Capítulo 8 - Vinte e sete minutos de um dia

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Capítulo 8

Os ponteiros do relógio pendurado na sala marcava 23h33min.

Logo aquele dia terminaria, restava apenas vinte e sete minutos para se findar.

E como começou, acabaria. Bagunçado.
Totalmente bagunçado.

A ruiva sabia da confusão que trouxera para a vida dele, e, no antigo quarto de Wanda, ficou reclusa.

A televisão ligada na sala, o fazia companhia, ele todavia, nem mesmo parecia estar ali, seus pensamentos o levaram para longe, muito além daquele sofá no qual seu corpo se encontrava.

Nada mais fazia sentido.
Não compreendia os motivos de ter abrigado sem maiores questionamentos uma completa desconhecida, e muito menos de onde vinha todo aquele fascínio por ela.

Bagunça. Totalmente. Era a sua vida naquele momento.

Um minuto havia passado desde a última vez que seus olhos procuraram os ponteiros.

Até mesmo o som do tic-tac do relógio, já estava sendo insuportável para seus ouvidos.

Aquela sincronia irritante.

‘‘Se tivesse ido para o meu quarto como eu pedi, tudo isso teria sido evitado.’’

Refletiu.
Não havia entendido do porque Anne fora ao quarto errado.

Decidido a colocar sua vida outra vez no rumo certo, levantou daquele sofá. Já estava lá a muito tempo.

Repetiu a palavra coragem umas três ou quatro vezes para si, e com seus passos leves fora subindo os degraus.

A porta do quarto estava quase fechada, mas não totalmente, era possível ver uma luz fraca que passava por uma pequena fresta.

Empurrando levemente, ouviu o rangido costumeiro daquela porta, e logo o quarto estava aberto outra vez e com isso a luz que antes era fraca, agora iluminava uma parte do corredor.

Adentrou e não a encontrou. Seu coração estranhamente ficou inquieto e sentiu naquele instante um frio na barriga.

‘‘Talvez tenha ido embora sem avisar.’’

Pensou ao sentir o vento que soprava, e esse vinha da janela que estava aberta.

‘‘Deve ter fugido por aqui.’’

Vagarosamente foi até ela.
Viu que a lua cheia brilhava intensa naquela noite, e, sem as nuvens para ofuscar as estrelas, tinha um céu límpido.

— Tá uma linda noite, não é mesmo? — Disse, o vendo debruçado na janela.

— Achei que estava em outro cômodo. Não percebi que estava no banho.

— Acho que já tinha terminado, talvez por isso não tenha escutado o chuveiro, que a propósito, é muito melhor do que o do andar de baixo.

Deu um sorriso, secando suas madeixas vermelhas, com a toalha de cor branca.

— É. Todo mundo sempre disse isso. — Tentou disfarçar o que seus olhos teimavam em observar. A pele lisa, os olhos azuis, o tom do cabelo. Ela por inteira, afinal. — Vou te deixar à vontade.

Deu alguns passos e saiu dali. Entrou em seu quarto e deixou a porta encostada, não tinha o costume de fechar totalmente.

23h56min.

O dia estava chegando ao seu fim.

Tudo que tinha pensado em fazer quando tomou coragem de sair do sofá e subir a escada, fora desfeito ao vê-la, logo depois de imaginar que a mesma tinha ido embora sem nem sequer o avisar.

Ela era a dona do seu caos pessoal.

A luz apagada, deixava o quarto na penumbra, e com isso, seus olhos estavam fechados. Não dormia ainda, somente viajava em seus próprios devaneios quando sem qualquer aviso, sentiu o lençol de sua cama se movimentar.

— O que está fazendo?

Silêncio e um sorriso malicioso, essa foi a resposta que recebeu, ao notar que Anne deitava em seu corpo praticamente despida por inteira.

— Shh.

Deslizou sua mão na boca dele, abafando uma pergunta que se formava. Não era o momento de questionar, ao menos era isso que ela pensava.

Ele então fez com que suas mãos tomassem conta de procurar naquele corpo cada detalhe, e assim a deixava se afogar naquele poço de desejos escondidos.

Os lençóis jogados ao chão, denunciavam tudo.

Suas unhas grandes o arranhavam a pele morena, suas costas já estava totalmente marcada. O azul dos olhos dela revelava tudo que ele queria ver. Os lábios tocavam-se incessantemente.

Com os corpos encaixados perfeitamente um no outro, eram criados movimentos intensos, tão intensos que a cama rangia.

Os gemidos e sussuros no cair da noite, deixava tudo perfeito. A respiração ofegante juntamente com tudo fazia a melodia perfeita. Era o ápice.

Dois estranhos que se amaram pela primeira vez, e era como se tudo aquilo já tivesse sido escrito nas estrelas do céu ao lado de fora.
Dois desconhecidos que fizeram de uma noite qualquer algo para se recordar por uma vida inteira.

— Agora você sabe o que eu estava fazendo.

Ouviu ela dizer.

Alianças De Sangue (Degustação)Where stories live. Discover now