LUKE.

– Por favor, faça isso. Eu sou um idiota... Por que eu tenho que ser assim, Calum? Por que eu tenho esse medo de gostar das pessoas? Por que eu não pude simplesmente ignorar o Thomas e ficar em casa esperando por Michael e... eu não sei. Eu não queria ouvir aquelas coisas que ele falou, eu só queria que ele me abraçasse e que me beijasse e dissesse que ele estava bem, que ele não me odiava, mas...

– Luke...

– Eu gosto dele, Calum! Eu não consigo tirar aquela noite da minha cabeça, eu não consigo tirar a expressão que ele tinha quando ele dormiu. O Michael foi a primeira pessoa que eu realmente quis, ele é a pessoa que eu quero, mas eu sou um idiota e estraguei tudo.

Mais uma vez o silencio se instalou ali. Calum não sabia o que fazer e Luke não conseguia parar de chorar. O moreno passou a mão pelo rosto e tentou se controlar para não socar a cara de Luke até ele ir parar no hospital, então seu telefone tocou.

– Alô?

– Calum, tô com o Mikey no hospital, a febre não abaixava então resolvi trazer.

– Chego em cinco minutos. – ele desligou o telefone e saiu correndo para a portas, mas antes de sair se virou novamente para Luke. – Fica longe do Michael. Ele não merece sofrer e você não o merece.


MeltingWhere stories live. Discover now