Capítulo 5 - Caminhos que se cruzam

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Capítulo 5

Haviam se passado quatro dias desde que Anne revelou a ele seus segredos, e agora ele estava ainda mais confuso.

Enquanto ela lia alguma coisa qualquer, ele a observava de longe. Em seus poucos momentos de tranquilidade parecia ser uma pessoa comum, sem mistérios em sua vida, e que seus segredos eram somente algumas coisas tolas.

Sua pele branca como a neve do ártico, fazia um lindo contraste com seus cabelos ruivos.

“Que mulher linda.’’

Aos poucos viu seu interesse por ela crescer, e sabia que não era apenas por sua notável beleza. Ela tinha algo a mais.

— Está tudo bem? — Perguntou ao notar o mesmo a sua frente e não lhe responder.

— Estou, estou bem.

Sentiu a leveza da mão dela o tocando no braço.

— Tem certeza? Ficou parado aí sem falar nada, apenas me encarando.

— O que você está lendo? — Tentou mudar de assunto.

— É uma reportagem velha.

— O que está procurando?

— Não é nada, é que eu tenho essa mania na verdade. Ler jornais velhos.

— Vou deixar você à vontade. — Deu alguns passos para outro sentido da casa.

— Fica. — Pediu discreta. — Me conta um pouco sobre você.

Ele mal sabia o que falar para Anne, afinal, era alguém comum e não tinha grandes aventuras em sua vida.

— Eu trabalho na Hutix. Já ouviu falar?

— Hutix. - Cochichou. — A empresa de arquitetura?

— Essa mesmo.

— Meu pai já contratou sua empresa uma vez.

— Verdade? — Perguntou surpreso. Não se recordava de nenhum projeto relacionado diretamente a Corporação Pasquin.

A ruiva apenas balançou a cabeça num gesto afirmativo.

— Em qual trabalho?

— Foi um laboratório. A empresa queria algo novo e então os contratou.

— Me lembro vagamente agora. Mas não levava o nome da empresa.

— Foi algo indireto. O conselho não queria o nome da empresa no contrato.

— Bom.. Como você já deve imaginar, eu sou um dos arquitetos na empresa.

— Sério? — Não, ela não imaginava.

Em momento algum.

E assim perguntou com a surpresa em seu tom de voz.

— Por que o espanto? — Deu um sorriso.

— É que você não se parece com um arquiteto.

— E com o que eu me pareço? — Fez uma posse em sua frente, como um modelo que desfila na passarela.

Ao presenciar aquele momento, deixou uma pequena gargalhada invadir o lugar, fazendo com que ela logo colocasse uma mão sobre a boca, afim de abafar.

— Não sei... Só não parece com um arquiteto. — Repetiu.

— E agora sou também o novo diretor do setor sete.

— Setor sete? O que seria isso?

— É na verdade um projeto. O mais ambicioso da Hutix... e foi ideia minha.

— O que têm de diferente nesse projeto?

— Será um centro urbano, com o setor sete iremos mudar o jeito que vivemos, será um condomínio auto suficiente.

— Auto suficiente? — O interrompeu, enquanto alisava seus cabelos ruivos.

Seus olhos vítreos o encaravam sem cessar, e, curiosa, ela queria saber de tudo.

— Em parceria com a Energy Liveos, que é do ramo de energia renovável, desenvolvemos um gerador capaz de ser auto suficiente por um ano...

...Com isso, podemos construir um condomínio independente, que não necessite dos recursos da cidade. Em nossas previsões essa tecnologia pode vir à avançar ainda mais, assim teríamos mais autonomia por gerador.

— Nossa. — Foi tudo que conseguiu dizer naquele momento, estava impressionada com a grandeza do projeto.

— Só espero que tudo ocorra bem.

— Tenho certeza que sim.

Os dois então ficaram a conversar um pouco mais, e Anne parecia interessada em tudo o que ele tinha a dizer.

O fitava com os olhos incessantemente, e sempre com muita atenção em tudo. Sorria algumas vezes com o jeito dele de explicar as coisas, já que o mesmo tinha a mania de fazer alguns gestos com as mãos para representar o que dizia.

Logo ela percebeu que aquele homem mexia com sua mente.
Sentia-se segura perto dele, porém não sabia explicar como tudo aquilo era possível.

“O que está acontecendo comigo?”

Sentiu um leve calor subir por toda a extensão de seu corpo e, em chamas, queimavam suas pernas, algo nele a atraía.

Do outro lado, acontecia quase a mesma coisa.

“O que essa mulher têm?”

Se perguntava ao sentir um arder subir fortemente em corpo, e, mesmo enquanto conversavam, ele se imaginava em outro lugar, a sós com ela.

“Devo estar ficando louco.”

Sentados um de frente ao outro, eram atraídos como imãs, porém nenhum tomava a atitude de tentar algo a mais.

Na atual situação parecia um tanto que improvável acontecer qualquer coisa.

Uma batida forte na porta da sala então os interrompeu, fazendo com que Anne ficasse em um completo temor. Imaginou que haviam descoberto seu paradeiro.

— Vá para o meu quarto, se esconda no closet. Se não for ninguém subo e te aviso.

Com uma voz trêmula, ela concordou e sorrateiramente saiu.

Viu ela subir os degraus e logo voltou sua atenção para a porta, essa qual era cada vez mais fortemente tomada por batidas.

— Quem é? — Perguntou um tanto quanto assustado.

— Abre logo essa porta, sou eu. — A voz feminina do lado de fora o respondeu.

Era Wanda, sua irmã.

Depois de tanto tempo longe, resolveu aparece outra vez.

Haviam perdido contato há anos, e, logo quando seus dias não poderiam estar mais bagunçados, ressurgiu.
Os caminhos então se cruzaram. Como uma obra do destino, Adryan se via perdido no meio de tudo aquilo.

Alianças De Sangue (Degustação)Where stories live. Discover now