Capítulo 7

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Eu estava decidida a não ir para o colégio naquele dia, então peguei um papel, colei na porta do meu quarto e escrevi bem grande: "Não me incomodem!". Podem até não acreditar, mas, sim, eu fiz aquilo.

Como eu estava sem sono, comecei a fazer coisas para passar o tempo. Organizei toda a minha prateleira de Cd's em ordem alfabética, depois organizei meus casacos de acordo com as cores, no meu caso, do muito escuro para o nem tão escuro. Resumindo, eu fiz milhares e milhares de coisas. Eu até desenhei o símbolo dos "Shadowhunters" na parede, com uma lata de tinta que tinha guardada a um tempo. Se minha mãe soubesse que foi eu quem tinha escrito: "Fuck the piece" na porta da garagem, ela com certeza iria me matar, então  escondi tudo o que pudesse me culpar, até joguei fora uma das minhas blusas que havia sujado de tinta.

Havia duas coisas bem estranhas acontecendo: Primeiro, o meu quarto estava todo arrumado, o que não era comum, normalmente tudo estava sempre jogado, mas era algo que eu me identificava, por mais que estivesse tudo fora do lugar, eu encontrava o que queria quando queria. Por isso mesmo não deixava nem minha mãe arrumar. Segundo, eu passei o dia inteiro nesse quarto, e minha mãe não me chamou uma vez se quer, o que era super estranho. Eu já estava ficando preocupada, então fui atrás dela.

Quando entrei no quarto da minha mãe não havia ninguém, fui em direção a escada. Eu desci alguns poucos degraus e comecei a ouvir vozes.

— Será que é o Derick conversando com a minha mãe?

Eu desci mais alguns degraus e, de repente, todos os olhares se voltaram para mim.

— Filha! Que bom que você desceu. Eu já ia subir para te chamar.

— Dean? O que você está fazendo aqui? — Hesitei.

— É que eu vim trazer isso aqui.

Ele estendeu uma caneta roxa para mim, e eu a peguei. Ficamos segurando cada um em uma ponta da caneta, até que eu a puxei por completo.

— Bom, eu vou deixar vocês sozinhos. Foi um prazer te ver de novo, Dean!

Minha mãe foi para a cozinha.

— Você está aqui há muito tempo?

— Não, cheguei a poucos minutos...

— Ata...

Sem que me desse conta, eu fiquei o olhando por alguns segundos.

— Por que você está me olhando desse jeito? — ele perguntou.

— Sei lá... é que achei meio estranho você vir até aqui só para trazer minha caneta. Onde aranjou meu endereço?

— Na secretária. Mas, na verdade, eu também queria te... quer dizer... queria dizer que não vai ter aula o resto da semana. É que por causa da neve teve umas complicações lá no colégio.

— Que notícia boa. Sinceramente, eu não estava com a mínima vontade de voltar naquele lugar.

— Nathalia, sobre ontem... — Eu o interrompi antes que pudesse terminar sua frase.

— Dean, me desculpa, mas se você for começar a falar de ontem, não precisa nem continuar.

— Tá bom. Mas convite pode fazer, sim?

— Não sei. Depende...

— Do quê?

— Sei lá, se for me convidar para ir para uma festa, por exemplo, já pode esquecendo...

— Mas eu só ia te chamar para ir no cinema na sexta.

— Sério? — Hesitei.

Eu me senti mega idiota.

Eu pensei que nunca me convidariam para sair, exceto na 8° serie, foi quando Jhonny Thander disse:

— Quer sair comigo no sábado?

Eu respondi que sim, mas na verdade ele estava falando com a menina que estava sentada atrás de mim. Eu pedi para ir beber água, liguei para minha mãe pedindo para ela me buscar dizendo que eu estava passando mal, e essa mentira resultou em uma semana em casa na cama, com a minha suposta dor de cabeça, mesmo assim, aquilo ainda era um trauma para mim.

— Nathalia?

— Oi, Desculpa, é que...

— Então, você aceita?

— Sim.

— Então, eu já vou indo. Até depois de amanhã.

— Até!

Eu levei o Dean até a porta, e, quando ele se virou, eu fechei a porta e corri até a janela da sala. Eu fiquei olhando até ele entrar no carro, teve até uma hora que Dean olhou para a janela, e eu me abaixei.

— Nathy, o que você está fazendo?

— Nada, mãe, é que, o meu... o meu coisa caiu.

— Entendi. O seu "coisa". Mas agora, vem, senta aqui comigo.

Nós nos sentamos no sofá.

— O que aconteceu ontem? Por que você chegou daquele jeito?

— Nada mãe...

De repente, ouvi um barrulho na porta, e o Derick apareceu em nossa frente.

— Oi, desculpem eu entrar desse jeito, é que deixaram a porta meio aberta.

— Oi, Derick, não tem problema.

— É que eu vim consertar o cano da pia que você disse que estava ruim, eu até comprei outro.

— Meio aberta? — Perguntei —  Mas eu lembro muito bem de ter fechado a porta.

— Desculpa, mas você deve ter se enganado, porque não fechou.

— Eu tenho certeza que fechei.

— Talvez você tenha se enganado.

— Você ainda por cima vai ficar me desmentindo?

Eu subi as escadas correndo, minha mãe foi atrás de mim, e logo que cheguei no corredor ela segurou em meu braço.

— Por que você trata ele assim?

— Me solta!

Puxei meu braço.

— Me explica, Nathalia! — Ordenou.

— Mãe, a gente conheceu ele a uns 3 dias, e você age como se vocês fossem amigos de anos e anos.

— O Derick é um cara legal, e ele só quer nos ajudar.

— Se for para consertar coisas para você, mãe, não seje por isso, contrate alguém e pronto! Não precisava chamar esse estranho para cá, o que você quer? Que ele ocupe o lugar do papai?

— Ninguém nunca vai ocupar o lugar do seu pai. Você acha que ele só faz falta para você, Nathalia? Eu também amava ele — Ela gritou — Eu passo às tardes chorando, esperando você chegar para fazer de tudo para você se sentir bem. E, agora, que aparece alguém legal, você o trata como se ele fosse a pior das pessoas.

Ela encostou na parede, se sentou levemente ao chão e começou a chorar.

Desdo enterro do meu  pai, em nenhuma outra vez, minha mãe havia chorado daquele jeito na minha frente. E eu achando que ela já estava bem...

— Desculpa, mas eu não consigo gostar dele.

— Você não precisa gostar dele, só não tratá-lo como um qualquer.

Mas ele é um qualquer!

Tá bom mãe, eu vou tentar, por você, mas não prometo nada.

Ela se levantou e me abraçou.

— Eu amo você, minha pequena, nunca se esqueça, está bem?

— Ok, mãe, eu também te amo.

Obsessive ManWhere stories live. Discover now