Larguei os cookies na cozinha e voltei para o escritório continuar meu quadro. O céu já estava claro e o Chloée dormindo largado quando decidi parar. Ainda estava longe de terminar, mas pelo menos tinha metade do caminho andado.

Um banho quentinho depois, eu fui deitar na cama com o Chloée. A Val não estava aí e não teria problema se ele ficasse comigo. E a Larissa deu banho nele ontem, ou seja, limpinho, cheiroso e muito delícia. Vai ficar comigo sim. Se a Val não gostar, ela que venha de Paris reclamar na minha cara.

O resto do meu sábado foi a mesma coisa. Acordei quase horário do almoço, levei o Chlô para dar uma volta e esticar as patinhas pelo condomínio mesmo. Pintei mais um pouco enquanto jogava o macaco do Chlô. Dormi apoiada na mesa encarando o quadro. Pintei outra vez até o Chlô vir para o meu pé e não sair mais.

- O que você quer, rapaz? – Ele latiu e deu uns passinhos para trás. – Cadê o seu macaco? Vai lá pegar.

O Chlô latiu e saiu correndo. Minutos depois ele voltou com a coleira na boca, jogou no meu pé e começou a latir.

- Sério isso? – Revirei os olhos e peguei a coleira do chão. – Tá bom, seu chato. Vamos passear.

Lavei minhas mãos que estavam sujas de tinta e saí com o Chloée para passear. Dessa vez saí do condomínio para ir numa praça que tem ao lado para ele ver ares novos e poder correr na grama livremente. Para uma mini bolinha de pelo, o Chlô tinha muita energia para gastar e eu estava sofrendo com essa vida de mãe solteira. Amo muito esse neném, mas ele precisa de duas mães.

Essa mãe aqui está cansada.

Ficamos um bom tempo brincando: eu sentada no banco jogando bolinha para o Chlô correr atrás e trazer de volta. Estava um sol de rachar a cabeça e de repente nuvens carregadas fecharam o tempo. São Paulo é conhecida pela cidade da garoa e é normal a chuva chegar do nada sem aviso prévio, mas dessa vez não foi uma garoinha. O que caiu foi um diluvio de uma hora para outra.

- Chloée! Vem cá, pestinha!

Corri atrás dele e ele achou que estava brincando e saiu correndo para mais longe. Foram algumas voltas em círculos até conseguir pegar essa pestinha do chão e correr para o condomínio.

O Chloée e eu estávamos encharcados quando chegamos no apartamento. E para variar, minha bolinha de pelo branca agora era uma bolinha de lama.

- Você também, hein... só apronta. Será que é assim que a Val se sente comigo? Que horror!

Esse pilantra tomou banho ontem e agora precisava lavar de novo. Pelo menos ele era pequenininho e não dava muito trabalho... em partes, porque apesar de pequeno, para ele qualquer coisa era brincadeira e aí já viu.

- É melhor você não se sujar outra vez, está entendo rapaz? Você nem poderia tomar outro banho hoje. Se você fosse eu já teria levado palmadas. Bobão! Agora vai brincar e me deixa quieta.

Eu também precisava de um banho. Ainda estava com a roupa encharcada e toda molhada da chuva. Nada como um chuveiro quentinho para relaxar e voltar a dignidade.

Era estranho colocar a minha fraldinha sem a maman, mas como era daquelas de vestir, eu andei fazer isso eu mesma nessa última semana. Não queria arriscar acidentes durante a noite e nem ter o trabalho de lavar roupa de cama também. A fraldinha de vestir não absorvia tanto e não era tão confortável como a outra, mas quebrava o galho e aguentou o tranco até aqui.

O mundo estava caindo em água lá fora e eu fui obrigada a fechar todas as cortinas para não ver nada. No escritório onde estava pintando o quadro era ainda melhor de ficar, a acústica de lá era muito boa e o que ouvia vindo de lá de fora era quase nada. Dava uma falsa segurança de que tudo estava bem.

Stuck With U - ReinassanceWhere stories live. Discover now