Capítulo 03 (nova versão)

Začať od začiatku
                                    

     Nem me fale nada. Eu sou uma vergonha. Isso tudo é frustrante demais.

***

     Minhas mãos estão suando e o frio em minha barriga parece não ter fim. Esses são sintomas tão comuns, mas que ainda me deixam angustiada.

     O motivo disso? Jonathan, meu líder, não designou as funções de cada um para o culto.

     O que isso significa? Ah, senhoras e senhores, significa que ele dará as oportunidades sem prévio aviso!

     Consegue entender o quanto isso me deixa nervosa?

     Só de ouvi-lo explicar isso no ensaio senti meu estômago revirar em uma velocidade anormal. Algo me dizia que eu seria uma das escolhidas para ter oportunidade, não é á toa que agora estou sofrendo por antecipação. Eu sei que não posso recusar mais uma vez e só de pensar nisso meu estômago dá outra cambalhota.

     Isso definitivamente não ajuda muito.

     Droga! Eu preciso enfrentar meus medos e vencer os desafios. Preciso parar de ser prisioneira desses sentimentos ridículos que só me fazem mal. Que não me permite ser quem eu sou, muito menos sair dessa mesmice. Malu sempre diz que eu não posso fugir para sempre e ela tem razão. Uma hora vou ter que enfrentar meus medos e inseguranças para ser alguém melhor. Para ter a liberdade de ser e fazer o que Deus que eu faça.

     E por que não agora?

     Esse é um bom dia, certo?

     Dessa vez não posso deixar para depois, até porque, como dizem por aí, não devemos deixar para depois o que podemos fazer hoje. E hoje, definitivamente, eu acordei inspirada. Tudo bem que o plano de dedicar um tempo para Deus não deu certo, mas agora não há nada que me impeça, não é mesmo?

     Quer dizer, o único problema é que eu não me preparei para subir no altar e encarar as pessoas enquanto digo alguma coisa sobre algum versículo. Por isso, caso eu realmente tenha oportunidade, dar uma palavra está fora de cogitação, tendo em vista que nem a bíblia eu leio direito – ainda, ok?! Tudo que me resta, então, é cantar. Tudo bem que ainda corro o risco de gaguejar no meio da música, esquecer a letra, errar a entrada, olhar para a igreja e travar e etc., mas ainda existem duas alternativas que podem me ser útil, e uma delas é cantar de olhos fechados.

     Você há de convir comigo que esse é o tipo de técnica que muitas pessoas usam. Não necessariamente porque estão com vergonha, eu sei. Mas quem vai saber que eu estou?

     Se bem que mesmo de olhos fechados minha mente traiçoeira pode me lembrar que sou alvo de vários pares de olhos e eu não posso arriscar, por isso a segunda opção me parece mais apropriada por ora.

     — Malu — ajoelho ao seu lado e sussurro próximo ao seu ouvido. Ela levanta a cabeça e fixa seus olhos  em mim. — Se eu tiver oportunidade, você canta comigo?

     Esse é o plano: dividir a atenção com alguém. De preferência alguém que não tenha vergonha disso e que você tenha certeza de que vai segurar sua peteca caso a deixe cair. Essa é uma tática velha e que não costuma falhar.

     — Claro, amiga! — ela parece meio confusa agora. Feliz pela minha iniciativa, claro, mas provavelmente se perguntando o que aconteceu para tomá-la. Eu até a explicaria, mas não é certo ficar conversando no meio da oração. — Qual música você quer cantar?

     — Não sei ainda — suspiro, analisando minhas opções. — Tem que ser uma música conhecida, assim a igreja canta junto e, quem sabe, não presta tanta atenção em mim. Também tem que ser fácil e, de preferência, bem curta. Nada de introdução longa também, pelo amor de Deus! — dou uma pausa para pensar em mais algum quesito importante, então volto a falar: — É, acho que é só isso mesmo. Alguma sugestão?

No Coração de Sofia - PARADOWhere stories live. Discover now