Aquela voz era tão familiar quanto aquele lugar,eu já tinha ouvido ela sussurrando em minha orelha.
-Romeu - virei-me encontrando com seus olhos castanhos.
-Julieta - ele fala meu nome olhando diretamente para meus olhos,me retribuindo o trocar de olhos.
Eu estava sem palavras,não sabia o que lhe dizer,como agir,meu coração estava acelerado pela sua presença.
Não era necessário falar algo,apenas nossos olhos se encontrando um com o outro já bastava.
-Como você sabia que eu iria voltar? - perguntei ainda admirando seus olhos quase fechados por culpa do sol.
-Você iria sentir minha falta.
-Eu não senti - menti.
-Saiba que mentir é um ato que você comete quando não quer admitir o que sente - ele diz.
-Eu sei o que sinto - respondi - estou aqui não estou? Tenho motivos,mas não é por isso que eu devo lhe contar.
Fui grossa,dois segundos depois me arrependi,essas atitudes de não saber administrar minhas palavras era um erro que eu vivia cometendo.
-O que é sentimento para você? - ele me pergunta espontaneamente.
-Depende do sentimento que você está se referindo - falei recuando do "abismo".
-Amor - ele responde - o que você entende de amor?
-Amor é um sentimento sem endereço,ele só aparece logo depois que você se localizou - expliquei.
-Confuso - ele disse - nunca ninguém se expressou assim sobre o amor.
-Muita pouca gente lê os livros de Analu Franchini - disse lhe - ela é minha inspiração para tudo.
-Por que? - ele pergunta.
-Ela me mostrou que o amor é um sentimento inexistente,oculto,silencioso,sem endereço.O endereço aparece antes do amor,e o amor depois do endereço,não existe esse negócio de amor a primeira vista e sim um amor sem endereço que só é encontrado o local depois que você já se localizou,assim causando o famoso sentimento chamado "amor" .
- expliquei.-No caso o endereço é a pessoa pela qual você se apaixona? - ele pergunta tentando entender o que eu expliquei.
-Sim - respondi.
-Então você não acredita no amor? - ele pergunta.
-Ainda não achei o endereço certo,talvez esse endereço faça eu acreditar.
-Talvez você esteja no endereço certo - ele diz sorrindo.
Eu ruborizo e volto a minha cabeça para o chão,não sabendo o que dizer.
Ficamos ali sentados,uma grande parte do tempo ele brincou com a alça do meu vestido até ficarmos mais lado a lado sentados no chão do térreo do prédio abandonado,sua mão começou a se aproximar,por um bom tempo ele acariciou a minha mão e eu a dele.
Resolvi levantar e ir até a ponta do prédio novamente,ele me seguiu.
-Da pra ver minha casa aqui de cima - ele diz apontando.
Demorei para localizar onde seu dedo apontava como se fosse uma bússola,ali de cima conseguia ver perfeitamente a casa de Grace e o quintal de Romeu,o carro de August também estava lá.
-Ai meu Deus - falei colocando a mão na cabeça - August.
-Quem? - Romeu perguntou.
-Outra hora eu te explico - e sai em direção às infinitas escadas.
Desci às pressas as malditas escadas,escapei de vários tombos mas não parei,aquelas escadas não acabavam nunca é minha pressa só aumentava até por fim encontrar a saída.
Atravessei a rua imediatamente,avistei o carro de August no outra esquina pela qual fui parada pelos mendigos noite passada,logo em seguida vejo August dentro do carro e percebo quando ele me avistou pelo retrovisor eu indo em direção ao seu carro.
-Descupa August - abro a porta do corcel II.
-Porraaa Julieta,onde você estava? - ele diz batendo as mãos no volante.
-Estava atrás de você - minto.
-Mentirosa - ele diz.
-Credo August,você não pode me acusar de ser mentirosa,mentira é feio.
-Você não sabe mentir,sinto muito,e pelas suas respiração- ele diz ligando o carro - você desceu de uma escada interminável.
Não dava para mentir para August,era difícil enganá-lo.
-Ta,você venceu,eu não estava à sua procura - Admiti - só sai por aí já que não te encontrei.
-Você está mentindo novamente Julieta Vogellman.
-August - eu começo a rir - Por que é difícil enganar você?
-Ninguém me engana - ele sorri balançando seus cabelos de cachos,isso é uma ideia que sempre irá falhar.
-Percebi - falei entre risos.
-Com quem você estava? - ele pergunta.
-Estava com Romeu - respondi colocando o sinto de segurança.
-Ata Julieta e eu estava com a Madonna - ele debocha.
-Estou falando sério - e começo a rir - se você não acredita tudo bem.
Nunca pensei que falar a verdade fosse tão fácil,August não insistiu em saber,ligou seu rádio,passou umas dez musicas seguidas até encontrar a música que desejava.
JE LEEST
Julieta vogelmann
RomantiekQuando pensam em uma Julieta já lembram de uma história de amor, o que eu não faço a maior ideia do que significa essa palavra. Minha mãe nunca teve tempo para me dizer como funciona o amor. Muito menos minha tia que só queria que eu me casasse com...