Start Of A Friendship

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O pior de se estar no rink de gele era o frio. Pelo menos para Krystal que assistia abraçando a si mesmo. O frio cortante do gelo a deixava com os lábios um pouco roxos, assim como as pontas dos dedos de unha cor marfim, um esmalte que Michael amou, diga-se de passagem.

Seus olhos verdes acompanhavam o irmão tentando, em vão, segurar Michael pela perna e o passar por seu ombro, mas como sempre o menos caiu no chão com uma expressão de dor. Era uma luta todos os dias para que aquilo desse certo, mas alguma coisa que Luke fazia não estava certo. Por que a culpa era de Luke? Porque Michael sabia como ser levantado do chão, sabia o quanto de peso tinha que por para facilitar tudo, afinal, sua vida toda havia dançado daquele jeito e aprendeu aquilo com a mãe, uma das melhores patinadoras que ele já viu.

– LUKE, TÁ PEGANDO NO LUGAR ERRADO IMBECIL. – gritou Calum e Krystal se espantou por Luke não revidar, apenas olhar feio para o moreno. – Eu não acredito que vou ter que fazer pra você como é.

– Vai lá, bonzão. Tenta levantar essa bola mole. – Luke respondeu e Michael sentiu uma pontada em seu peito, assim como no dia da calça.

Calum bufou e se aproximou de Michael calmamente. Os dois começaram a patinar um de frente para o outro e quando pegaram velocidade Michael levantou a perna e Calum segurou em sua coxa e em sua panturrilha. Como se o mais baixo não pesasse nada o levantou e Michael passou a outra perna por seu ombro, girou em seu colo e parou na posição com que o marido leva a esposa, com as pernas cruzadas. Calum se ajoelhou e deslizou um pouco antes de colocar Michael no chão.

Luke olhava aquilo e sentia vontade de matar Calum, principalmente por ele estar pegando tão perto da virilha de Michael, mas mesmo assim achou impressionante o jeito com que tudo parecia mais fácil quando era com Calum ou Ashton. Talvez Michael o estivesse sabotando? Não, ele não faria isso, já que tinha dinheiro envolvido e quem não quer dinheiro?

– Vem Luke, vou te mostrar como pegar na perna dele. – Calum trouxe Luke para perto de Michael e colocou sua mão na coxa no mais novo e a outra na panturrilha, como ele próprio havia feito. – Vai Michael. –  o garoto tomou um pouco de impulso e passou a perna pelo ombro de Luke como se ele tivesse 1,60m e não 1,90.

– Tira a mão da minha panturrilha agora e segure minhas costas. – Michael sussurrou. Luke fez o que ele disse e, pela primeira vez, o movimento havia funcionado. – Isso, agora gire ao mesmo tempo em que ajoelha e me solta assim que seu joelho encostar no chão. É tão difícil assim, Hemmings?

– Vai se foder.

– Você é um idiota. Caralho, eu tento te ajudar e é assim que você me retribui? Ah quer saber, vai se foder você, seu idiota incompetente.

– Cala a boca vocês dois. Do começo, AGORA E SEM UM PIO!

Krystal apenas olhava tudo ali da arquibancada, impressionada com o comportamento do irmão. Claro que ele era muito sarcástico, irritante e arrogante, mas com Michael parecia que aquela atitude aumentava dez vezes.

No fim do treino Michael estava morto, ele precisava de um banho e sentia falta da noite anterior em que Ashton fez com que ele se sentisse especial, como sempre. Mas agora que estava preso a Luke, de novo, ele se sentia cansado. Patinar nunca havia sido tão exaustivo.

O loiro apenas pegou suas coisas, agarrou o pulso de sua irmã e foi para o apartamento para tomar um banho, trocar a roupa de treino por jeans e alguma camiseta qualquer e fazer alguma coisa com Krystal. Mas na verdade, tudo aquilo era um pretexto para tirar a sensação da coxa de Michael de sua mão. Parecia que ele ainda estava tocando o lugar, como se o menor estivesse bem ali e, bem, talvez na mente de Luke eles não estivessem patinando.

