- Mon bébé? Eu ainda estou esperando...
- Não me chama assim, - pedi baixinho. – Por favor...
Limpei as lágrimas rebeldes com as costas das mãos ainda sujas de tintas.
- Clara... o que você está sentindo? Fala para mim.
- Eu não quero falar sobre isso agora. Eu não estou bem... não só pelas coisas que a Claudia disse, mas também por tudo que aconteceu na audiência. Tocaram em todas as feridas possíveis e o Luís sabe o que me deixa mal, sabe como me desestabilizar e não me poupou em momento algum. Eu não consigo estar feliz com o que aconteceu e sinto que estou no meu limite.
- Eu sinto muito, ma vie... o que eu posso fazer por você?
- Agora? Nada... eu queria um abraço, mas você está muito longe.
- Você comeu alguma coisa?
- O Bruno me levou para comer coxinha.
- Isso eu sei. Quero saber depois disso. Você não comeu nada ainda?
- Não.
- Clarice, eu estou preocupada com você.
- Desculpa.
A mam-Val suspirou. – Não peça desculpas, apenas coma algo, d'accord? Se não comer irá ficar doente outra vez. Eu não quero que vá parar no hospital... minha cota de hospital esse ano já bateu faz tempo.
- Se eu fosse para o hospital você voltaria?
- Você não inventa, Clarice. Está tomando os seus remédios?
- Sim. Eu comi laranja porque é melhor para comer com o remédio.
- Você vai jantar antes de dormir, okay? Isso não é um pedido, é uma ordem.
- Tá bom, eu vejo se tem alguma coisa na geladeira. Acho que a Teresa fez algo ontem e eu não vim... eu estou com saudades da sua comida. E com saudades de comer com você... e comer você também.
Val riu, dessa vez uma pequena risada genuína que acalentou meu coração dodói. – Você sempre vai de zero a mil em frações de segundos, não é mesmo meu amor?
- É que pensar nessas coisas é uma ótima forma de me distrair das outras.
- Quais os seus planos para esse final de semana?
- Ficar de boa aqui no seu apartamento.
- Não vai convidar os seus amigos?
- Para o seu apartamento?! Nem pensar! Do jeito que sou sortuda, vão quebrar logo o vaso que sua mãe te deu e aí eu fico te devendo uma fortuna e sua mãe passa a me odiar.
- Como se fosse possível a minha mãe te odiar. Se não bastasse ela te adorar, você é filha de uma antiga amiga dela. Você me atropelar que ela vai dizer que foi um acidente, "coitadinha da Clarice".
- Eu nunca vou te atropelar.
- Eu espero.
A ligação com a Val não durou muito. Era bem cedo em Paris, mas ela tinha muita coisa para fazer no dia e como eu tinha um quadro enorme para pintar, não me incomodei... só um pouquinho. Eu queria a atenção dela para mim só mais um pouquinho mais, mas aceitei a minha realidade.
Nem dez minutos depois que encerramos a chamada, o interfone tocou. Sem entender muito, fui atender pensando ser Bruno e suas maluquices, mas era um funcionário do condomínio.
YOU ARE READING
Stuck With U - Reinassance
RomanceSegunda versão de Stuck With U. Em passos lentos e cheios de detalhes, acompanhe Clarice, uma jovem artista e arquiteta por teimosia, em sua jornada para conhecer o seu tão inexplorado lado pequeno, ao lado de sua tão... peculiar mommy maman, Valkyr...
42. Point de Vue
Start from the beginning
