Capítulo 33.
Estavam no horário de almoço e diferente dos outros dias, Soraya não iria almoçar com Simone e sim com César para poderem conversar livremente.
- César, sobre ontem... Pode não comentar com ninguém que viu Simone lá em casa?
O homem a olhou e sorriu.
- Não se preocupa, Soso! Mas eu não sabia que eram tão próximas - pontuou ele ao se lembrar da cena.
Soraya mordeu levemente o lábio inferior, desviando o olhar para o chão.
- A gente... se entende bem - respondeu, tentando parecer casual, mas havia hesitação em sua voz.
César a observou por alguns segundos, em silêncio. Não era bobo. Ele percebia que havia algo ali, algo não dito. Lembrou da forma como Simone estava na casa de Soraya na noite anterior, com o rosto sério, o cabelo um pouco bagunçado e os olhos carregados de alguma coisa que ele não soube identificar de imediato agora sabia. Ou ao menos desconfiava.
- Pode ficar sossegada, eu não tenho motivos para espalhar isso.
- Muito obrigada! - Ela sorrio aliviada.
- Ela é uma mulher muito sortuda! Quem me dera ficar tão próximo de ti a ponto de dormir na sua casa.
- Bobo! - Soraya deu um leve tapa no braço do amigo.
Eles continuaram andando pelo pátio, a conversa agora mais leve. Mas à distância, Simone os observava da janela do segundo andar. Viu os dois rirem juntos, os olhares, a proximidade.
Ela apertou o maxilar, sentindo a pontada incômoda da insegurança. Estava perdendo o controle da situação, e o mais difícil era admitir que talvez nunca o tivesse tido.
Eles se sentaram em um banco sob a sombra de uma árvore. O vento soprava suave, e havia uma paz momentânea no ar, como se o mundo lá fora tivesse silenciado um pouco.
- Sabe, às vezes eu fico pensando... - César começou, olhando para o céu entre as folhas - ...que a gente se esbarra nas pessoas certas na hora errada. Ou talvez a gente é que nunca está pronto quando devia.
Soraya virou o rosto na direção dele, surpresa com o tom mais sério.
- Nunca te vi tão filosófico.
- É que... você me faz pensar - disse ele, agora encarando-a de verdade. - Não tô te dizendo isso pra te colocar contra a parede, Soraya. Só queria que soubesse que você é especial. E se algum dia a vida te der um espaço... eu tô aqui.
Houve um silêncio. Ela sentiu o coração apertar. Sabia que não podia corresponder, mas também não queria machucá-lo.
- César... você é incrível. De verdade. E eu adoro estar contigo. Mas...
Ele levantou uma mão, interrompendo com um sorriso gentil.
- Eu sei. Não precisa dizer. Só queria que você soubesse o que eu sinto. Não pra te conquistar, mas pra não me arrepender de ter ficado calado.
Soraya segurou a mão dele por um breve momento, num gesto de carinho sincero.
- Obrigada por ser tão você.
De longe, Simone viu o toque. Não ouviu palavras, não entendeu o contexto, mas o gesto foi suficiente para que algo dentro dela doesse. Como se o chão sob seus pés estivesse começando a ceder.
- Sisa, o que faz aqui? - Ana Luiza chegará no pior momento possível.
Simone desviou o olhar da janela num movimento brusco, tentando recuperar a postura. Seu rosto, no entanto, ainda estava tenso.
- Nada... só observando os alunos - respondeu, tentando soar casual. - Pausa rápida antes de voltar pra sala.
Ana se aproximou, curiosa, seguindo o olhar da amiga até o pátio.
- Soraya e César? - perguntou, arqueando uma sobrancelha. - Tão sempre juntos ultimamente, né?
Simone engoliu seco. Sentia o coração bater no fundo da garganta.
- Sim. São... amigos. - A última palavra saiu com mais força do que pretendia.
Ana percebeu algo estranho no tom de Simone, mas decidiu não comentar de imediato. Em vez disso, soltou um sorrisinho de canto e encostou no parapeito da janela.
- Olha... não sei o que tá rolando aí, mas te conheço o suficiente pra saber quando tem mais coisa do que você quer admitir.
Simone a olhou de lado, em silêncio. Ana cruzou os braços, pacientemente.
- Você quer conversar?
- Não - respondeu rápido demais.
Ana assentiu devagar.
- Tudo bem. Mas quando quiser... eu tô aqui, tá? Não como coordenadora. Como amiga.
E então se afastou, deixando Simone sozinha de novo, com os olhos voltando ao banco sob a árvore - agora vazio.
Soraya e César já haviam se levantado e andavam para longe, rindo de algo que Simone jamais saberia o que era.
Mas o aperto no peito, esse ela conhecia bem.
- Como pode... Essa garota virou minha vida de cabeça para baixo, meu Deus! - Simone falou consigo mesma.
O pior de tudo, Simone estava amando esse furacão chamado Soraya Thronicke.
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𝑴𝒚 𝒔𝒘𝒆𝒆𝒕 𝒔𝒊𝒏- Simoraya
FanfictionSimone Tebet, uma professora rígida, conservadora e acima de tudo profundamente religiosa. Soraya Thronicke, sua aluna favorita que é apaixonada pela Tebet secretamente. Um amor impossível de se tornar possível.