Luke levou sua irmã a um monte de lugares: ao aquário, ao cinema, a um clube (eles tinham piscina aquecida) e ao cinema. No fim desse tour já era noite e Luke resolveu deixar o carro com Krystal. Andar um pouquinho não faria mal.

Enquanto isso Michael saia da casa de Ashton com um sorriso no rosto, sua legging colada nas pernas não tampavam o frio, mas ele se sentia bem. Colocou suas pequenas mãos por dentro da manga da jaqueta que Ashton havia lhe emprestado. Seus pés o carregavam para o apartamento de forma lenta, atrasando sua chegada ao máximo que fosse possível. Mas quando estava na metade do caminha ouviu um barulho de vozes alteradas. Andou um pouco mais e viu cinco caras enormes ao redor de um loiro.

Espera ai...

Michael conhecia aquele topete enorme. Era Luke. Mas por que Luke estaria em uma situação como aquela. Sim, ele era arrogante, mas Michael não achava que ele seria burro de se meter com as pessoas erradas.

– SEU VIADINHO DE MERDA! – alguém gritou e tirou o garoto de olhos verdes de seus pensamentos bem a tempo de ele ver um dos caras dando um soco no rosto de Luke. E depois daquele veio mais alguns.

Michael não sabia o que fazer, mas ele não iria deixar Luke apanhar daquele jeito. O loiro já estava no chão, então Michael gritou:

– ANDA LOGO POLICIAL, É AQUI!

Os caras que estavam atacando Luke pararam e correram na direção oposta a Michael sem nem olhar para trás. Então, ele foi até o loiro que estava ajoelhado e o ajudou a se levantar. Com cuidado, ele apoiou o braço do maior em seu ombro e o ajudou a caminhar.

– O que você tá fazendo aqui?

– Shh! Não fala nada se não você vai sentir mais dor ainda.

– Michael...

– Cala a boca, Luke. Só dessa vez, por favor.

Luke se espantou ao ouvir Michael dizer "por favor", mas o obedeceu, porque realmente sentia mais dor quando falava. Quando os dois chegaram ao apartamento, Michael retirou as roupas de Luke deixando-o apenas de boxer, depois retirou as suas próprias roupas.

O loiro olhou para a pele branca de Michael cheia de marcas roxas por todo o seu tronco. Seus olhos azuis quase saíram da órbita. De repente ele viu Michael se aproximando e por um segundo seu coração parou, mas o menor apenas o ajudou a se levantar e ir até o banheiro, ligando o chuveiro e ajudando Luke a se limpar.

– O que aconteceu com você? – ele perguntou a Michael com a voz fraca.

– Nada!

– Por que você tá cheio de hematoma? – Michael olhou para Luke e sorriu.

– São dos tombos que eu levei treinando.

Luke quase desabou no chão ao ouvir aquilo. Ele havia criado aquelas marcas roxas no corpo delicado do garoto, mas ele nunca havia sequer reclamado delas, na verdade, ele não havia deixado transparecer que havia se machucado.

– Não foi nada Luke. Não precisa olhar pra mim com essa cara.

– Desculpa.

Depois disso os dois ficaram em silencio. Michael limpava os machucados de Luke com cuidado e delicadeza, para não machuca-lo ainda mais. Depois de ter certeza que estava tudo limpo, o menor desligou o chuveiro e enxugou o loiro com cuidado, o levou até o quarto e o sentou na cama secando seu cabelo com o secador.

Luke estendeu a mão e tocou em um dos hematomas de Michael, que parou o que estava fazendo para olhar para Luke.

– O que foi?

– Eu não sei. Não me sinto bem ao ver esses hematomas.

– Ossos do ofício, Luke.

– Não... A culpa é minha...

– Não é. Você nunca pegou uma pessoa para patinar junto com você. É normal que não saiba o que está fazendo. Mas você melhorou muito. – Luke riu fraco.

– Claro que sim!

Michael permaneceu calado e passou remédio nos machucados de Luke, saindo do quarto logo depois e trocando de roupa. Quando voltou até o quarto do loiro ele já estava vestido. Os dois ficaram conversando sem nenhuma briga e quando deram por si já estavam dormindo, um nos braços do outro.

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