- Como assim?
- Diz que eu ainda vejo a nossa filha como uma menininha e cá está você, mais uma vez, a defendendo como tal.
- O que você espera de mim? Quer que eu fique parada? O que há de errado com você, Fernando?! – Me permiti alterar o tom e lhe dar alguns tapas leves no braço após um absurdo desses.
- Calma! Calma! Não me agride, mulher! – Ele recompôs a postura. – Eu só acho que está na hora de largar de vez essa senhora. Você fica em cima dela achando que assim irá proteger a Val e veja só no que deu... a cobra venenosa agiu do mesmo jeito. O que adiantou? Nós estamos presos a esse país por conta dela enquanto nossa filha se mudou para outro para fugir dela. E quando isso vai parar? Quando a Hélène morrer? Nós dois sabemos que aquela senhora vai durar e não vai ser pouco. É capaz de nós irmos e ela continuar aqui.
Infelizmente Fernando tinha razão.
Às vezes me sinto segurando a coleira de um cão raivoso para evitar que avance na minha menina quando se trata de Hélène. Porém, segurar essa coleira é ainda mais trabalhoso quando a menina em questão quer brincar com esse cachorro e fica por perto, apesar do perigo.
Honestamente, eu nunca planejei ser mãe. Sequer cogitava um casamento. Minha vida e rotina era corrida demais para amores que não fossem passageiros. Não tinha tempo para manter um relacionamento. Tinha o meu trabalho na construtora e a minha galeria em seu auge. Definitivamente não pretendia me envolver com ninguém, minha paixão e família era minhas obras de arte.
E aí surgiu o Fernando... foi paixão à primeira vista. Não vou dizer amor, pois nem eu pretendia algo mais que um amor de uma noite. Mas uma noite se tornou duas, depois três e de repente estávamos nos encontrando todos os dias e se era para sexo ou não, já não fazia diferença.
Nossa paixão foi avassaladora e o nosso amor profundo, único..., porém, as circunstâncias nos forçaram a nos separar.
Descobri que estava grávida na mesma semana que minha irmã mais nova descobriu ser estéril e não poderia ter filhos. O timing não poderia ser pior. Além da vergonha para o nome da família, minha gravidez fora do casamento era uma afronta ao sofrimento da minha querida irmãzinha. A solução imediata de Hélène foi o abordo e por ter recusado, a sua outra solução perfeita era que eu entregasse meu bebê para Emma criar, assim o sangue Touchon ficaria dentro da família e "minha honra" não seria manchada.
Acho que isso é o suficiente para você entender o motivo pelo qual detesto a minha própria genitora. Obviamente que esse não é o único, houveram várias outras ocasiões para me fazer a detestar. No entanto, nada que Hélène tenha feito superou o momento que quis arrancar de mim minha própria filha.
O fato de Emma concordar com essa maluquice também afetou nosso relacionamento. Cogitei sim cortar as duas da minha vida, mas pelos meus irmãos mais velhos, eu não o fiz. Confesso que ainda hoje guardo ressentimento dessa época. Uma traição que jamais esperaria da minha própria irmã, mas que perdoei para que pudesse partir em paz.
Acredita que essas duas ainda juraram que eu iria assumir a responsabilidade pela Juliette quando a Emma partisse? Como se a mãe biológica dela não estivesse viva. Hélène ainda age como se Juliette fosse sua única neta e não a Valkyrie.
E não, meus irmãos mais velhos não consideram a minha genitora o suficiente para seus filhos a considerarem vó. Ela sempre será a esposa do pai deles e às vezes "madrasta".
- Está dizendo para deixar a construtora que meu bisavô fundou falir?
- Talvez isso seja um pouco radical, apenas saia de lá.
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Stuck With U - Reinassance
RomanceSegunda versão de Stuck With U. Em passos lentos e cheios de detalhes, acompanhe Clarice, uma jovem artista e arquiteta por teimosia, em sua jornada para conhecer o seu tão inexplorado lado pequeno, ao lado de sua tão... peculiar mommy maman, Valkyr...
63. Une pause
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