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Capítulo 19— O último fio

De mãos dadas, as duas entraram no hotel. Simone foi até a recepcionista e resolveu tudo rapidamente. Em silêncio, subiram para o quarto, e, o tempo todo, Simone manteve a mão de Soraya entre as suas, sem nunca soltá-la. A loira estava visivelmente abalada, e Simone sentia o peso daquele momento em cada passo que davam.

As duas entraram no quarto, e Simone fechou a porta atrás de si. O ambiente era simples, iluminado por uma luz amarelada e aconchegante. Soraya permaneceu em pé, ainda segurando a mão de Simone, como se aquele contato fosse a única coisa que a mantivesse de pé.

Simone soltou um suspiro pesado e, pela primeira vez naquela noite, permitiu-se olhar para Soraya sem as barreiras que sempre erguia entre elas. O rosto da loira estava marcado pelas lágrimas, os olhos brilhando em meio ao cansaço e à dor.

— Você quer tomar um banho? — Simone perguntou, a voz mais suave do que esperava.

Soraya apenas assentiu, sem dizer nada. Caminhou até o banheiro devagar, como se cada passo fosse pesado demais. Simone a observou sumir atrás da porta e soltou outro suspiro, levando as mãos ao rosto.

"O que estou fazendo?"

Ela sabia que, ao decidir ficar, já havia cruzado uma linha. Mas o que a assustava não era o fato de estar ali — e sim o quanto queria estar ali.

Minutos depois, Soraya saiu do banheiro vestindo apenas o roupão branco do hotel. Os cabelos ainda úmidos escorriam por seus ombros, e seu olhar encontrou o de Simone imediatamente.

— Você pode ir agora — disse, a voz mais firme do que antes.

Simone assentiu, caminhando até o banheiro para se recompor. Fechou a porta atrás de si e se encarou no espelho. Seus pensamentos estavam caóticos. "Eu não posso... Eu não devo..."

Mas, então, ela lembrou do olhar de Soraya. Da dor, da vulnerabilidade, da forma como sua presença parecia ser a única coisa que a jovem precisava.

E foi nesse instante que algo dentro dela cedeu.

Quando saiu do banheiro, Simone encontrou Soraya sentada na beira da cama, os olhos fixos no chão. A luz suave do abajur lançava sombras delicadas pelo quarto. Ela ergueu o rosto quando sentiu a presença de Simone, e seus olhos se encontraram novamente.

Um silêncio pesado se instalou. Nenhuma das duas precisava dizer nada. Tudo já estava claro.

Simone caminhou até Soraya, sentando-se ao seu lado. A loira não desviou o olhar. Pelo contrário, parecia analisar cada expressão no rosto da professora, buscando um sinal de que ela recuaria outra vez.

Mas dessa vez ela não recuou, pela segunda vez Soraya viu Simone tomar coragem e então a morena segurou o rosto de sua aluna e a beijou. Um beijo intenso, a língua de Simone explorava a boca de Soraya que imediatamente cedeu ao passo que sua professora decidiu dar por conta própria. Ao se separarem por falta de ar Soraya perguntou;

— Você ainda acha que isso é errado? — Soraya perguntou, a voz baixa, quase um sussurro.

Simone fechou os olhos por um instante. Quando voltou a abri-los, tudo estava diferente. A batalha interna ainda existia, mas, pela primeira vez, não era o medo que vencia.

Ela ergueu a mão e tocou o rosto de Soraya com delicadeza, sentindo a pele quente sob seus dedos novamente. Soraya prendeu a respiração, como se esperasse esse toque há tempo demais.

— Eu não sei mais no que acreditar, Soraya... — Simone admitiu, sua voz carregada de algo novo. Algo que, até então, ela não havia permitido sentir livremente.

𝑴𝒚 𝒔𝒘𝒆𝒆𝒕 𝒔𝒊𝒏- Simoraya Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum