💌 08- I'm sorry.

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Nem mesmo os amigos ao redor conseguiram arrancar dele mais do que um aceno vago.

Taehyung continuava falando ao meu lado, agora sobre a decoração ridícula da festa, mas a voz dele foi ficando distante, abafada.

Eu só conseguia olhar para Jungkook.

E, quanto mais eu olhava, pior me sentia. Não fazia sentido. Ele era irritante, intrometido, provocador.

Passava a vida tentando me desequilibrar.

Então por que aquela expressão no rosto dele... incomodava tanto?

Meu estômago se revirou, e pela primeira vez desde que chegara ao campus, senti meu foco escorregar completamente.

Mas alguma coisa dentro de mim, algo que me recusei firmemente a reconhecer, apertou com força.

Foi nesse fio de pensamento que aconteceu.

Jungkook levantou o rosto. Não devagar, não calculando nada, não com aquela arrogância irritante que ele carregava nos olhos quando queria me provocar. Ele apenas ergueu a cabeça como se tivesse sido puxado pela mesma força invisível que, segundos antes, já me mantinha preso a ele.

E então nossos olhares se encontraram.

O ar pareceu se comprimir ao redor, pesado o suficiente para me fazer prender a respiração. O som do refeitório se dissolveu até virar ruído distante, como se alguém tivesse abaixado o volume do mundo. Tudo o que restou, em foco nítido, foi ele.

Jungkook me encarava. Eu encarava de volta. Sem hesitar. Sem fugir. Sem o jogo habitual, sem a máscara de deboche, sem a persona cansativa que ele exibia para todo mundo. Era direto, cru, quase doloroso.

O olhar dele estava ferido, não de forma melodramática, mas de um jeito real, sincero, quase nu.

E, por um instante que durou tempo demais, senti como se ele estivesse... pedindo algo.

Não com gestos. Não com expressão. Com os olhos. Como se quisesse saber se eu estava vendo, realmente vendo ele. E eu estava. Infelizmente, eu estava.

Meu peito apertou de um modo estranho, incômodo, quase perigoso. Não era pena. Era algo que atravessou minhas defesas, arrancou um pedaço do meu fôlego e doeu em um lugar que eu nem sabia que existia. Jungkook continuou segurando meu olhar com uma obstinação silenciosa, como se estivesse tentando me dizer algo que nem ele mesmo compreendia. Como se, naquele breve intervalo, tudo aquilo que ele tentava esconder tivesse transbordado pelas frestas. E o pior é que eu deixei escapar o mesmo.

Foi como se nossas almas se tocassem sem permissão.

Um encontro mudo, um reconhecimento involuntário, um chamado silencioso entre duas partes que jamais deveriam se encontrar. Minha garganta secou, o coração acelerou e uma onda quente subiu, desconfortável e inevitável, me atravessando por inteiro.

Não sei quanto tempo aquilo durou, talvez apenas segundos, mas foram segundos densos, marcados, impossíveis de ignorar. Segundos que não acabaram porque alguém desviou; acabaram porque o mundo voltou. Porque o barulho do refeitório retornou como um soco contra os meus ouvidos. Porque Taehyung me cutucou perguntando algo sobre a festa do Jackson. Porque a vida empurrou a cena de volta ao lugar.

Mas até então, até o último microssegundo antes disso, ninguém tinha desviado. Nem ele. Nem eu. E isso... isso foi o que mais me desequilibrou.

O mundo tinha acabado de voltar ao eixo quando algo inesperado aconteceu.

Uma garota se aproximou da mesa dos populares. Eu a reconheci vagamente, uma aluna do último ano, sempre rindo alto, sempre pendurada em alguém.

Ela chamou Jungkook pelo nome com uma intimidade irritante e, antes mesmo de ele reagir, inclinou-se para frente, invadindo descaradamente o espaço dele.

Anonymous Romantic • PJM + JJKWhere stories live. Discover now