Alguém estava ultrapassando limites. E, de forma ainda mais grave... Eu não sabia se queria realmente erguer uma barreira.
Passei o resto da manhã tentando não pensar na carta escondida no bolso interno da minha jaqueta. A cada vez que eu movia o braço, sentia o papel dobrado roçar no tecido e, por consequência, lembrava-me de cada palavra indecente escrita ali.
Decidi, porém, ignorar. Fingir que nada havia acontecido. Fingir que aquela carta nunca existiu.
Eu era bom nisso: ignorar coisas que me tiravam a paz.
Quando o intervalo chegou, fomos para nossa mesa habitual no pátio. O silêncio entre nós três era tão natural quanto o ar que circulava ao redor.
Taehyung mexia no celular com o rosto sério, provavelmente vendo alguma besteira. Jin comia sua maçã olhando fixamente para um ponto aleatório, como se estivesse contemplando o sentido da vida.
E eu... estudava. Fingindo foco absoluto nas anotações de biologia, mesmo que minha mente estivesse dividida entre a aula, a carta e a desgraça da minha existência.
O silêncio persistiu por longos segundos até ser rapidamente interrompido.
— Meus amores! — ouvi a voz animada de Hoseok atrás de nós.
Eu nem precisei olhar para saber que vinha sorrindo feito um sol ambulante.
Ele se jogou no espaço ao meu lado, apoiando os braços na mesa como se estivesse prestes a fazer um anúncio presidencial.
— Cheguei com as fofocas em dia. Preparados? — ele perguntou, brilhando de expectativa.
Suspirei internamente.
Hoseok tinha o espírito mais fofoqueiro que já conheci, e se orgulhava disso.
Jin não reagiu. Tae ergueu o olhar na hora, como se tivesse sido invocado por forças superiores.
Eu continuei lendo. Ou fingi que continuava.
— Vocês não vão acreditar. — Hoseok começou, abaixando o tom como se estivéssemos prestes a ouvir um segredo de Estado. — Pegaram um dos populares transando na biblioteca.
Taehyung afogou um riso, Jin tossiu, e eu permaneci imóvel, virando uma página como se estivesse completamente desinteressado.
— Só isso? — respondi, sem erguer a cabeça. — Biblioteca é até... previsível.
— Não era qualquer canto da biblioteca, Jimin — Hoseok franziu a testa dramático. — Era na área sem câmeras. A proibida. A que o diretor vive falando que ninguém deve entrar.
Tae arregalou os olhos em puro deleite.
— E quem era? — perguntou imediatamente, já se inclinando para frente.
Eu sabia que viria. Taehyung era fofoqueiro por natureza. Hoseok era por vocação. Dupla explosiva.
Hoseok abriu um sorriso que eu só via quando ele estava prestes a derrubar uma bomba.
— Jeon Jungkook.
Foi impossível não erguer o olhar.
Por um instante, apenas um breve instante, senti meu estômago contrair, não por ciúme ódio ou interesse — óbvio que não — mas por... constatação.
Era de se esperar. A reputação dele corria pelos corredores com a mesma naturalidade que seu perfume espalhava pelo ar.
Eu apenas voltei a olhar para o caderno. Ignorar era sempre a melhor opção.
— E vocês não estão entendendo! — Hoseok continuou, empolgado. — Eu tenho detalhes. Tantos detalhes que até eu corei.
Taehyung vibrou na cadeira.
— Fala, pelo amor do céu! — pediu.
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Anonymous Romantic • PJM + JJK
FanfictionPark Jimin sempre foi o aluno exemplar: notas impecáveis, comportamento irrepreensível e o tipo de garoto que prefere ficar na dele, longe das confusões da escola. Já Jeon Jungkook é o completo oposto - o popular que todos conhecem, o rebelde que vi...
💌 02- A.R.?
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