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Bati levemente com a mão na testa. Treino? Então isto sempre era um treino? Que bela bodega, um dia desperdiçado. Mas porque raios eu me enfiei nisto? Muito provavelmente se a 23 não tivesse aqueles olhos e a maneira de como fala não fizesse cada fibra de mim querer-lhe obedecer pondo em causa a minha superioridade , eu não andaria aqui feito um idiota a jogar às escondidas com ela em vez de estar no castelo a treinar COMO DEVE SER para o torneio. Pergunto-me o que é que os meus queridos irmãos andam a fazer...

-Oh minha amiga, vamos lá a sair de cima de mim que tenho mais que fazer. - disse já a sentir as costas doer devido ao contacto com a terra irregular.

-Mas senhor, está mais do que de noite e ainda é longe. Se calhar e melhor dormirmos aqui. - ela fala levantando-se lentamente.

Assinto. Claro, não ia dizer que não ne. Não me quero perder outra vez. Vejo a 23 a andar e cálculo que esteja à procura de um sítio minimamente confortável para dormirmos.

-Isso demora muito? - falo só para a irritar.

Ela olha para trás de mãos na anca e eu solto um risinho.

-Se quer rápido faça o senhor.

Bufo e continuo a segui-la.

-Esta árvore tem uma espécie de covinha para dentro, podíamos ficar aqui.

Que remédio. Vou até lá e pouso as minhas coisas, sento-me na tal covinha e fecho os olhos. O meu corpo pede descanso, estou estafado até às pontas dos cabelos.
Sinto a 23 a sentar-se ao meu lado e abro um olho olhando-a.
Sorriu para a figura de olhos fechados e pernas esticadas e adormeço.

-VAMOS EMBORA A LEVANTAR!!

Oiço alguém gritar aos meus ouvidos. Abro um olho e a 23 está aos saltinhos á minha frente. Boa, para além de rude também é madrugadora.

-Que horas são? - pergunto esfregando a minha cara na tentativa de tirar o sono.

-Não sei, mas pela posição do sol devem ser umas 7 da manhã.

Rolei os olhos. 7 da manhã? Eu devo ter adormecido para aí as 4! Ela só pode estar a gozar comigo!

-Ande lá oh preguiçoso.- ela solta daqueles risinhos que eu não sei se odeio ou se amo.

-Teto na língua 23.

Olha olha-me de esguelha e sorri. Eu queria tanto saber o nome dela só para a poder chamar. Para sentir o som a enrolar na minha língua.
Levanto-me e sigo-a.

-Ouvi dizer que houve outra morte no castelo. - ela diz passado um tempo de silêncio. Franzo as sobrancelhas.

-Como é que sabes isso?

-Há muita coisa que eu sei, senhor.

Suspiro. Sei que não vale a pena teimar com ela, pois ela vence sempre.

-Então, quais são os planos para hoje?

-Você deixar de ser curioso. A curiosidade matou o gato, e pode matá-lo também.

Lá vamos nos com o drama. Mas quem é que está pensa que e?

-Eu tou a falar a sério contigo 23!

Ela levanta os braços em rendição.

-Pronto, pronto! Vamos jogar xadrez.

Arregalo os olhos. Ela não pode estar a falar a sério.

-Oh minha amiga, caso não saibas eu vou para a arena daqui a umas 3 semana, e tu estás a dizer-me que vamos jogar xadrez?

-Sim, é isso mesmo que eu lhe estou a dizer.

Suspiro e continuo a segui-la em silêncio.

(...)

-Estou farto disto!- digo levantando-me rapidamente, derrubando assim a cadeira onde me encontrava.

-Tenha calma! Tem de tentar de novo!

-De novo, 23? Já perdi 7 vezes!

O meu orgulho estava mais do que ferido! Tudo bem que eu não sou um mestre nisto, mas em 7 jogos eu devia ter ganho pelo menos um!

Ando até á pequena cabana onde estávamos instalados. Por fora tem as paredes amarelas e o telhado é feito de uma espécie de palha. Por dentro, paredes brancas simples e vazias iluminam o espaço. Apenas há 2 divisões, uma com 2 camas e outra com uma sanita e um duche. Para cozinhar, temos um bico de fogão a gás na rua. É pequeno e as condições são muito abaixo ao que eu estou habituado. Mas 23 diz que é necessário, e algo no seu olhar me diz que ela não está a brincar, e que eu posso confiar.
Retiro uma pequena espada debaixo da cama, que a empregada me deu assim que chegamos aqui, e volta para fora.

-O que pensa que vai fazer?

-Vou fazer o que bem me apetecer miúda, e que agora neste momento é ter um treino a sério! É que caso não saibas eu tenho a minha vida em risco!- elevo o meu tom se voz mais do que o suposto.

Vejo os seus olhos a caírem e antes de sair em direção á floresta ainda a oiço murmurar:

-Eu só queria que confiasse em mim.

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Desculpem ter demorado tanto, mas precisava mesmo de por as ideias em ordem.
Mas bem, voltei! E dentro de pouco tempo irá haver outro capítulo! Espero que gostem.

king. -h.sOnde as histórias ganham vida. Descobre agora