Capítulo 10

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Aquela voz era tão familiar quanto aquele lugar,eu já tinha ouvido ela sussurrando em minha orelha.

-Romeu - virei-me encontrando com seus olhos castanhos.

-Julieta - ele fala meu nome olhando diretamente para meus olhos,me retribuindo o trocar de olhos.

Eu estava sem palavras,não sabia o que lhe dizer,como agir,meu coração estava acelerado pela sua presença.

Não era necessário falar algo,apenas nossos olhos se encontrando um com o outro já bastava.

-Como você sabia que eu iria voltar? - perguntei ainda admirando seus olhos quase fechados por culpa do sol.

-Você iria sentir minha falta.

-Eu não senti - menti.

-Saiba que mentir é um ato que você comete quando não quer admitir o que sente - ele diz.

-Eu sei o que sinto - respondi - estou aqui não estou? Tenho motivos,mas não é por isso que eu devo lhe contar.

Fui grossa,dois segundos depois me arrependi,essas atitudes de não saber administrar minhas palavras era um erro que eu vivia cometendo.

-O que é sentimento para você? - ele me pergunta espontaneamente.

-Depende do sentimento que você está se referindo - falei recuando do "abismo".

-Amor - ele responde - o que você entende de amor?

-Amor é um sentimento sem endereço,ele só aparece logo depois que você se localizou - expliquei.

-Confuso - ele disse - nunca ninguém se expressou assim sobre o amor.

-Muita pouca gente lê os livros de Analu Franchini - disse lhe - ela é minha inspiração para tudo.

-Por que? - ele pergunta.

-Ela me mostrou que o amor é um sentimento inexistente,oculto,silencioso,sem endereço.O endereço aparece antes do amor,e o amor depois do endereço,não existe esse negócio de amor a primeira vista e sim um amor sem endereço que só é encontrado o local depois que você já se localizou,assim causando o famoso sentimento chamado "amor" .
- expliquei.

-No caso o endereço é a pessoa pela qual você se apaixona? - ele pergunta tentando entender o que eu expliquei.

-Sim - respondi.

-Então você não acredita no amor? - ele pergunta.

-Ainda não achei o endereço certo,talvez esse endereço faça eu acreditar.

-Talvez você esteja no endereço certo - ele diz sorrindo.

Eu ruborizo e volto a minha cabeça para o chão,não sabendo o que dizer.

Ficamos ali sentados,uma grande parte do tempo ele brincou com a alça do meu vestido até ficarmos mais lado a lado sentados no chão do térreo do prédio abandonado,sua mão começou a se aproximar,por um bom tempo ele acariciou a minha mão e eu a dele.

Resolvi levantar e ir até a ponta do prédio novamente,ele me seguiu.

-Da pra ver minha casa aqui de cima - ele diz apontando.

Demorei para localizar onde seu dedo apontava como se fosse uma bússola,ali de cima conseguia ver perfeitamente a casa de Grace e o quintal de Romeu,o carro de August também estava lá.

-Ai meu Deus - falei colocando a mão na cabeça - August.

-Quem? - Romeu perguntou.

-Outra hora eu te explico - e sai em direção às infinitas escadas.

Desci às pressas as malditas escadas,escapei de vários tombos mas não parei,aquelas escadas não acabavam nunca é minha pressa só aumentava até por fim encontrar a saída.

Atravessei a rua imediatamente,avistei o carro de August no outra esquina pela qual fui parada pelos mendigos noite passada,logo em seguida vejo August dentro do carro e percebo quando ele me avistou pelo retrovisor eu indo em direção ao seu carro.

-Descupa August - abro a porta do corcel II.

-Porraaa Julieta,onde você estava? - ele diz batendo as mãos no volante.

-Estava atrás de você - minto.

-Mentirosa - ele diz.

-Credo August,você não pode me acusar de ser mentirosa,mentira é feio.

-Você não sabe mentir,sinto muito,e pelas suas respiração- ele diz ligando o carro - você desceu de uma escada interminável.

Não dava para mentir para August,era difícil enganá-lo.

-Ta,você venceu,eu não estava à sua procura - Admiti - só sai por aí já que não te encontrei.

-Você está mentindo novamente Julieta Vogellman.

-August - eu começo a rir - Por que é difícil enganar você?

-Ninguém me engana - ele sorri balançando seus cabelos de cachos,isso é uma ideia que sempre irá falhar.

-Percebi - falei entre risos.

-Com quem você estava? - ele pergunta.

-Estava com Romeu - respondi colocando o sinto de segurança.

-Ata Julieta e eu estava com a Madonna - ele debocha.

-Estou falando sério - e começo a rir - se você não acredita tudo bem.

Nunca pensei que falar a verdade fosse tão fácil,August não insistiu em saber,ligou seu rádio,passou umas dez musicas seguidas até encontrar a música que desejava.

Julieta vogelmannWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu