- Trouxe um pouco de café. - Disse, estendendo uma caixinha do Starbucks.
- Menina, você sabe que eu não bebo essas porcarias. - Resmungou, fingindo irritação. - Venha, sente-se, vou lhe servir um café de verdade.
- Calma, Maria - disse, rindo. - É brincadeira, veja. - Abri a caixa, revelando do que realmente se trata. - São aquelas rosquinhas que você gostou outro dia.
Maria negava com a cabeça, enquanto assentia com as mãos, impaciente por causa da brincadeira. Com seus passos lentos, logo a perdi de vista entre as diversas plantas.
Aproveitei que tinha que esperar sua volta, inspirando fundo, inalando todo aquele cheiro bom. Todo o frescor do ambiente e as conversas com a velha senhora têm me feito muito bem. Aproximei-me do nosso cantinho de conversa e me sentei na velha cadeira, próxima à mesa. Quem diria que uma cadeira tão velha tem se tornado um dos meus lugares favoritos.
Em poucos minutos, comecei a ouvir o arrastar dos chinelos. Maria apareceu entre as plantas, carregando uma bandeja com duas xícaras cheias de café. Com calma, entregou-me uma das xícaras antes de ir até sua cadeira de balanço à minha frente e se sentar.
- Estou bem e a senhora?
- Estou bem, mas Ramon tem me dado trabalho - Resmungou, bebendo um gole de café.
- Ele é uma criança adorável.
- Leve-o então - Me olhou incrédula - Você não sabe o que diz - Continuou me arrancando boas gargalhadas.
Era invejável o humor daquela senhora, mesmo na casa dos 80 anos, ela não deixava de exalar todo seu bom humor e, sem falar que não deixava de trabalhar um dia sequer.
Ramon, o garoto do qual falamos, é seu netinho de 6 anos, ela cuida dele desde que sua filha morreu em um acidente de carro com o marido. O garoto sempre me tratou com muita boa educação, na verdade, ele me adorava - ou as rosquinhas que trago todos os dias. Não importa, só sei que o que essa pequena família vem me fazendo não tem igual. Preenchendo um pouco do vazio que a ausência de Camila me causou.
- Tia Lolo - Gritou o pequeno ao me ver.
- Hey, campeão, sua vó está aqui dizendo para eu levar você comigo. - Brinquei, pegando o pequeno pelos braços e ajudando-o a se sentar em meu colo.
- Ela fala isso para todos que vêm aqui - Respondeu, fazendo um biquinho, antes de esconder seu rosto no meu pescoço.
- Não preciso te levar, basta trazer rosquinhas que você é meu - Comecei a fazer cócegas em sua barriguinha por baixo de sua camiseta. O pequeno se contorcia em meus braços, parei quando percebi que estava sem ar - Já sabe o que fazer, não é? - Disse, e ele assentiu.
Coincidentemente ou não, a floricultura da Dona Maria ficava ao lado do hospital de Camila. Não chamaria de coincidência, mas sim de estratégia. Desde o primeiro dia que venho aqui, Ramon leva as flores até o hospital e manda entregá-las ao quarto de Camila.
- Já voltamos, Dona Maria - Avisei, levantando-me com Ramon no colo. A senhora assentiu com a cabeça e nos acompanhou até a entrada, onde ela já deixava o arranjo pronto.
Peguei o buquê com uma mão e, com a outra, fui caminhando segurando a pequena mão do garoto até a entrada do hospital.
- Esse hoje está maior que eu - Resmungou o pequeno quando lhe entreguei o buquê.
- Pare de ser resmungão, leve que te dou uma rosquinha do seu tamanho - Os olhos gulosos do menino quase saltaram do rosto. Sem dizer mais nada, segurou firme o buquê e caminhou com rapidez para a recepção do hospital. Coitado, está todo tortinho, realmente era maior que ele.
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Dark Paradise
FanfictionVocê tem a sua moral e seu princípios acima de tudo, você anda na lei, paga todos seus impostos e pela obra divina ou não, cruza em seu caminho alguém que te faz engolir tudo isso, alguém que faz seu mundo virar de cabeça para baixo, alguém que te v...
Know that Im here
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