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Eu acho que o meu cérebro estava mais atarefado do que uma fábrica chinesa neste momento.

- Temos? - levantei a minha sobrancelha olhando para ela. - temos, como eu e tu?

- Sim - ela suspirou - por favor não faça perguntas.

Revirei os olhos. Ela só pode estar a gozar comigo.

- não revire os olhos! Eu estou a falar a sério! Vá! Experimente! Pegue na espada e tente acertar-me!

Revirei novamente os olhos mas desta vez com tanta força que juro que vi o meu interior.

-Eu não luto com meninas. - respondi-lhe.

Desta vez foi ela a revirar os olhos e ficamos em silêncio.
Só conseguia ouvir as nossas respirações e os meu olhos não saiam das minhas mãos que se encontravam nas minhas pernas.
Foi ela quem quebrou o ambiente.

-Por favor não conte a ninguém - mordeu o lábio.

-Não conto a ninguém o que?- disse rindo-me um pouco secamente com o sarcasmo.

-Que eu o vou treinar. Não e suposto ninguém saber.

-Mas quem é que te disse que eu ia realmente treinar contigo?- desta vez gargalhei mas com vontade.

-Você não tem um treinador! E que eu saiba não e proibido! Faltam três semanas para o combate por amor de deus o que é que custa tentar?

-Eu não preciso da ajuda de
ninguém!

-Então é disso que se trata? Orgulho?

Apertei o maxilar. Será que é o orgulho? Ela parece mesmo convencida que consegue, e o meu plano de treino foi completamente por água abaixo com esta decisão. Eu não tenho nada melhor, posso tentar ela.

-Ok. - respondo apenas fazendo ela olhar-me.

-Ok...- ela disse incentivando-me a continuar.

-Ok, eu deixo-te ajudares-me.

Assim que proferi as palavras ela da saltinhos de alegria o que me faz grunhir. O que eu vou aturar.
Esbugalho os olhos quando sinto os seus braços a minha volta.

-Hey hey hey! Lá por eu aceitar não quer dizer que me vais transformar em saco de abraços- reviro os olhos- Deslarga!

-Deslarga é des largar, logo é não largar, logo é agarrar- ela gargalha e é a coisa mais bonita de sempre.

- Mas a partir de agora acabou a diversão. - disse quando se afastou de mim. Resmunguei interiormente quando o fez porque o seu corpo era tão quente e aconchegante com cheiro a lavanda.

- Quê? - Perguntei claramente confuso. Ela estava a levar isto a sério, talvez mais a sério do que eu.

- A. Diversão. Acabou. - disse devagar pronunciando cada palavra lenta e calmamente como se eu fosse um meia leca de palmo e meio. Tal atitude me teria eriçado os cabelos da nuca e partido para a violência, mas a maneira de como a 23 o disse; os seus grandes e memoráveis olhos arregalados e os lábios rosa-pálido a pronunciarem cada sílaba lentamente; não me afetou negativamente , muito pelo contrário. Uma vontade de rir começou a nascer dentro de mim.

- Senhor! - disse rindo o que só piorou a minha situação e acabei por deixar o riso de soltar.

- Estou a falar a sério! Tem de me começar a ouvir se quer sair de la vivo. - disse restritivamente a 23. Mordi o lábio inferior para não irritar mais a pequena à minha frente. - Entendido?

Acenei com a cabeça.

- Muito bem. Como eu estava a dizer antes de ser rudemente interrompida - salientou a última frase o que levou toda a força de dentro de mim para não mergulhar no riso. - O Senhor já não pode continuar a sair à noite. Nada de discotecas, nada de álcool, nada de drogas. E principalmente , nada de mulheres. - os seus olhos iam escurecendo cada vez mais acabando num intenso negro que era impossível distinguir da pupila. E o meu queixo caia à medida que a 23 inumerava os múltiplos "supostos" itens que tinha de "obedecer".

- Desculpa? Quem és tu para me impor regras? - dei um passo para a frente fazendo sobressair uma das minhas mais valiosas vantagens: a minha altura. Contudo, a 23 nem pareceu estremecer.

- Senhor, não temos tempo para as suas infantilidades. Temos de começar, já. Ou quer acabar como Andrew, Edward, Gabriel e Christopher? - os meus olhos arregalaram-se com os nomes e um arrepio de medo aflorou-me a pele.
Mas logo abanei a cabeça afastando esse pensamento. Eu não vou acabar como eles. Eu sou forte.

-Bem me parecia- disse ela- agora vamos embora. - nisto dirigiu-se para a porta.
Fiquei a olhar para ela como um burro olha para uma igreja, o que é que esta miúda quer agora?
Ela deve ter percebido o grande ponto de interrogação que se encontrava na minha cara e tirou as minhas dúvidas.

-Temos que sair daqui! Ou acha que vamos treinar a vista de tudo e todos?

-Mas para onde queres ir? Eu não posso simplesmente deixar o reino!

-E só por uns dias, voltamos sempre que tenha compromissos! - a maneira como a sua boca se mexe quando ela fala faz-me concordar com tudo o que sai de lá, mesmo que seja involuntariamente. Dou por mim a suspirar assim que percebo da asneira que fiz em concordar (e continuar a concordar) com isto tudo. Mas agora é tarde demais.

-Esta bem então, vou fazer as minhas malas. - ajeito o meu cabelo e passo os dedos pelos lábios. Eu não tenho a certeza que tenho na minha posse uma mala que possa por coisas lá dentro. E sinceramente não sei realmente fazer uma mala, sempre fui só eu e o castelo.

-Deixe estar, não vai precisar disso - ela solta um riso sinistro e eu pergunto-me se ela não é uma bruxa má disfarçada, passa a vida a fazer estes risos maléficos de gelar os ossos.
Encolho os ombros quando percebo que não posso lutar contra a vontade que eu tenho de ir com ela e descobrir todos os mistérios.
Saímos os dois pela porta e escondemo-nos rapidamente de um empregado que estava a passar. Assim que ele sai do nosso campo de visão prosseguimos caminho até a porta das traseiras, tendo sempre o devido cuidado para não sermos vistos.

Conseguimos finalmente sair e novamente o vento atinge a minha cara, e eu sorrio. O sol está a por-se o que cria uns tons rosas e laranjas no céu. E sem dúvida uma paisagem bonita.
A 23 da-me um encontrão e ri-se baixinho. Não consigo evitar dar um sorriso de lado e ir contra ela também.

-Então senhor Styles, pronto para isto? - ela olha-me intensamente enquanto continuamos a andar.

Antes de lhe responder reparo que estou a deixar tudo para trás apenas com a roupa que tenho no corpo. Não tenho a minha espada, os meus livros, a minha pintura, o meu telemóvel ou se quer uns boxers lavados. Mas não há problema. Eu confio nela. Eu sei que sim.

-Desde que nasci - decido por fim responder-lhe.


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acho que engordei 200 kg com os ovos da páscoa

king. -h.sOnde as histórias ganham vida. Descobre agora