Primeira atitude.

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Ela tentava algumas melodias no piano, sem sucesso. Olhava pela janela, e o tempo firme contradizia todo seu estado de espírito. Com a maioria das luzes apagadas ela se deu conta que não dera um sorriso espontâneo desde que terminou com Enzo. Ela chorou e tocou a única música que lembrava. Afire love, de Ed Sheeran.
A música invadiu toda a sala vazia e escura. A cada nota uma lágrima e a cada lágrima um momento com Enzo que nunca irá voltar.

_A menos que você volte, peça desculpas e diga que o ama, você nunca sairá da frente desse piano melhor do chegou _Disse a enfermeira da porta.

Enzo tentava se equilibrar na escada da faculdade com tantos livros de administração, tentando atender o celular.
_O que você quer Erick? _Disse com raiva .
_Depois da "facu" partiu barzinho ?
_Pode ser... Passa aqui com meu carro pra irmos _Falou com alívio por achar um lugar pra relaxar.
_Às dez?
_Sim.

Desligou o celular e se aprumou, tinha mais um horário de puro cálculo.
Bendito seja o cálculo módulo dois. Pensou com ironia desejando ter um controle, como naquele filme "Click", pra passar o tempo rápido.

O professor, meio careca e com uma voz irritante, falava e nunca chegava no resultado quando Enzo se viu lembrando das curvas e do cheiro de flores que o corpo de Julie tem, balançou a cabeça e respondeu a pergunta do professor:
_Fatorar para a achar o resultado mais próximo.

Julie se virou, parando bruscamente a música.
_Como é?? _Ela perguntou
_Você me ouviu. Boa noite Julie! _Disse já atravessando toda sala e indo direto para seu quarto.

A aula de cálculo não passou nada depressa, e a ansiedade de relaxar e conhecer gente nova só aumentava. Batia o lápis no caderno, girava a caneta entre os dedos e via os segundos passar como minutos.
Quando enfim chegou a hora, viu da janela do segundo andar Erick encostado no carro preto.
Agora a noite vai melhorar! Pensou já descendo as escadas, deu um toque na mão de Erick, como sempre faziam, e entrou no carro.
Ir a um barzinho depois de uma aula estressante sempre fazia Enzo relaxar, mas a rua que Erick tomou fugia de todos os barzinhos que ele conhecia.

_Onde estamos indo?
_No Lanza! _Disse virando a esquina.
_É novo?
_Sim me convidaram pra tocar lá.
_Então não é um barzinho. _Afirmou tentando se conformar em passar a noite num local barulhento e abafado cheio de gente.
Ao chegar na porta do Lanza o letreiro de neon azul e vermelho imitando um L passou despercebido, pois a loira de calça justa e bota de couro velho, com uma blusa vermelha um pouco larga desviava toda sua atenção.

_Ei cara não baba! _Diz Erick rindo.

Entraram rindo num ambiente com pouca luz, Enzo se surpreendeu pois achava que o lugar não fosse o melhor ambiente pra se relaxar, se sentou perto de uma cascata no canto próximo ao bar onde dava pra ver a loira da portaria, ela lhe deu um sorriso e se virou voltando ao trabalho.
Lara, a loira, era conhecida de Julie. Uma especie de inimigas, podemos dizer.
Julie mal dormiu, arrumou as coisas pra no outro dia bem cedo pegar o primeiro vôo direto pra São Paulo.
Sua mãe estava bem, aos cuidados de uma enfermeira competente não faria mal voltar e correr atrás daquele que arrancava tantos sorrisos espontâneos de seus lábios.

Rabiscos de amorWhere stories live. Discover now